Os motoristas de praça guentados foram Cláudio Júnior Fernandes, o Japa, 39 anos, Ederson Sauder, 32, Júlio César Ribeiro, 40, Leonardo Augusto da Costa Almeida, 22, Alexander Casagrande, 28, e Marcos Diego Andrade Tonial, 27. A polícia também identificou quatro homens que seriam os fornecedores das drogas: Adriano Luiz, também conhecido como Paulo Cabelo, 33, Cleiton Gonçalves, 32, Fábio Júnior Velho, o Gordo, 26 anos, e Felipe Garcia Rosário, 24.
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Os taxistas - inclusive os de Camboriú - trabalhavam no esquema conhecido como disque-drogas, que tinha clientela principalmente de Balneário Camboriú, mas que chegou a atender também viciados de Itajaí. Usuários ligavam fazendo a encomenda, e os motoristas levavam a quantidade solicitada até a baia do drogado ou em um local próximo. Além do valor cobrado pela droga, que no caso da cocaína chegava a R$ 50 por um papelote pesando menos que um grama, os taxistas ainda cobravam a taxa de entrega, que era o valor da corrida. O delegado Osnei Valdir de Oliveira, chefão da DIC, acredita que em um dia os traficas chegavam a vender 50 petecas, movimentando mais de R$ 2,5 mil.
Dos seis taxistas presos, dois foram flagrados com drogas: Alexander e Japa. O único guentado fora da região foi Marcos Diego, que havia se mudado há pouco tempo pra Canoinhas, no norte do estado. Além dos táxis apreendidos, a polícia recolheu drogas, celulares, dinheiro, uma balança digital pra pesagem das porcarias e até um caderninho com supostas anotações relacionadas às drogas.
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Os 10 homens tiveram o mandado de prisão temporária expedido há cerca de 15 dias e devem ficar na cadeia por um mês. É este também o prazo que o dotô Osnei tem para finalizar o inquérito e pedir a prisão preventiva deles. Há, ainda, outros dois mandados de prisão temporária que não foram cumpridos. Mas a polícia não revelou o nome dos procurados. Os usuários flagrados durante as operações tiveram que assinar um documento chamado termo circunstanciado e vão responder pela bronca em liberdade.
Todos os presos na operação Bandeira Dois vão responder por tráfico de drogas e associação ao tráfico. De acordo com o delegado Osnei, a pena para tráfico pode variar entre cinco e 15 anos, e a pena para associação varia de três a 10 anos.
Tem até dois assassinos metidos no meio da gangue
Foram sete meses de investigações juntando provas como imagens e áudios que mostram a participação dos taxistas no tele-entregas de drogas, informou o delegado Osnei Valdir, chefão da DIC. Tanto trabalho, argumenta o dotô, foi pra acabar com um possível álibi dos traficantes: alegar que a droga pertencia a clientes e não a eles. Como várias pessoas pegavam os táxis para corridas normais ao longo do dia, sem todas as evidências ficaria difícil provar que o pó e outras porcarias recolhidas nos veículos fossem mesmo dos motoras.
As investigações tiveram início assim que a DIC encerrou outro caso, em abril deste ano. Foi ali que apareceu, pela primeira vez, o nome de Japa. Ele foi um dos taxistas presos durante a madrugada de ontem. Através dele, os tiras foram puxando o fio da meada e descobrindo todos os demais motoristas de praça que faziam parte do esquema que, de acordo com o dotô Osnei, já vinha rolando há uma cara. Mais de anos, disse, sem precisar exatamente há quanto tempo.
Dois dos homens apontados pela polícia como fornecedores das drogas são também acusados de assassinato. Um deles é Paulo Cabelo, que já tá preso no complexo penitenciário da Canhanduba desde outubro. Ele é apontado como o assaltante que matou o dono de um Celtinha no município de Canelinha, em 2008, pra roubar o carango. Ele estava foragido do presídio de Tijucas desde 2009 e foi guentado entre Itajaí e Balneário Camboriú em meados do mês passado. Paulo Cabelo seria o principal fornecedor de drogas sintéticas e de cocaína para o delivery dos taxistas.
O outro é Cleiton, que também estava preso, mas sob acusação de tráfico. Ele também é suspeito de ter cometido um homicídio.
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Taxistas estão arriscados a perder licença do ponto
Carros de praça foram apreendidos pela polícia
De acordo com o delegado Osnei Valdir de Oliveira, apenas três dos seis taxistas eram proprietários dos pontos. Os outros eram motoristas contratados e, até onde a investigação mostrou, seus patrões desconheciam o trabalho sujo feito por eles.
Questionado sobre possíveis punições que os envolvidos possam receber, Esmael Rosa, presidente do sindicato dos Taxistas de Balneário Camboriú, disse que o motorista de praça preso em Balneário Camboriú era empregado. Por isso, ao dono do ponto, que desconhecia a sacanagem, nada deve acontecer. Mas fez questão de dizer: O sindicato não é conivente com esse tipo de serviço.
Aldo Sartori, presidente do sindicato dos Taxistas de Camboriú, disse que vai esperar a conclusão do inquérito para que as acusações sejam formalizadas à justiça. Uma vez comprovado tudo isso aí, o sindicato aciona a prefeitura pedindo a cassação dos pontos, disse.
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