As otoridades ainda não sabem ao certo o que fez os ladrões irem e virem à agência do Bradesco. Mas tudo indica que eles estavam antenados na movimentação da polícia. Com a ajuda de um maçarico, eles já haviam detonado o caixa-eletrônico, mas deixaram o local sem levar um puto. Os homidalei também não sabem ao certo o que fez os bandidos retornarem minutos depois. Uma decisão que frustou o ataque: a polícia Militar já estava no banco. Momentos antes, os fardados foram informados por um morador do centro de Penha de que três rapazes foram vistos saindo correndo de lá.
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Assim que viram os policiais xeretando o estrago que fizeram, os caixeiros trataram de acelerar o Golf que usavam para o crime. Começou a perseguição. Provavelmente por não conhecerem a cidade, entraram em direção à praia da Saudade, que não tem saída. Os bandidos acabaram entrando num loteamento que dá acesso à prainha do Bananal e largaram o carango.
O tiroteio começou quando os bandidos foram cercados. Rafael estaria armado com uma pistola automática e mandou balaços pra cima dos homidalei. Acabou levando chumbo dos policiais e tombou morto, enquanto os parceiros de crime desapareceram no meio da mata. O corpo de Bombeiros Voluntários de Penha foi acionado, mas os socorristas não puderam fazer mais nada.
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Além da pistola 380, Rafael tinha um celular. Os números de telefone que constam na agenda do aparelho e possíveis mensagens vão ser usados como pista para os policiais chegarem aos comparsas do caixeiro.
Ainda de acordo com a polícia Militar, para tentar enganar os policiais, a numeração das placas do Golf prata usado pelos bandidos foi adulterada com fita isolante. Com alguns ajustes, as placas originais AKU0975 (Navegantes) viraram AKO8975. Também segundo a PM, no domingo, por volta das 20h, ocupantes do mesmo Golf trocaram tiros com os fardados do vizinho Balneário Piçarras, durante uma perseguição que chegou até a BR 101. Pelo que informou a polícia, o carango pertence a Rafael.
Postinho é atacado pela segunda vez
Não é a primeira vez que o caixa do posto de atendimento do Bradesco, que fica junto à secretária da Fazenda da prefa de Penha foi atacado por caixeiros. Em 12 de maio do ano passado, os bandidos chegaram a fazer um buraco na parede para ter acesso ao caixa eletrônico do banco.
Em julho deste ano, a agência do Banco do Brasil, no vizinho Balneário Piçarras, também foi alvo dos caixeiros. Daquela vez, eles arregaraçam dois caixas também usando um maçarico.
Bandidos monitoravam o banco
O celular que Rafael levava no bolso foi um achado importante para a polícia Militar. Nele, de acordo com os fardados, mensagens de texto indicavam que a ação dos bandidos na agência do Bradesco estava sendo acompanhada por outros comparsas, do lado de fora. A praça está tranquila. Não tem ninguém. A porta está aberta, não foi trancada ainda. Estas são algumas das mensagens trocadas entre os bandidos. Algumas indicavam, ainda, que o banco vinha sendo monitorado antes mesmo da ação dos bandidos.
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A PM também suspeita que outros comparsas estariam vigiando a saída das viaturas do quartel. Uma denúncia, que chegou até a PM durante a noite de segunda-feira, dizia que um homem que estaria perto do quartel, no bairro Armação, teria feito uma ligação indicando que alguém deixasse o local em que estava, porque uma baratinha havia acabado de sair do pátio policial.
Vídeo registrou arrombador no caixa horas antes
O agente Allan Coelho, responsável pela depê da Penha, reforça a teoria de que o grupo andava monitorando o posto bancário. Ontem, numa conversa com um funcionário do Bradesco, foi informado que as câmeras de segurança do banco registraram a presença de Rafael peruando por lá na segunda-feira. Vamos solicitar as imagens de segunda-feira, bem como as do momento do crime, disse.
O que a polícia sabia, até a tarde de ontem, é que Rafael era natural de Itajaí, morava no bairro São Domingos, em Navegantes, e não tinha antecedentes criminais na Santa & Bela. A ficha limpa do arrombador dificulta o trabalho da polícia em identificar possíveis comparsas do ataque ao caixa na noite de segunda-feira, argumenta o responsável pela depê de Penha.
Por isso, para Allan Coelho a análise das imagens das câmeras de segurança do banco poderão ajudar a polícia a chegar ao outros autores do crime. Ao todo, por enquanto, os tiras acreditam que sejam cinco bandidos. Dois entraram no local, um ficou do lado de fora e outros dois teriam dado cobertura à ação em outros pontos de Penha.
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O que também poderá levar a polícia a outros nomes são possíveis digitais no interior do Golf prata, placa AKU-0975 (Navega). O carango, afirma Allan, é de Rafael. Vou pedir ao IGP realizar a análise pericial do carro. Sempre podemos encontrar alguma evidência, acrescentou.
Paralelamente à investigação do ataque dos caixeiros ao Bradesco, a polícia Civil também já instaurou um inquérito para investigar as condições em que ocorreu a morte do ladrão Rafael. O procedimento, explica Allan, é considerado normal, mesmo que os tiros tenham sido disparados por policiais.