Em verdade, essa paralisação foi acontecimento inédito, porque em mais de 200 anos nunca se teve antes algo parecido. Sim, em mais de 200 anos, já que o porto existe antes mesmo da cidade e a cidade agora em 2024 vai completar dois séculos.
Os desacertos com o porto começaram, quando se aproximava o fim do contrato com a empresa privada que fazia a operação portuária e o governo federal anunciara a inclusão dele na lista de portos a serem privatizados.
A notícia de futura privatização deu causa a que muitos levantassem celeuma, sob o mote: O Porto é Nosso! Delegações e representações de políticos de diferentes matizes, de empresários e de trabalhadores inconformados voaram céleres até Brasília para dizer que não, que eram contrários à privatização.
Tantas e tão enfáticas embaixadas retardaram as providências para privatizar e, por fim, acabaram por fazer o governo federal desistir do intento. Pensou-se então que se havia conquistado vitória retumbante.
Com o envolvimento na batalha anti-privativista e nas diligências de renovação do contrato com a operadora portuária, uma gigante do comércio internacional, esvaiu-se o prazo de concessão do porto ao município. No porto, tudo voltou a ser como dantes: público, governamental, burocrático, sujeito ao sobe e desce da política. Era justamente num ano de eleições gerais e muita indefinição administrativa. Uma infelicidade para a cidade que era feliz e não sabia; prejuízos para todos, em especial para os trabalhadores do porto.
Agora, cabem oportunas questões, ao se vislumbrar o que se passa com o vizinho fronteiro de Itajaí. Navegantes tem um porto privatizado. Os navegantinos não consideram seu o porto, por causa disso? Os impostos devidos pelo porto não são recolhidos aos cofres da prefeitura de Navegantes? As oportunidades de emprego não são para navegantinos, itajaienses e outros que chegam de fora? Absolutamente, em Navegantes se diz: O Porto é Nosso!
Por outro lado, agora federalizado, o Porto de Itajaí depende de decisões que vêm de longe, que não são tomadas por aqui. É tudo aquilo que não se quer para a gestão do principal pilar da economia do município.
Aguardemos, pois, esperançosos e ressabiados, o que mais poderá se suceder.