Imagine ter dois trampos de 40 horas semanais em cidades que ficam a 202 quilômetros uma da outra. Oficialmente, era o que a bióloga Graziela Santos Venson, 34 anos, fez durante o primeiro semestre de 2011. Ela tinha um cargo comissionado na Fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai) e trampava ao mesmo tempo em dois colégios estaduais em São José dos Pinhais, no Paraná, onde atuava como professora desde 2003.
Desconfiada da história, a promotora Darci Blatt, que atua na promotoria da Moralidade Pública de Itajaí, fez o levantamento e moveu uma Ação Civil Pública. Encaminhada a denúncia para a dona justa ...
Desconfiada da história, a promotora Darci Blatt, que atua na promotoria da Moralidade Pública de Itajaí, fez o levantamento e moveu uma Ação Civil Pública. Encaminhada a denúncia para a dona justa, o juiz Carlos Roberto da Silva, da Vara da Fazenda Pública de Itajaí, chegou à conclusão de que Graziela era, na verdade, uma funcionária fantasma. Por isso condenou a bióloga a devolver toda a grana que recebeu da Famai durante o período de fevereiro a junho de 2011, o que deu mais de 15 mil reales.
Como é que pode?
Graziela tinha o cargo de consultora técnica administrativa na Famai e faturava por mês 3126,50 reales [portaria de nomeação n. 2239/10]. A jornada de trampo dela, de 40 horas semanais, era das 8h às 18h, com intervalo de duas horas para almoço, sem ter sequer uma faltinha registrada nesse período. Só que de fevereiro a junho de 2011, a bióloga estava trampando no colégio Estadual Afonso Pena, na parte da tarde, e dando aula no colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen de manhã os dois colégios em São José dos Pinhais.
Câmara de Vereadores
O mais estranho é que o então superintendente da Famai, Paulo César dos Santos, alegou na época que a bonitona foi autorizada a desenvolver os trabalhos na câmara de Vereadores de Itajaí, que seria parceira em um projeto, porque a Famai não tinha estrutura adequada para realizar o tal projeto.
O RH do legislativo peixeiro afirma que oficialmente Graziela nunca trampou lá, e a assessoria da câmara desconhece qualquer tipo de convênio da casa do povo com a Famai.
A reportagem tentou ouvir o ex-presidente do legislativo, Luiz Carlos Pissetti, hoje secretário de Planejamento e gestão, mas ele estava viajando em compromisso oficial.
A atual superintendente da Famai, Rogéria Santos de Gregório, que assumiu o cargo em fevereiro, alega desconhecer qualquer convênio entre a Famai e o legislativo, mas sabe que Graziela saiu da Fundação no ano passado.
Rogéria afirma que é complicado levantar informações sobre o suposto projeto com a câmara, porque a maioria que trampava na época foi exonerada.
A reportagem não conseguiu localizar Paulo César, ex-abobrão da Famai. O DIARINHO também tentou dar um plá com Graziela pelas redes sociais mas ela não quis saber de conversa.