De acordo com a investigação policial e a denúncia do MP, Bruna matou a filha esfaqueada porque estava com ciúmes do marido, padrasto da criança. Ela descobriu que o marido violentava a menina e ainda culpou a criança.
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A denúncia está com a juíza Regina Aparecida Soares Ferreira, da 2ª Vara de Balneário Piçarras. Se a juíza acatar a denúncia, a mãe e o padrasto vão a júri popular.
Júlia foi morta na noite de 20 de fevereiro, na casa onde morava com a mãe, o padrasto e a irmã mais nova, na rua São Roque, na morraria da Praia Vermelha, em Penha.
No dia do crime, a polícia Militar chegou a levar o casal preso pra delegacia, mas o delegado de plantão entendeu que não havia provas contra os suspeitos, que foram liberados.
O responsável pela delegacia de Penha, Allan Coelho, explica que todos os laudos e depoimentos comprovam que Bruna matou a filha durante um ataque de ciúmes.
Os laudos também apontaram que Júlia vinha sofrendo abusos sexuais do padrasto. Com base nos relatos concluímos que o padrasto abusava da menor. A menina não podia sair de casa, não tinha amigos. A mãe e a irmã relataram que o padrasto tinha ciúmes da Júlia, conta.
Mãe deu facadas
A perícia também concluiu que foi a mãe quem deu os golpes na filha. As facas apreendidas continham sangue da vítima e em uma delas tinha as digitais da mãe, completa o policial..
Allan comenta que Bruna, segundo a mãe dela, sofre de bipolaridade esquizofrênica, e em nenhum momento chorou pela morte de Júlia. Eu não tenho filhos, mas acredito que uma pessoa que perde um filho não age assim, diz.
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A polícia chegou a pedir a prisão preventiva do casal, mas a juíza negou a prisão por entender que eles têm endereço fixo e estavam contribuindo com as investigações. O casal está morando em Jaguaruna, no sul do estado. DB n
Delegado é acusado prevaricar
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O delegado Daniel Ferreira Dias, que estava de plantão na delegacia de Penha no dia do assassinato, foi denunciado ao Ministério Público pelo crime de prevaricação, que é quando um agente público deixar de agir. O MP entendeu que o delegado não poderia ter liberado a mãe e o padrasto de Júlia, que eram os principais suspeitos e únicas pessoas encontradas na cena do crime. A denúncia também está na mesa da juíza da 2ª Vara Criminal de Piçarras. Se condenado, o delegado pode pegar de três meses a um ano de cadeia, mais multa. O DIARINHO não conseguiu localizar o delegado.
Família quer julgamento rápido
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A família de Júlia continua revoltada com a demora do julgamento dos acusados. No começo a polícia tava em cima, mas depois de quatro meses ninguém mais falou nada. A gente corre atrás e eles não respondem, reclama o pai de Júlia, Henrique Alves, 32.
Ele mora em Itapema com a filha mais nova de nove anos. Ela tá levando a vida, tá indo pro colégio, se recuperando, mas não fala sobre o caso da irmã e a gente não pergunta muito pra não ficar relembrando, diz.
A tia de Júlia, Juliana Santin, também se revolta ao falar da morte. Os assassinos estão soltos, vivendo como se nada tivesse acontecido, denuncia.