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VEREADOR: “CAVALO DE POSTA”


JANUÁRIO, Sérgio S.

Mestre em Sociologia Política

 

Ideologia é uma expressão filosófica que carrega em si os ideais de um futuro desejável, uma sociedade de arranjos sensivelmente delicados e adequadamente hierarquizados. É um esforço ...

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Mestre em Sociologia Política

 

Ideologia é uma expressão filosófica que carrega em si os ideais de um futuro desejável, uma sociedade de arranjos sensivelmente delicados e adequadamente hierarquizados. É um esforço de reflexão que se aproxima das condições das leis da Física e das leis da natureza, como se cada coisa que existisse ali devesse ser assim mesmo.

É isso que alimenta o desejo de atingir um futuro coletivo glorificador, como numa tentativa de abordar a sublimação divina em paraíso terreno. Deus não faria o Paraíso para um! É esta a fascinação de se lutar contra o “mal”, contra os infortúnios dos homens tentados pelo egoísmo, pelo individualismo, pela dominação sobre os outros como privilégio. O “mal” clausura os sentidos com o manto incontestável da submissão e pela expressão de poder. O Patrimonialismo [assumir o que é público como privado] percorre artérias e veias, num sinuoso vai-e-vem do prazer evidenciado na visão superior sobre a servidão e a subordinação. Escravizar semelhantes é uma expressão de poder na própria espécie [“alexias”].

As lutas ideológicas são movimentadas pelo desejo de uma sociedade datada no futuro, do desejo distante no tempo e que sempre se alonga, na provocação apetitosa daquilo que ainda não se tem. O desejo é o registro perpétuo do que me falta e que sempre está em outro lugar. O desejo é uma ausência que a ideologia pode organizar.

Fora da Ideologia, os passos são catalogados como marcas em barro úmido: deixam pistas claras e as patas sujas; destacam a espécie que passa, como um caçador que identifica a trilha de uma caça. Fora da ideologia, vale a acumulação material como marca de poder; vale a conquista de poder e de dinheiro e de cargos de dominação pública ou de privilégios. Fora da ideologia os motivos da vida são de egoísmos primitivos [como crianças com formação incompleta para a vida social].

Em Política, tudo isso é iluminado no ambiente parlamentar e mais visível em Câmara de Vereadores. A origem da expressão “Câmara” ilumina seus comportamentos e posicionamentos atuais. Kamara [gr.] significa quarto com teto recurvo como abóboda. Decorre daí o termo camarada ou companheiro de quarto: aquela pessoa em quem se pode confiar. A Câmara de Vereadores é o ambiente onde são realizadas reuniões deliberativas, um Conselho. Os “Camaradas” Vereadores devem ser de confiança da população e, por isso, ter subordinação absoluta ao coletivo, numa atividade ideológica de preparo de uma cidade desejada.

Fora da ideologia, os “Camaradas” Vereadores se tornam “Oposição” e “Situação” em condicionamento completo ao Poder Executivo. Deixam num bolso qualquer, de uma roupa qualquer, suas relações de confiança com a população. Passam a interagir pelas conquistas de poder, pela dominação hierárquica e pelo privilégio a protegidos e pelo clientelismo. Vereador deveria ser um protetor da cidade com relação direta com as pessoas. Originário de veredus [lat.] ou “cavalo de posta”, animal empregado no serviço de entrega de correio, deveria proteger, como função pública, o caminho percorrido [veredas] ou as áreas de acesso e circulação dos habitantes.

Ao enlutar suas funções originárias e ver-se somente a si numa “Câmara de Espelhos” os “Camaradas” Vereadores abandonam as ideologias, gritam acusações pessoais, mostram suas garras caninas, e se deleitam em litígios para conquistas pessoais. Mesmo que seja para “comissionar” membros de seu grupo de “amizade” em vagas “comissionadas” terão os “amigos” como dependentes políticos [“alexias”].

As funções parlamentares dos Veredus estão em defender as veredas ideológicas [caminhos] para uma cidade [para os outros], em intermediar as relações entre as pessoas [como carteiros que mediam as relações sociais em escritos] e em promover o que alimenta o desejo de atingir um futuro coletivo glorificador. Sua função pública é enveredar Leis para planejar e organizar um território, numa tentativa de atingir a sublimação divina de um paraíso terreno. Enquanto estiverem de olho no Poder Executivo, para esta função “angelical” lhes faltará corpo e espírito!

 

Sugestão de Trilha Sonora: EU SOU FREE

Artista: SEMPRE LIVRE

Autor: RUBENS DE QUEIROZ BARRA e PATRÍCIA DE REZENDE

Álbum: AVIÃO DE COMBATE

Ano de Lançamento: 1984

Crédito de Imagem: PINTEREST


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