Colunas


A orientação do fim


A eternidade é um dos perigos e a salvação da vida que levamos. O perigo é retrato do filme “Highlander – O guerreiro Imortal” [1986]. Traduz-se, com romantismo, o sofrimento gerado pela perpetuidade. A morte de todos os outros – amores, filhos, amigos fraternos, em contraste com a condição de infinitude provoca o acúmulo de dor, padecimento, como um flagelo. Eternidade, tão desejada diante da finitude, uma vez conquistada, torna-se um trauma psíquico [“Síndrome do Vampiro”].

Os ritos de despedida por morte de alguém amado, o afastamento pelo velório e a despedida da presença movida pelo enterro ou cremação, instala o sofrimento da inexistência presencial cotidiana. Tudo isso revela a cada um de nós, ao menos durante a cerimônia sobre a finitude, como agimos, sentimos e pensamos. Em boa parte, porque muitas vezes nossa arrogância [pessoa que se considera superior aos que lhe rodeiam, no trabalho, na família, nas amizades... aquele que não pede desculpas por seus atos sem incluir terceiros], prepotência [assumir a certeza irretocável de fatos apesar de elementos contrários] e egoísmo [apego extremo a si mesmo, desejo de controlar o sentimento alheio, ciúmes com exageros paranoicos] se revelam dolorosamente. As lágrimas têm origem na separação sem retorno e sobre nossa própria condição de mortal. Lastimamos por nós mesmos, diante da limitação de se viver.

A forma de amar as coisas e as pessoas está envolta em finitude. Considerar-se finito, terminável, dissolúvel, é maneira de nos apaixonarmo-nos pela vida e pelas vidas que nos rodeiam. Somente os mal-preparados são incapazes de pedir desculpas por seus erros, por suas agressividades, pelos infortúnios causados aos outros. É preciso se sentir pelas desventuras geradas para poder abraçar pai, mãe e irmãos e amigos e sentir-se humano com os traços de humanidade: finitude.

Ao nos depararmos com um pássaro, uma flor ou uma pessoa, usamos do eterno para evitar o sofrimento do fim absoluto da relação vivida. Ao invés de notarmos ali o fim e passarmos a sofrer ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Os ritos de despedida por morte de alguém amado, o afastamento pelo velório e a despedida da presença movida pelo enterro ou cremação, instala o sofrimento da inexistência presencial cotidiana. Tudo isso revela a cada um de nós, ao menos durante a cerimônia sobre a finitude, como agimos, sentimos e pensamos. Em boa parte, porque muitas vezes nossa arrogância [pessoa que se considera superior aos que lhe rodeiam, no trabalho, na família, nas amizades... aquele que não pede desculpas por seus atos sem incluir terceiros], prepotência [assumir a certeza irretocável de fatos apesar de elementos contrários] e egoísmo [apego extremo a si mesmo, desejo de controlar o sentimento alheio, ciúmes com exageros paranoicos] se revelam dolorosamente. As lágrimas têm origem na separação sem retorno e sobre nossa própria condição de mortal. Lastimamos por nós mesmos, diante da limitação de se viver.

A forma de amar as coisas e as pessoas está envolta em finitude. Considerar-se finito, terminável, dissolúvel, é maneira de nos apaixonarmo-nos pela vida e pelas vidas que nos rodeiam. Somente os mal-preparados são incapazes de pedir desculpas por seus erros, por suas agressividades, pelos infortúnios causados aos outros. É preciso se sentir pelas desventuras geradas para poder abraçar pai, mãe e irmãos e amigos e sentir-se humano com os traços de humanidade: finitude.

Ao nos depararmos com um pássaro, uma flor ou uma pessoa, usamos do eterno para evitar o sofrimento do fim absoluto da relação vivida. Ao invés de notarmos ali o fim e passarmos a sofrer por esse fato, acreditamos que a finitude, o fato de que em tempo não haverá mais aquela relação, é o fato segundo o qual podemos amar a vida. Simplesmente porque, em cada existência, há o veio da finitude. Para preservar a vida e as condições de felicidade na vida, é preciso observar que o fim é a maneira de engrandecer a nossa aparição.

Tudo isso é, como parâmetro, muito acentuadamente aceitável e até revigorado nas bocas. Mas a convivência com o fenômeno de que não se existirá para sempre é o fundamento para se aliviar a natureza do fim. Podemos ser mais leves e mais confiáveis se nos ativermos à essência da existência: a morte. Não que possamos adorar a morte, mas pelo fato de que ela está em nossa trajetória, podemos adorar a vida nossa e a dos outros seres. Highlander acumulava sofrimento da eternização de si mesmo diante da finitude daqueles que amava. Não por prepotência, arrogância ou egoísmo, mas por sua natureza de existência.

Viver o máximo possível, viver bem, com leveza e simplicidade, com respeito e desprendimento, porque finito, é a guisa da vida com sorriso. Viver para sempre é obstáculo à valorização da vida, das vidas, do bem. A finitude é o prazer de se saber que o dia, cada dia, cada vida, por mais diferentes que sejam [o que é muito bom], devem levar consigo um sorriso. Qualquer eternidade se dará fora daqui!

Janus perguntara a um político que acabara de assumir um cargo: “- Preocupe-se com a estada e a oriente pela condição de como gostaria de ser visto ao deixar o cargo. Porque o cargo e o poder não lhe pertencem! O Caminho é a meta, a Vivência a vida!”

 

Sérgio S. Januário

Mestre em Sociologia Política


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

No réveillon, você é do time que…



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Lula encomenda proposta para reduzir dependência de combustíveis fósseis no Brasil

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Lula encomenda proposta para reduzir dependência de combustíveis fósseis no Brasil

Novo licenciamento ambiental é desregulação e pode chegar ao STF, diz presidente do Ibama

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

Novo licenciamento ambiental é desregulação e pode chegar ao STF, diz presidente do Ibama

"Tudo desemboca na CVM, que não tem feito seu trabalho”, diz advogada

Banco Master

"Tudo desemboca na CVM, que não tem feito seu trabalho”, diz advogada

Sonhos, ouro e a dura realidade das mulheres no garimpo ilegal do Sararé

GARIMPO

Sonhos, ouro e a dura realidade das mulheres no garimpo ilegal do Sararé

Desperdício no Brasil deixa de abastecer 50 milhões de pessoas

A cada 5 litros, 2 no ralo

Desperdício no Brasil deixa de abastecer 50 milhões de pessoas



Colunistas

Mundo Corporativo

A Difícil Arte de Construir uma Equipe Forte em um Mundo de Pessoas Diferentes

Malcriada na mira

JotaCê

Malcriada na mira

Calçadas precárias em Itajaí

Charge do Dia

Calçadas precárias em Itajaí

Plano Diretor: “A Hora da Verdade para a Câmara de Balneário Camboriú”

Casos e ocasos

Plano Diretor: “A Hora da Verdade para a Câmara de Balneário Camboriú”

Sociedade Guarani

Jackie Rosa

Sociedade Guarani




Blogs

A Prefeitura tem de dar o exemplo

Blog do Magru

A Prefeitura tem de dar o exemplo

Falar ou Silenciar? O Mosquitinho da Repressão Emocional

VersoLuz

Falar ou Silenciar? O Mosquitinho da Repressão Emocional

Saúde mental no fim de ano — um alerta necessário

Espaço Saúde

Saúde mental no fim de ano — um alerta necessário

Eleição Sindilojas Itajaí e Região

Blog do JC

Eleição Sindilojas Itajaí e Região






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.