Os fãs de Marina Silva organizaram um seminário que contou com um plá dos professores da UFSC João de Deus Medeiros e Rogério Portanova e ainda do ambientalista Wigold Schaffer. Depois de um debate sobre as eleições presidenciais, a rede catarinense decidiu formar uma chapa própria para o governo estadual ou aderir à outra chapa que sustente Eduardo Campos (governador de Pernambuco) e Marina Silva no estado. A informação veio através de nota divulgada pelos porta-vozes da Rede-SC, Lucas Cardoso da Silva e Miriam Prochnow na tarde de ontem.
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Se não houver mudança no cenário político, a informação descarta qualquer aliança com o PSD do governador Raimundo Colombo, que deve apoiar a reeleição da presidenta Dilma, e também qualquer aproximação com PSDB (de Aécio Neves) na Santa & Bela.
Segundo porta-vozes da rede barriga verde, cerca de 70% dos redistas do estado não concordaram com a decisão da executiva nacional de abandonar o foco na formalização do partido pra pensar nas eleições e no pedincho de votos para os socialistas, deixando só pra 2015 o sonho de criar de fato a nova sigla.
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O que mais chama atenção no fórum de discussão dos redistas é o vocabulário [agenda programática pra cá, construção coletiva pra lá...] sempre com a afirmação de que o objetivo é buscar uma nova forma de fazer política, discurso que em Santa Catarina ficou muito fragilizado em função da união com a família Bornhausen, legítima representante do coronelismo político no estado e que neste ano virou socialista.
O porta-voz da rede Sustentabilidade em Itajaí, o técnico agrícola Heli Schlickmann, 49, participou do encontro estadual e confirma que a maioria dos redistas é contra a aliança com o PSB. Na city peixeira, a situação é ainda mais complicada, uma vez que o PSB faz parte da base do prefeito Jandir Bellini (PP) e a tchurma sustentável é da oposição.
Schlickmann considera que Santa Catarina foi o estado que teve o maior desconforto em relação ao ajuntamento de Marina Silva com o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Não podemos jogar tudo por terra só porque foi feita uma aliança em cima da hora pra viabilizar uma candidatura, carca o porta-voz peixeiro que aposta na candidatura própria do PSB/Rede pra minimizar o desconforto.
A família socialista e sua trajetória
A ida para o PSB é uma decisão no mínimo curiosa para a família Bornhausen. O banqueiro, comerciante, industrial, ex-senador (1959-1967) e ex-governador (1951-1956) Irineu Bornhausen era da antiga União Democrática Nacional (UDN), que na ditadura militar, em 64, teve a maioria de membros migrando para a Aliança Renovadora Nacional (Arena), baluarte dos anos de chumbo.
A herança política da UDN foi depois representada pelo partido da Frente Liberal (PFL) e depois pelos Democratas (DEM), caminho tradicionalmente seguido por filhos (o ex-senador Jorge) e netos (Paulinho, deputado federal licenciado e secretário do governador Colombo) dos antigos udenistas. Mesmo caso que rolou com a família do coronel baiano Antônio Carlos Magalhães, o ACM, também conhecido como Toninho Malvadeza.
Saindo do DEM, Jorge e Paulinho ingressaram no PSD, partido que ajudaram a fundar e que, em agosto deste ano, acabaram caindo fora com a aproximação entre o governador Raimundo Colombo e o partido dos Trabalhadores (PT) arquirrival da família que, depois de séculos defendendo o liberalismo, resolveu se filiar ao partido Socialista Brasileiro.
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O porta-voz da executiva peixeira afirma que na região do vale do Itajaí não existe nenhum diálogo da rede com o ex-senador Jorge Bornhausen ou mesmo com seu filhote, o deputado Paulinho. O que nós pregamos é totalmente o contrário desse grupo. Não posso acreditar que, de uma hora pra outra, os Bornhausen viraram socialistas. Isso é duvidar da inteligência das pessoas, ressalta Schlickmann.
Outra liderança da rede na região que não engoliu a história da aliança com o PSB e com a família Bornhausen é o advogado peixeiro João Martins, que faz parte da executiva estadual. O pai da vereadora Anna Carolina Martins (PRB) não quis nem participar do último encontro em Floripa por não concordar com a decisão de brecar o processo de formalização do partido até 2015. Eu não vou puxar votos para os candidatos do PSB. Quando eu vejo eles chamando o Bornhausen de socialista, já se percebe de cara que tem algo errado, alfineta o dotô, que considera que isso será uma mancha na história da ex-senadora Marina Silva e do próprio partido rede Sustentatibilidade, que ainda nem nasceu.