O risco de deslizamentos no morro da Atalaia levou o pessoal da fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai) fechar por tempo indeterminado um dos estacionamentos da avenida deputado Francisco Evaristo Canziani, a beiramar, que leva o povo a Cabeçudas. Sem lugar para deixar os possantes, surfistas estacionam na areia, comerciantes perdem clientela e o povão tem que escolher entre parar no molhe ou ir a outra praia.
Geilson Araújo, 31 anos, é proprietário de uma das lanchonetes da Atalaia. Ele conta que abriu uma pontinha de esperança quando, na semana passada, um pessoal da prefa apareceu para limpar o terrenão ...
Geilson Araújo, 31 anos, é proprietário de uma das lanchonetes da Atalaia. Ele conta que abriu uma pontinha de esperança quando, na semana passada, um pessoal da prefa apareceu para limpar o terrenão que antes servia de estacionamento. Ficou decepcionado, ao saber que o local continuaria fechado e lamenta a falta de espaço para os carros. O verão está chegando, e não tem estacionamento. Nossa praia vai ficar esquecida?!, questiona. O surfista e cantor itajaiense, Victor Praun, pega onda todos os dias ali e está insatisfeito com a situação. Na opinião dele, porém, não basta reabrir o estacionamento. Também é preciso reforçar a segurança. Aconteciam muitos furtos ali, lembra.
O comerciante J.C., 60 anos, diz que o movimento está fraco nos bares e acredita que o fechamento do estacionamento tem a ver com a construção da sede da Famai no Parque do Atalaia. Mexeram no morro para construir a casa verde e desviaram até o curso da água, reclama. Antes, aconteciam enxurradas fortes, mas não acontecia nada. Agora, se chove mais forte vai água até o Saco da Fazenda e desmorona tudo, denuncia. Para o comerciante, com a chegada do verão, a falta de estacionamento vai fazer muita gente deixar de frequentar a Atalaia.
De acordo com a superintendente da Famai, Rogéria de Gregória, o estacionamento foi fechado logo depois do desmoronamento que rolou no morro em janeiro de 2011. Estamos fazendo orçamento e um estudo geológico pra realizar a recuperação daquela encosta até o início do ano, informou. Até lá, o estacionamento permanecerá fechado por segurança.
Um laudo da defesa civil atesta que a encosta não está preparada para receber o vai e vem de carros e pessoas ao pé do morro. De acordo com a superintendente, amanhã vai sair uma licitação para escolher a empresa que vai realizar as obras. Segundo Rogéria, assim que as modificações forem feitas, o terrenão poderá voltar a ser usado como estacionamento.
Fechar pista de avenida pode ser alternativa
O secretário de Urbanismo de Itajaí, Paulo Praun, diz que o povão já procurou a secretaria para reclamar da falta de estacionamento. A prefa entrou em contato com a Famai para verificar a possibilidade de reabrir o estacionamento. Enquanto não resolver a instabilidade do morro, não há muito o que fazer, lamenta o abobrão. O subprefeito do bairro Fazenda, Mário Cesar Melo, também não vê alternativa para os motoras que frequentam a praia. Não tenho poder de mudar a rua, diz.
O chefão da Coordenadoria de Trânsito (Codetran), Wilian Gervasí, afirma que foram realizados estudos para transformar a rua em mão única. O objetivo seria possibilitar o estacionamento dos possantes numa das faixas da via. Mas a ideia ainda está sendo estudada, principalmente por causa do transporte coletivo, já que o busão teria que ir e vir pela Osvaldo Reis.
Enquanto o estacionamento está fechado, não há jeito: ou os frequentadores da Atalaia estacionam na entrada do molhe ou mudam de praia. E o mandachuva da Codetran avisa: deixar o carro na areia só vale quando é carga e descarga ou para o acesso aos restaurantes. Se for carro de passeio, corre o risco de levar multa no lombo.