Banho de canequinha e louça lavada com água mineral. Foi desse jeito que a família do comerciante Arnaldo Gael, 74 anos, se virou por cinco dias sem água em Navegantes. Morador do centro da city dengo-dengo, ele ficou fulo da vida nem tanto pela falta dágua, que é comum, mas porque a prefa não deu explicações ao povão. Os motivos da falta de água só vieram à tona ontem, quando a assessoria de imprensa da Semasa (serviço peixeiro que fornece água para o outro lado do rio Itajaí-açu) informou que o problema foi provocado por uma embarcação, ainda não identificada, que teria jogado uma âncora no mar bem pertinho duma adutora peixeira, na Barra do Rio, provocando um vazamento. O caso será investigado pela delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí.
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A falta de água atrapalhou a vida dos moradores da city no finde. Miriam Santos, 37 anos, que costuma aproveitar os sábados para limpar a casa e lavar a calçada, ficou feliz só com o fato de ter ...
A falta de água atrapalhou a vida dos moradores da city no finde. Miriam Santos, 37 anos, que costuma aproveitar os sábados para limpar a casa e lavar a calçada, ficou feliz só com o fato de ter água na caixa para tomar banho. Sorte que a família do seu Arnaldo não teve. Até para fazer comida ele precisou comprar água mineral. A minha conta de água eu pago em dia, e ninguém me dá resposta de nada, reclama o comerciante.
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Na casa do contínuo Jesiel Correa, 26, o maior problema foi o racionamento para o banho. Os sete moradores da baia, que fica na Meia Praia, têm tempo contadinho para sair do chuveiro. A água das duas caixas não chegou a acabar, mas eles combinaram de economizar a fim de que não faltasse, inclusive acumulando a louça suja dos últimos dias. A gente está pensando até em comprar mais uma caixa, conta.
Segundo o Semasa, um barco rebocador, por um motivo ainda não conhecido, precisou jogar a âncora ao mar na noite de sexta-feira, na Barra do Rio. O ferro atingiu a adutora que abastece Navega e uma parte da estrutura foi rompida, provocando vazamento. Sábado de manhã, o problema foi identificado, e o Semasa, após informar à secretaria de Saneamento de Navegantes (Sesan) e à capitania dos Portos, enviou uma equipe técnica para resolver o problema. Por sorte, o rompimento não rolou debaixo dágua, o que complicaria ainda mais o trampo, finalizado às 18h de sábado.
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Só que o perrengue não parou por aí. Segunda-feira, um novo vazamento obrigou o Semasa a fechar a adutora mais uma vez, deixando os moradores sem água. E aí foi mais complicado: o rompimento rolou numa emenda, que teve de ser soldada. Diferente do que rolou no finde, não foi possível utilizar uma braçadeira para o conserto. Mergulhadores da Marinha trabalharam o dia inteirinho tentando descobrir a origem do problema. Até agora, a suspeita é de que a força da âncora jogada na sexta-feira tenha causado uma movimentação na estrutura da adutora, que pode ter voltado a se mexer na segunda-feira, gerando este outro vazamento. Resumindo: a adutora se movimenta na água e arrebenta em terra. Se isso for confirmado, novos vazamentos podem rolar. Mas, por enquanto, são apenas suposições do Semasa.
No trecho por onde o barco passou é proibido jogar âncora
Os consertos na emenda da adutora seguiram até as 6h da hora de ontem, com o abastecimento de água sendo restabelecido. A abobrona Sandra Demétrio Santiago, da secretaria de Saneamento, afirma que o problema é grave e afeta toda Navega. São acidentes que não podem acontecer, porque esse trajeto é todo demarcado justamente para que as embarcações não façam nem atracagem por ali, afirma. A secretária registrou um boletim de Ocorrência sobre o caso na depê dengo-dengo, mas explica que a Sesan só está fazendo o acompanhamento do caso, já que o perrengue rolou no lado de Itajaí, e os procedimentos estão nas mãos do Semasa.
Capitania vai investigar
A embarcação que causou todo o problema ainda não foi identificada. As motivações que levaram o condutor do rebocador a passar por aquele trecho e lançar a âncora também não são conhecidas. O Semasa registrou um BO na delegacida da Capitania dos Portos, responsável pelas investigações. De acordo com o tenente da marinha Élio Vianei Rodrigues, um inquérito vai ser aberto, se necessário. O caso será investigado para descobrirmos os motivos por terem jogado o ferro (âncora), e se houve algum problema de máquina, por exemplo, informa.
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