Mesmo com uma determinação judicial que proíbe a intervenção no terreno às margens da estrada da Rainha, em Balneário Camboriú, a construtora Silva Packer continua trampando no local. Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público conseguiu em abril uma liminar que breca qualquer obra, sob pena de multa diária de R$ 5 mil. No entanto, a empresa alega que a atividade tá relacionada com as obras de contenção do morro, autorizadas pela dona justa: construção de caixas que captam a água da chuva e levam pra rede pluvial pra evitar que o solo fique encharcado.
No final de agosto o DIARINHO já tinha denunciado trampos suspeitos nesse mesmo terreno. Um caminhão depositava barro no local, sendo que só tinha autorização pra retirar um punhado de terra que ...
No final de agosto o DIARINHO já tinha denunciado trampos suspeitos nesse mesmo terreno. Um caminhão depositava barro no local, sendo que só tinha autorização pra retirar um punhado de terra que não seria natural daquela área. Qualquer ação diferente é desrespeito à decisão da juíza Adriana Lisbôa, da Vara da Fazenda Pública, que determinou, em 26 de abril, a paralisação de qualquer obra no terreno. Na tarde de ontem, foi a vez de um caminhão de concreto operar na área. Pelo menos quatro peões construíam uma espécie de pilar nos fundos do terreno.
O dono da Silva Packer, Carlos Humberto Metzner Silva, reconhece que não tem autorização judicial pra realizar o trampo. A gente tem que esperar acontecer uma tragédia pra fazer algo?, questiona. O empresário alega que já existiam duas caixas de captação da água no terreno. No entanto, elas acabaram soterradas com as obras de contenção do morro. Carlos Humberto diz que, como as obras de contenção foram concluídas ontem à tarde, essas caixas já poderiam ser refeitas. Essa é a forma de captar a água que desce do morro e jogar pra rede pluvial. Isso faz parte da obra de contenção. Estragou a caixa, precisa ser refeita, alega.
Autor da ação civil pública, o promotor André Otávio Vieira de Mello reforça que o documento pede a proibição total e perpétua de construção civil no terreno da Silva Packer. O dotô denuncia também a supressão de vegetação de mata atlântica, pede a recuperação da área e a aplicação de multa pelos danos. O promotor diz que vai analisar a denúncia e verificar se há indícios de desrespeito à decisão da juíza.
Tão pê da vida
A galera do movimento Salve a Rainha tá furiosa com as obras que rolam no entorno da estrada que já ganhou repercussão nacional. Primeiro, eles foram derrotados numa ação popular contra as obras de duplicação da estrada da Rainha. A mesma juíza que julga o caso do terrenão da Silva Packer, Adriana Lisbôa, entendeu que os trampos de contenção e duplicação da via não detonaram com área de preservação ambiental na morraria. O advogado do Salve a Rainha vai recorrer da decisão.
Agora, o líder do movimento, Fernando Machiori, diz que tá dicara com a impunidade da construtora Silva Packer enquanto pinta e borda no terreno embargado. É um absurdo o que tá acontecendo ali. Não precisa ser nenhum estudioso pra saber que já aconteceu um tremendo dano ambiental e eles continuam impunes, carca.