Uma das únicas certezas que o ser humano tem na vida é de que, um dia, ele vai morrer. Mesmo sendo uma realidade que, invariavelmente, irá afetar a todos, a morte ainda é um tabu na sociedade atual. Continua a ser um assunto muito pouco comentado – principalmente com crianças – e sempre associado a sentimentos negativos. Apesar de algumas religiões e culturas buscarem amenizar o sofrimento do luto, a grande maioria das pessoas não está preparada para lidar com esses sentimentos e vive um intenso abalo emocional. Porém, e se as pessoas não tivessem mais medo de morrer? Como isso impactaria a forma como vivem?

É com base nesses questionamentos que se concentra a série brasileira “A Bênção”, lançada em 2020 pelo Canal Brasil e criada pela dupla Frederico Ruas e Leo Garcia. Disponível na plataforma de streaming Globoplay, a série foi criada em um contexto de pandemia, no qual morte e doença eram temas que permeavam os noticiários e as conversas diárias. Nesse sentido, “A Bênção” tem como ponto de partida a criação de uma droga revolucionária que promete agir nas amígdalas cerebrais de forma a inibir os sentimentos de medo e angústia das pessoas em relação à morte.

Porém, o remédio provoca reações diferentes em cada um dos pacientes envolvidos nos seus testes. Enquanto a jovem Nina – paciente em um caso de câncer terminal – participa do experimento como indicação de sua psiquiatra Marta, Santo é um seminarista que decide se desligar da Igreja. Já Julio é um policial que ficou traumatizado depois de tomar um tiro no rosto – depois de tomar o remédio, vira uma espécie de “super policial”, sem medo de morrer nas operações que participa. Além disso, Eleonora é uma chaveira que começa a invadir as casas de seus clientes quando está sob o efeito da pílula.