Pra nutricionista do restaurante Fazenda Grill, Deise Carine Simon, 24 anos, a zona azul foi uma mão na roda, já que os clientes agora têm onde estacionar. Agora dá pra colocar o carro na frente. Antes, só tinha vaga no sábado, conta. Segundo ela, a maioria dos clientes trabalha perto e não vai ao local de carro. Mesmo assim, os garçons sempre avisam da cobrança, pros clientes não ganharem multa e pegar bronca do pico.
Em torno da praça Genésio Miranda Lins e na rua Antônio Manoel Moreira, tem mais vaga disponível do que bala no saco do Papai Noel. Por outro lado, as vagas nas ruas Telêmaco Pereira Liberato e Expedicionário Marquetti, onde estacionar ainda é digrátis, são disputadas à tapa.
Alessandra Ramos, 42, professora do centro de Educação Infantil Rosete Palmeira Silva, está indignada com a implantação do sistema de estacionamento rotativo no bairro Fazenda. Ela conta que simplesmente não consegue encontrar vaga perto do trampo, na Expedicionário Marquetti, onde o estacionamento é liberado.
Está inviável, os pais reclamam muito e nem os motoristas das vans que trazem os alunos conseguem estacionar perto, carca. Pra ela, nada justifica a implantação da zona azul num bairro residencial. Alessandra conta que todas as professoras que moram longe e vêm de carro estão indignadas. Simplesmente não tem transporte alternativo. Outro dia, o carro de uma professora estragou, ela veio de ônibus e chegou quase 40 minutos atrasada, reclama.
Segundo Alessandra, nem ela nem as colegas têm grana sobrando pra pagar estacionamento rotativo. Se ela fosse desembolsar, teria que dar mais de 200 reales por mês pra Estapar, empresa que detém a concessão do serviço. E pra fazer o rodízio a cada duas horas, faço o quê? Deixo as crianças sozinhas?, dispara.
A professora Angelita da Silva, 46, é mãe de um aluno da creche e diz que logo vai tomar uma bela de uma multa. Preciso estacionar na faixa de pedestres ou na frente de garagens dos vizinhos. Ali não tem vaga, reclama. Mesmo não trabalhando nas redondezas, Angelita considera absurda a cobrança do estacionamento no bairro. Tem que ser revisto, ou ao menos colocar zona branca em locais específicos e sinalizar na frente da creche pra ter vaga pros pais, diz.
Pro dono de uma floricultura na mesma rua, Moisés Lopes da Silva, 36, a implantação do estacionamento só deu dor de cabeça. Muitos clientes reclamam. Simplesmente não tem vaga na rua, esperneia. Pra ele, o perrengue só vai ser resolvido se tirarem a zona azul de uma vez ou implantarem nas ruas onde não há ainda. Mas deveria ser fracionado, porque às vezes a gente paga um real pra usar cinco minutos, reclama.
Os reflexos da zona azul também são visíveis no estacionamento do supermercado Zoni. Muitas vezes, enquanto o mercado está às moscas, o pátio está lotado de carangos. O gerente do mercado, Alceo Córdova, 40, confirma o perrengue e diz que já teve cliente que chiou por causa da falta de vagas. O gerente conta que, por enquanto, não está prevista nenhuma medida pra inibir os chupins de vagas.
A princípio vamos deixando, pra ver como vai ficar, diz. Mas se o estacionamento pago for ampliado, Alceo diz que vai levar o perrengue pra direção do supermercado. Não tem sentido a prefeitura ter colocado zona azul aqui. Essa é uma área de trabalhadores e não de pessoas que estão em trânsito rápido, opina.
Abobrona diz que ninguém reclamou
A secretária de Segurança peixeira, Susi Bellini, diz que só vai ter o relatório sobre o estacionamento rotativo na Fazenda no começo de janeiro, quando a implantação completar um mês. Ela adianta que é normal as ruas ficarem vazias no começo, enquanto o povo ainda tá se acostumando a ter que coçar o bolso pra estacionar perto do trampo. Segundo ela, até agora a prefa não recebeu nenhuma reclamação formal contra o sistema na Fazenda.
Susi diz que a zona azul foi implementada a partir de uma renca de pedidos feitos pelos proprietários de restaurantes, donos de clínicas da rua Lauro Müller e da câmara de Dirigentes Lojistas, que pediu a implantação do sistema também perto da prefeitura, na Vila Operária.
A abobrona diz que em agosto o Ministério Público fez um pedido formal pra implantação do estacionamento na Beira-rio, pra acabar com os flanelinhas e aumentar a segurança. Só foi criado com base em tantos pedidos que foram feitos, mas não conseguimos agradar a todos, diz. De acordo com a abobrona, não há nenhum projeto pra ampliar a zona azul.
Sobre a reclamação da mãe que não tem onde parar o carro pra deixar o pimpolho na creche, Susi prometeu resolver a situação. Hoje [ontem] mesmo vou falar com o pessoal pra ver o que pode ser feito, uma sinalização que garanta esse acesso.