O medo em ter a casa invadida pela força da água fez Élio Rober­to Martins, 56 anos, reviver cenas duma verdadeira enchente. Sexta-feira, com o baita toró que caiu na região, o terreno ao lado da casa dele, na rua Manoel Silva, bairro Itaipava, ficou tomado de água. Segundo o morador, o terreno, que abrigará um galpão, foi mal aterrado, ficando com o nível em relação à rua mais alto, fazendo a água jorrar em direção às baiucas.

Élio tá indignado com o que vi­veu. Pra evitar ter a baia alagada, o homi quebrou o muro de casa, rente ao terreno transbordado, pra água poder escorrer numa boa. Além do preju com a quebra do muro, ele teve a casa invadida pela sujeirada levada pelo líquido precioso. Mas o que tá deixando o morador ainda mais puto é a ino­perância da prefa peixeira.

“Faz uns sete, oito meses que estamos indo lá, mas ninguém dá bola. Aí, na sexta [23], o Tarcísio [Zanelato, secretário de Obras] veio aqui. Falei pra ele ‘Agora que deu a merda tu veio’. Sabe o que ele fez pra ajudar a gente? Ameaçou chamar a polícia. Ain­da por cima disse que ia mandar um caminhão com água pra aju­dar a gente, mas não apareceu ninguém. Tivemos que lavar tudo com a mangueira e eu ainda fiquei com o muro arrebentado”, lasca, endiabrado.

O aposentado Adelino Lunardi, 65, é vizinho do Élio e por pou­co não teve a casa invadida pela água. “O terreno ficou cheio e por um degrau não entrou na cozinha. Mas a rua toda tava embaixo da água. A gente mediu, teve casa com 30 centímetros de água. Só vi isso em 2008 e na enchente deste ano. Agora, por causa desse ter­reno, tá enchendo tudo. Fica um lamaçal, uma nojeira”, reclama.

Quem é o dono?

O abobrão Zanelato confirmou que esteve no local sexta-feira. “Eu fui lá, na maior boa vonta­de. Antes, era um pasto, e o dono aterrou pra fazer o galpão. Ali ti­nha uma bacia de água. Estamos preparando a documentação para exigir algumas coisas do proprie­tário do terreno. Mas ainda não sabemos quem é. Estamos verifi­cando. Não pode mais ficar assim, o dono terá que fazer adequações. Mas, agora, isso daí tá com a defe­sa Civil. A secretaria só vai fiscali­zar”, explica.

Quanto à ameaça de chamar a po­lícia, o abobrão sisplica: “Tinham três caras lá querendo me linchar. Eu avisei que ia chamar a polícia. Eles queriam partir pra briga. Eu entendo o lado deles, que estavam nervosos, mas nada justifica vio­lência, né? Quanto ao caminhão com água, eu fui lá no sábado de manhã pra ver se precisava, mas já estava tudo limpo. O pessoal que mora lá disse que não precisava mais”, conta.

Defesa Civil fará laudo da situação do terreno

Everlei Pereira, coordenador da defesa Civil peixeira, contou que a tchurma dele também bi­zolhou a situação da rua Manoel Silva. Segundo o cara, a prefa vai sicoçar pra resolver o perrengue. “Está sendo feiro um laudo que exigirá a apresentação de alguns documentos para o dono. Ana­lisaremos, primeiramente, o es­tudo de impacto de vizinhança e se está adequada à licença de drenagem pluvial. De imediato, solicitaremos para a secretaria de Urbanismo a interdição da obra até que sejam feitas as alterações que iremos elaborar”, explica. A defesa Civil diz que não sabe quem é o dono do terreno.