Trampar sem o solzão corroendo a pele do braço e tirar o cochilo depois do almoço sem que ninguém veja pode virar passado para os motoristas de táxi de Balneário Camboriú. Foi aprovado nesta semana, em primeira votação, o projeto de lei do vereador Nilson Probst (PMDB), que obriga os táxis a circularem na city sem nenhum tipo de película nos vidros. Segundo um major da polícia Militar, a lei pode ser considerada fajuta, já que apenas a união pode legislar sobre as regras no trânsito.
É pra segurança do taxista e dos passageiros no caso de assalto, roubo, coisas assim, justifica o autor do projeto de lei. O texto prevê que os táxis permaneçam com os vidros originais, sem nenhum ...
É pra segurança do taxista e dos passageiros no caso de assalto, roubo, coisas assim, justifica o autor do projeto de lei. O texto prevê que os táxis permaneçam com os vidros originais, sem nenhum tipo de película, nem mesmo as autorizadas pelo conselho Nacional de Trânsito (Contran). O único apetrecho autorizado são as propagandas, que podem ser instaladas nos vidros traseiros. Quem desrespeitar a regra pode perder o alvará de funcionamento e o registro da concessão de serviço de táxi na Maravilha do Atlântico.
Segundo o vereador, o projeto surgiu por causa de um pedido do sindicato dos taxistas. O presidente do sindicato, Esmael Rosa acredita que o vidro claro, sem película, vai ajudar a visualizar quem está no interior e prevenir assaltos aos taxistas. Às vezes ele está passando uma dificuldade e quer fazer um aceno, mas quem tá de fora não vê e não pode ajudar, explica.
Pra ele, a película dificulta a abordagem policial. Esmael fala que, do começo do ano pra cá, pelo menos três taxistas foram assaltados. Ele pede que os policiais abordem mais os táxis pra evitar que os bandidos usem o transporte. Porque, se tiver esse trabalho, o bandido vai pensar duas vezes antes de entrar no táxi e estaríamos dando mais segurança tanto pro motorista quanto pro passageiro, diz.
Taxistas torcem o nariz
O projeto do vereador peemedebista não agradou os motoristas de táxi. Pra Juarez Conceição, 44, a mudança não vai trazer mais segurança, apenas desconforto. É só pra torrar os clientes no sol durante o verão. Nem o ar condicionado vai suportar. Isso aí é uma verdadeira palhaçada, lasca.
Adão Abreu, 69, teme até perder cliente. Pra mim não vai resolver nada. Só vai ficar ruim por causa do calor. Para o passageiro também vai ficar desconfortável, argumenta. Pra aumentar a segurança, o motora sugere que a polícia reviste os passageiros e peça a documentação. Segundo ele, não adianta não ter película, já que o cara pode esconder a arma e sacar o trabuco num lugar mais afastado.
Sadi Cardoso, 53, também é contra o projeto. Se eles querem assaltar, não adianta, tanto faz com película ou sem, diz. No carro onde André Luis Rinaldi, 31, trabalha, o vidro é transparente, mas ele gostaria de colocar a película porque protege contra o calor e dá mais conforto. Na rodoviária tem luz muito forte e fica ruim pra dormir durante a madrugada, explica.
O major da polícia Militar da Maravilha do Atlântico, Marcelo Egídio Costa, diz que a lei pode ser considerada inconstitucional. Isso porque apenas a União pode legislar sobre o trânsito. A lei só teria validade se estiver se referindo às regras de concessão do transporte público, que o município pode regular, explica.
O milico diz não ver efeito prático pra aumentar a segurança. Não tenho dados técnicos pra afirmar se a película traz insegurança ou não, diz. Segundo ele, nas viaturas os meganhas não usam película, mas é pra que o povão possa visualizar os milicos.