Em 2025, vivemos num mundo onde o tempo parece correr mais rápido do que nunca. A tecnologia avança em ritmo vertiginoso — assistentes com inteligência artificial conversam conosco com naturalidade, ambientes de trabalho híbridos se tornaram permanentes e os limites entre o pessoal e o profissional se esvaem. No meio desse cenário de inovações e conveniências, uma nova forma de sofrimento psíquico vem se instalando de forma silenciosa: a ansiedade digital crônica.
Essa ansiedade não nasce apenas da quantidade de informações que recebemos diariamente, mas da sensação constante de que estamos sempre atrasados, desatualizados ou “não rendendo o suficiente”. É uma exaustão silenciosa, alimentada por notificações que nunca param, reuniões virtuais que se acumulam e pela expectativa de estarmos sempre disponíveis.
O termo “presente ausente” tem sido usado para descrever pessoas que, embora fisicamente presentes, estão mentalmente capturadas por telas e algoritmos. Essa desconexão emocional tem aumentado ...
Essa ansiedade não nasce apenas da quantidade de informações que recebemos diariamente, mas da sensação constante de que estamos sempre atrasados, desatualizados ou “não rendendo o suficiente”. É uma exaustão silenciosa, alimentada por notificações que nunca param, reuniões virtuais que se acumulam e pela expectativa de estarmos sempre disponíveis.
O termo “presente ausente” tem sido usado para descrever pessoas que, embora fisicamente presentes, estão mentalmente capturadas por telas e algoritmos. Essa desconexão emocional tem aumentado os índices de solidão, mesmo em ambientes socialmente ativos. O paradoxo é claro: estamos mais conectados do que nunca, mas menos presentes em nossas relações e em nós mesmos.
A saúde mental, nesse novo cenário, requer estratégias atualizadas. Não basta apenas “desconectar-se” por um fim de semana. Precisamos cultivar intencionalmente o silêncio, a pausa e o ócio criativo. A psicoterapia, antes vista como solução para crises, agora se configura também como prevenção — um espaço para refletir sobre limites, propósito e sentido em meio ao turbilhão digital.
É urgente que tratemos nossa atenção como um recurso finito e valioso. Estar consciente de como e com quem a gastamos é um ato de autocuidado. O futuro da saúde mental não será apenas sobre curar, mas sobre aprender a viver em equilíbrio com a tecnologia, sem que ela defina quem somos ou como nos sentimos.
Vale lembrar que, ao mesmo tempo em que a tecnologia pode sobrecarregar, ela também pode ser aliada. Aplicativos de meditação, terapia online, ferramentas de organização emocional e comunidades de apoio digital têm se mostrado eficazes quando utilizadas com intenção. O desafio está em usá-las como ferramentas e não como substitutos da presença humana e do contato interno.
Outro ponto de atenção está nas novas gerações. Crianças e adolescentes de 2025 já crescem num mundo onde o virtual é quase indissociável do real. A forma como os adultos lidam com seus próprios hábitos digitais será exemplo direto — ou ausência dele — para esses jovens. A saúde mental começa no ambiente familiar, e estabelecer limites saudáveis com os dispositivos é, hoje, um ato de cuidado intergeracional.
Mais do que nunca, precisamos resgatar o valor do “aqui e agora”, redescobrindo pequenos rituais que nos reconectam: uma conversa sem distrações, uma caminhada sem fones de ouvido, um momento de contemplação sem a necessidade de registro. A vida, afinal, continua acontecendo fora das telas — e é lá que nossa saúde mental encontra espaço para respirar.