Os três casos que rolaram na capital do pirão já viraram inquérito policial e estão sendo investigados pelo delegado Wilson Masson. Das tretas, duas rolaram na sexta-feira da semana passada. Em um dos casos, os criminosos ligaram para um idosa de 79 anos e, se passando por um neto, pediram R$ 1,5 mil para que ele pudesse consertar o carango, já que tinha sofrido um acidente. Depois, ligaram pedindo mais R$ 4 mil. Os dois valores foram depositados pela vítima.
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No segundo golpe de sexta-feira, a pessoa, de 45 anos, depositou mil reais para ajudar um parente fake que inventou estar precisando pagar o conserto do carro. No sábado, o mesmo golpe foi aplicado. Desta vez, a vítima perdeu R$ 1450. Todos procuraram a polícia pra fazer a denúncia.
É exatamente através dessas ocorrências que as otoridades estão na batalha para conseguir chegar aos autores da ação que, pela lei, é considerada estelionato. Um crime que tem pena prevista de dois a oito anos de cana e que é inafiançável. Só que não é tão fácil chegar aos autores, admite o delegado.
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Os golpes aplicados nos moradores da capital do pirão foram feitos de um telefone com DDD 65, que é do Mato Grosso. Por esse motivo, uma cópia das investigações vai ser repassada à diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC), de Floripa, e também à polícia Federal (PF). Mesmo o crime tendo vítimas aqui, foi premeditado na região central do país e, por isso, vamos repassar pra que seja investigado por eles também, explicou o dotô Masson. Quanto à conta repassada, uma da Caixa Econômica em nome de um homem e outra do Banco do Brasil em nome também de um homem vão ser investigadas, disse.
Aposentado conta como caiu na lábia dos salafrários
O soldador J.G., 57 anos, se aposentou há quatro meses e trocou Curitiba pela calmaria da Barra Velha. Há um mês instalou o telefone em casa. No sábado, foi premiado por uma das ligações dos salafrários. Era perto das nove da matina quando o telefone tocou. Do outro lado, a voz de um homem que se passava pelo sobrinho. Ele disse que sofreu um acidente e pediu R$ 1450 pra consertar o carro.
A voz era igual a do parente. Mas, diz o aposentado, chegou a desconfiar no começo. Pra deixar a história mais real, o tal sobrinho colocou um suposto policial pra falar e confirmar sua história. O golpista, carudo, ainda pressionou J., dizendo que tinha ficado ferido no acidente e precisava da grana urgente pra fazer o carro funcionar. Pra piorar, ele falou o nome do pai e do outro irmão dele. Caí no golpe e depositei a grana, lamenta o aposentado.
Depois que J. voltou do banco onde fez o depósito, o falso sobrinho ligou novamente. Queria mais grana. Os parentes do soldador aposentado alertaram pra não dar mais dinheiro. J. pediu o endereço de onde o sobrinho tava e um telefone de contato pra ligar de volta. Me disseram que tavam no trevo de Itajaí. Só que antes, passei na delegacia. Ligaram pro número e o telefone não atendeu mais, conta. E conclui: Sei que caí em um golpe, que não vou mais ver o dinheiro de volta e que mesmo que sejam presos, o que não acredito, no outro dia vão estar soltos de novo, critica.
O número usado no golpe aplicado pra cima do aposentado foi o (65) 8167-2664. O DIARINHO ligou na terça-feira e uma pessoa atendeu dizendo que era da empresa Autolitoral. Depois desligou e não atendeu mais a ligação.
Delegado ensina como não cair no golpe
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O delegado Wilson Masson diz para as pessoas terem cautela quando receberem o telefonema de algum parente ou conhecido se dizendo estar em apuros. Quando alguém ligar falando que é um parente e que sofreu um acidente, desligue o telefone e ligue pra familiares próximos à pessoa a fim de ver se está tudo bem. São maneiras de evitar cair no golpe, ensina o dotô.
Não é por acaso que os criminosos têm informações como nome de parentes das vítimas, comenta o delegado. Muitas vezes, quem passa as informações é a própria vítima ou algum morador da casa. Os bandidos ligam dias antes, se passam por alguma loja ou estabelecimento bancário e conseguem coletar dados pessoais. Quando recebem a informação, estão prontos para aplicar o golpe.