Itajaí

Iate Casablanca está à venda

Barco parado desde 2009 foi feito para agitar o turismo e a vida noturna da Capital Manezinha

Texto e fotos: Mariângela Franco

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Lola e Marinheiro são dois cães vira-latas que vivem num trapiche, em Floripa. Suas casinhas têm por cenário, ao longe, a parte continental da capital e a ponte Hercílio Luz, e, no lado oposto, os fundos do hotel Veleiro Mar, na Prainha. A missão deles é proteger três barcos da ação de vândalos e ladrões. Entretanto, o casal não consegue evitar os inimigos de embarcações sem uso há muitos anos: ferrugem e degradação dos materiais.

A escuna Annas levava até 40 pessoas em passeios ao redor da ilha de Santa Catarina; em formato de navio-pirata, o Syroco carregava até 150 passageiros. Hoje, alinhados ao atracadouro, recebem apenas manutenção básica, que não impede a ação implacável do tempo. No final do trapiche, em água mais funda, balança com tristeza a embarcação que já teve dias e noites melhores: o iate Casablanca.

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Com 50 metros de comprimento, o iate foi sonhado e construído por Ony Joaquim de Carvalho, atualmente com 82 anos. Ele conta que sempre quis fazer um barco como o Casablanca e dar-lhe o destino de salão de festas. Para transformar a ideia em realidade, durante três anos alugou parte do estaleiro Maccarini, em Navegantes. “Contratei engenheiro naval, soldador, todo o pessoal que precisava”, conta, e com a equipe pôs mãos à obra, literalmente.

O projeto comprovou-se viável, rentável e um sucesso. De 2006 a 2009, o Casablanca navegou levando turistas em passeios memoráveis durante o dia e festeiros em noitadas embaladas pelas ondas do mar, até hoje não igualadas. Bailes, festas de casamento, clube de mulheres, tardes dançantes para idosos, tantas e variadas ocasiões lotavam a agenda do iate. Seu Ony relembra os tempos de glória e a maior lotação. “Foi na noite do Gala Gay, em um fim de ano; apareceram 590 pessoas (lotação máxima) e ainda ficaram 100 querendo entrar”.

Vizinhança ganhou a guerra

O agito acontecia longe da terra, entre as baías Norte e Sul, mas o embarque e desembarque produziam muita algazarra que perturbava os vizinhos do hotel Veleiro Mar, por onde passa o acesso ao barco. De madrugada, alterados pela bebida, alguns passageiros ultrapassavam os limites da convivência e incomodavam os moradores. A bronca acabou na dona justa, que deu razão à queixa conduzida pelo ministério Público e proibiu o uso daquele local para passagem ao iate.

Cláudio Nunes da Silva, funcionário de seu Ony, conta que 50 pessoas ficaram sem emprego, fora as outras que prestavam bicos. Cansado de contar a própria história, o empresário delegou ao assistente a tarefa de repassar as informações e até mesmo posar para uma foto. Cláudio concordou em falar pelo patrão sobre o sucesso do Casablanca, até hoje lembrado pelos inconformados fãs da balada sobre as ondas. Com três andares, o iate oferecia lanchonete, restaurante, pistas de dança e piscina, além de área exclusiva para a tripulação. E o melhor: mostrava a Ilha da Magia em toda a sua beleza panorâmica.

Cláudio disse que os três barcos estão à venda. Apesar do aspecto meio decadente, todos eles estão funcionando numa boa, garantiu. Uma reforma agora seria desaconselhada, argumentou, porque o futuro dono certamente terá seus próprios projetos de remodelação e uso. O Casablanca está sendo oferecido por seis milhões, valor negociável, apressou-se a afirmar o rapaz. Seu Ony ainda vai continuar a pagar as prestações do empréstimo que contraiu para construir a embarcação, até o ano de 2017.

Não há nada que impeça o iate de voltar a navegar, senão a questão judicial do uso do trapiche na Prainha. “Nós não podemos mais navegar, porque não tem outro lugar em Florianópolis com estrutura para este tipo de barco”, falou o porta-voz Cláudio, que prosseguiu com indignação: “Não existe em Florianópolis uma política para o turismo,” reclama.

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A solução do problema foi encontrada pelo empresário, que pretendia bancar a construção de um ancoradouro na Beira-mar Norte para uso público. O projeto teve apoio do velejador Amyr Klink, porém acabou em alguma gaveta governamental, sem resposta.

O sonho do menino que remava na praia de Fora, atual Beira-mar Norte, transformou-se em pesadelo com o embargo do iate famoso. Ainda muito forte para seus quase 83 anos, seu Ony administra seu hotel e outros negócios, mas do Casablanca só quer se despedir. Nunca mais pisou no seu interior.




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