Pelo acordo, o piso mais baixo será de R$ 835 e o mais alto de R$ 957 (veja na tabela o valor dos pisos por categorias e de quanto foi o percentual de aumento em cada uma delas). A assinatura rolou no prédio da Fiesc, que fica em Floripa. A previsão é que os novos pisos passem a ser praticados já a partir de janeiro do ano que vem. Isso porque os deputados terão tempo hábil pra aprovar a lei dos novos valores ainda neste ano.
A média pro reajuste dos pisos ficou em 9,27%. O que vai dar um ganho real médio nos salários de 3,37%, pelas contas do sabichões do Dieese. No acordo, trabalhadores e empresários levaram em conta a estimativa de que o Brasil fechará o ano com uma inflação de 5,29%. Isso para o índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como base pra reajustar o faz-me-rir da peãozada, incluindo o salário mínimo nacional. Percentualmente, o resultado é muito parecido com o acordo que definiu os valores dos pisos do salário mínimo regional que tá atualmente valendo. É idêntico ao do ano passado, mas diante de uma inflação menor, ao que tudo indica, pondera Ivo Castanheira, diretor sindical do Dieese.
A intenção é encaminhar o acordo na semana que vem ao governador Raimundo Colombo (PSD). Apesar de a Santa & Bela ser o único dos estados que tem o piso regional a fechar os valores através de uma negociação entre patrões e empregados, só o governador é que tem poder de encaminhar pra assembleia Legislativa um projeto de lei pra aprovação dos novos pisos. Sindicalistas e empresários estão com fé que, até dezembro, a leleia vote o projeto.
Nos outros anos foi uma vergonheira
Até parece que neste ano os representantes das entidades patronais e de trabalhadores viraram gente grande e acertaram os percentuais de reajuste dos pisos do salário mínimo regional de Santa Catarina. É muito diferente dos demais anos, houve amadurecimento na negociação, admite Ivo Castanheira, um dos chefões do Dieese. Mantemos, mais uma vez, o melhor caminho para chegar aos valores para o piso regional, que é a negociação entre as partes que têm legitimidade para isso, desconversou Glauco José Corte, presidente da Fiesc.
Em todos os outros anos, os sindicalistas e empresários deixaram passar a virada do ano, entraram pelo carnaval e só depois da Páscoa é que tomaram vergonha na cara e chegaram a um acordo. Com isso, perderam os trabalhadores, que receberam o reajuste só quase na metade do semestre e também os donos de firmas, que tiveram que pagar tudo retroativo, numa carcada só.
Criar o piso regional foi um calvário
O projeto para a criação do salário mínimo regional foi apresentado em maio de 2007 pelo deputado polacão Pedro Uczai [PT]. Como somente o governador pode ser autor desse tipo de projeto, em março de 2008 Uczai retirou a proposta e começou uma campanha com as centrais sindicais de trabalhadores da Santa & Bela.
Em julho de 2009, o então governador Luiz Henrique [PMDB] acatou a proposta e encaminhou o projeto à leleia. Também em julho, um documento com 50 mil assinaturas de catarinenses, favoráveis ao mínimo regional, foi entregue aos deputados.
Pra correr atrás do prejuízo e tentar impedir que fosse aprovado o projeto que cria o salário mínimo regional no estado, engravatados da federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) chegaram a se reunir em agosto de 2009 com os deputados estaduais. Meteram mó prensa nos políticos.
A choradeira dos empresários não convenceu e, em setembro daquele ano, a leleia aprovou o projeto de criação do salário mínio regional de Santa Catarina. Em janeiro de 2010, as quatros faixas do novo salário mínimo regional começaram a valer.