Matérias | Especial


Itajaí

DESCONECTADOS: a opção de quem quer viver longe da internet

Histórias de pessoas que optaram por ponderar o acesso ao mundo virtual

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Computador de mesa, tablet, notebook e smartphone. Facebook, twitter, instagram, whatsApp, skype, google talk e o ultrapas­sado orkut. São tantos jeitos de se conectar à rede mundial de computadores, a internet, que o difícil é ficar distante dela. As novas tecnologias integram as pessoas, tornam possível a ligação ins­tântanea entre moradores de continentes diferentes e também permitem acesso a uma enxurrada de in­formações. Pesquisar sobre um assunto ficou mais rápido e prático com o mundo virtual. Os benefícios das novas tecnologias são evidentes. Mas, em tem­pos de redes sociais e de celulares que mais pare­cem computadores, há quem recue das facilidades para buscar um pouco mais de privacidade e não se tornar dependente do acesso à internet.

O equilíbrio no uso e a preferência por uma rela­ção pessoal e não virtual são o que algumas pessoas estão buscando. O médico homeopata e acunpuntu­rista Marco Giostri, 56 anos, que já foi secretário de Saúdede Itajaí, não tem e nunca teve um telefone celular. Ele também procura moderar o acesso à in­ternet.

O médico, que ensina a combater depressão, pro­blemas de funcionamento do intestino, dor de ou­vido, dores no pescoço, nariz entupido, problemas na coluna e cólicas menstruais com a técnica de automassagem ...

 

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O equilíbrio no uso e a preferência por uma rela­ção pessoal e não virtual são o que algumas pessoas estão buscando. O médico homeopata e acunpuntu­rista Marco Giostri, 56 anos, que já foi secretário de Saúdede Itajaí, não tem e nunca teve um telefone celular. Ele também procura moderar o acesso à in­ternet.

O médico, que ensina a combater depressão, pro­blemas de funcionamento do intestino, dor de ou­vido, dores no pescoço, nariz entupido, problemas na coluna e cólicas menstruais com a técnica de automassagem, optou por um uso bastante mode­rado das novas tecnologias. “Eu nunca tive celular e acesso bem pouco os e-mails”, frisa.



Marco garante que a sua opção de se afastar das novas tecnologias não prejudica o seu trabalho ou o contato com as pessoas. “Eu sempre estou em casa ou no trabalho. Então, prefiro um contato di­reto entre as pessoas. Isto é muito mais construtivo em uma relação”, opina. O médico explica que essa opção não atrapalha o contato com os pacientes. “Pelo contrário, eu estou sempre à disposição. Os pacientes sabem onde me encontram, por telefone, no escritório, em casa ou pessoalmente”, explica o doutor, que sempre passa aos pacientes o núme­ro do telefone de sua residência.

O historiador e vendedor de mel de abelhas, Amaro César da Silva Neto, 54, tem aversão ao computador. O ex-professor de História da rede municipal de ensino de Itajaí afirma que não pos­sui nenhum fascínio pela internet. Ele não tem computador, internet em casa ou no celular, TV a cabo e nem mesmo uma conta de e-mail. “Eu só tenho celular e uso para me comunicar com alguns amigos – só para ligar. Tenho uma rejeição natural à internet”, comenta.

O historiador acredita que sua rejeição esteja ligada à sua filosofia de vida, que tem envolvi­mento com as causas ambientais e também com a história. “Sou mais nostálgico. Gosto de preser­var alguns hábitos, como pesquisar em livros, sair para conversar com as pessoas. A minha filosofia de vida é mais em relação às causas ambientais, e eu procuro sempre pesquisar de outras formas”, explica.


Amaro admite que recebe muita informação e fica atualizado através do bate-papo com os ami­gos que estão sempre conectados à internet. Dos amigos, ele também sofre uma pequena pressão para ingressar na rede mundial de compuatdores. “Os amigos sempre ficam perguntando por que não faço um e-mail, porque não ingresso na in­ternet, mas não me atrai. Eu prefiro ir atrás do li­vro, dos jornais, falar com as pessoas, do que ficar atrás do monitor”, pontua.

Para o historiador, não tem o que lhe faça ficar na frente da tela de um computador. Até mesmo as pesquisas que pratica, as faz em suas coleções de livros – enciclopédias, jornais e revistas. “Eu costumo ficar atualizado com outros meios da co­municação e também escutando bastante os pro­gramas de rádio”, comenta.

Amaro acredita que muitas pessoas precisam ter uma certa etiqueta no uso dos smart phones, os celulares que fazem às vezes de computadores. “Muitas vezes, a gente quer falar, quer conver­sar, mas as pessoas estão ligadas no celular, estão apegadas nisso e não conseguem te dar atenção” critica. Esse tipo de atitude aumenta ainda mais a rejeição de Amaro às novas tecnologias.

Jornalista consegue trabalhar sem virar refém da internet


A jornalista Gisele Zambiazzi, 35 anos, mãe de Caio, oito anos, e Yatan, de 10, também fez algumas escolhas para não virar uma refém do mundo virtual. Após morar alguns anos em São Paulo, retornou para Brusque e, num pri­meiro momento, por conta da mudança, ficou sem internet e telefone convencional em casa. “Num primeiro momento achei que ia ser de­sesperador, mas o tempo foi passando e quan­do chegou a hora de instalar, eu pensei: ‘tá tão bom assim’. Então decidi ficar sem”, conta a jornalista, que retornou para Santa Catarina há quatro anos e possui um telefone celular.

Os motivos para não instalar telefone e inter­net em casa passam por economia e não traba­lhar compulsivamente. “Como sou freelancer não tenho horário, mas assim eu me contro­lo”, explica. Os dois filhos, que tem até Ipad, nunca reclamaram de não ter internet em casa para conectar o aparelho. “Eles nunca fizeram nenhum comentário sobre não termos internet em casa. Eles sempre se conectam quando es­tão na casa da vó”, explica.

Gisele também só fica on line quando está na redação de um jornal de Guabiruba, onde tra­balha, na casa do namorado ou da mãe. “Em casa a gente se ocupa com outras coisas”, ex­plica. Assim, explica Gisele, tem mais tempo para fazer outras coisas que não tenham a ver com trabalho.

A jornalista sabe da importância das novas tecnologias, mas entende que o mais impor­tante é se disciplinar para não perder outros aspectos da vida cotidiana. “Como mãe de um garoto autista sou imensamente grata a mui­tas invenções da nova era. A questão é saber usar”, completa


Especialistas acreditam no uso equilibrado

São tantas as informações e as maneiras de se estar e viver conectado, que a luz de alerta já acendeu. Especialistas já estudam o “vício pela internet”. Uma dependência muito difícil de ser identificada e diagnosticada, pois essa nova tec­nologia não é usada apenas para o lazer, mas também para o trabalho. Os meios de comuni­cação apostam na internet como o futuro da pro­fissão. “Há uma preocupação muito grande e já existem vários estudos. Porém, o que a gente está chamando de vício pela internet – antigamente era mais fácil de definir, hoje ficou extremamente complicado por causa de outras variáveis”, fala o doutor em psicologia e professor da Univali, Edu­ardo José Legal.

A antropóloga social Micheline Ramos de Oli­veira explica que essa necessidade de estar co­nectado, seja através do computador ou pelo celular, pode causar um problema social a partir do momento que isso prejudica a vida da pessoa. “Acaba limitando a sociabilidade e a socialização concreta. O contato real e concreto. Ao mesmo tempo em que a tecnologia pode alargar o conhe­cimento, também pode tornar a pessoa reclusa e fazê-la deixar de viver uma vida afetiva concreta. Ponderamos que nesse contato virtual também há a sociabilidade, mas se ele ficar só pela inter­net – isso é muito pouco”, opina.

A professora da Univali também explica que, muitas vezes, há uma exposição excessiva na in­ternet, e isso tira a privacidade das pessoas. Por isso, muitos preferem não ter um celular ou uma conta em rede social, porque querem preservar um pouco a privacidade. “Eu penso que não faz sentido hestar totalmente distante dessa tecnolo­gia, que faz parte do nosso dia a dia, do cotidia­no, porém não pode viver apenas conectado. Tem que haver um equilíbrio no uso”, conclui.


“A preocupação dos pesquisadores está voltada para o uso não racional da internet e dos aparelhos que a ela dão acesso”

Eduardo José Legal

DIARINHO – Professor, há uma preocupação dos especialistas com o uso excessivo da internet?

Eduardo Legal: O uso da internet hoje é fundamen­tal para vários serviços, estudo, interação social e outras atividades. Porém, como todo comportamen­to considerado normal, o excesso de tempo gasto nesta tarefa e a troca das relações sociais por ativi­dades virtuais pode provocar, por sua vez, a perda de trabalho, do progresso nos estudos ou mesmo trazer prejuízos educacionais. Acarreta ainda na per­da dos vínculos sociais não virtuais. Este fenômeno tem chamado a atenção da comunidade científica há bastante tempo. Os estudos sobre o tema iniciaram na década de 90, desde o início da popularização da rede mundial de computadores. Mas eles estão pro­fundamente diferentes dos moldes de hoje. Afinal, em 1998 era relativamente pequeno o número de serviços e de computadores pessoais. Outros apare­lhos, como celulares e tablets, não eram tão popula­res e, normalmente, ficavam sobre mesas de casa ou do trabalho. Poucos eram portáteis e poucos ainda tinham condições de ter um portátil (notebook). Por isso, os estudos têm mudado muito suas estratégias de pesquisa. As estratégias de coleta de dados têm se importado também com os motivos do uso da in­ternet (trabalho, estudos, pesquisas, lazer etc). Desta forma, os resultados obtidos em 2006 (pré-facebook, pré-smartphones, por exemplo) não podem ser com­parados com os que se obtém hoje, em 2013. Dado este cenário, onde se dá o uso da internet, podemos afirmar que a preocupação dos pesquisadores está voltada para o uso não racional da internet e dos aparelhos que a ela dão acesso. Por exemplo, no tra­balho: o uso da internet de modo inadequado está relacionado à diminuição de produtividade, das re­lações saudáveis com os colegas de trabalho, dete­riorando a satisfação com o trabalho e a eficiência.

DIARINHO – Hoje já temos os chamados “viciados por internet”?

Eduardo: Não existe um consenso sobre o que seja vício na internet e nem mesmo critérios para tal pro­posto transtorno. Na última versão do Manual Diag­nóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, que foi lançado em maio deste ano, nenhuma menção foi feita. Segundo o grupo de trabalho, não foi encon­trada sustentação empírica suficiente para justificar tal diagnóstico. Assim, podemos dizer que algumas pessoas em algum tempo de sua vida gastam mais horas na internet do que outras. Seus padrões de uso não se mantêm ao longo do tempo nem mes­mo definem sua vida. As possíveis sequelas seriam aquelas já apontadas, mas mesmo assim não se ve­rifica a manutenção deste comportamento ao longo da vida. Além disso, não há maiores riscos para a vida do indivíduo que justifiquem tratamento ou demanda maior de atenção de profissionais da saúde. Logo, segundo a comis­são de especialistas, não existe uma entidade nosológica chamada “vício por internet”. Há profissionais que discordam, mas isso tem mais a ver com escolhas, investimento de tem­po e relações que trazem prazer para a pessoa do que propriamente um problema sério na vida delas.

DIARINHO – Quais os sinais de alerta que devem ser percebidos para se repensar no uso da inter­net?

Eduardo: Se o tempo que você passa com a internet limita as atividades sociais – relacionamentos, tra­balho, estudo – ou se ela interfere nos seus hábitos alimentares e de sono não sendo algo relacionado a trabalho ou mesmo de um objetivo específico que se quer alcançar, seria importante investigar por que investir tão alto nesta única atividade. O que ela lhe dá, que tipo de sentimentos ela gera? Como está in­serida na sua vida e o que ela significa para você?

DIARINHO – A internet influencia na personalida­de do indivíduo?

Eduardo: Sendo uma atividade que hoje ocupa grande parte da vida das pessoas, sim, ela pode in­fluenciar as formas como as pessoas se comportam socialmente, como se compreendem e dão significa­do para suas vidas. Somos resultados das interações que estabelecemos com as pessoas, com as coisas, com o mundo. Se elas são ou não mediadas por ins­trumentos ou por outras pessoas interfere no proces­so de apropriação das informações e das relações.

DIARINHO – Já existem pessoas que escolhem moderar o acesso às novas tecnologias – celular e internet. Essa escolha deve ser uma tendência?

Eduardo: É uma questão de escolhas. Algumas pes­soas escolhem esta forma de lidar com a tecnolo­gia por conta dos inúmeros estímulos que precisam lidar e do tempo gasto. Desta forma, no seu tem­po, gastar com essas atividades acaba diminuindo o tempo para outras atividades importantes. Outras pessoas se adaptam muito bem a essa multiplicidade de estímulos e não conseguem ver suas vidas sem este suporte tecnológico. Isso não quer dizer que dependam deles, mas conseguem dividir seu tempo de modo não a preferir, mas incluir a virtualidade dentro do seu cotidiano.




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