Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Voto secreto e escondido
Vive-se agora no Brasil período de eleições gerais para o executivo federal e estadual, bem como para cargos de deputados e senadores. Em nosso país, vota-se desde 1532, quando, em São Vicente/SP, foram eleitos vereadores da Câmara Municipal da Vila, a primeira fundada no Brasil.
Itajaí passou a conviver com eleições desde 1834, quando os votantes escolheram aqui eleitores para ir votar na sede do distrito eleitoral, em São Francisco do Sul.
Então, vale relembrar como, no país e município de Itajaí, eram realizadas as eleições de antigamente e como se votava. As eleições gerais para a Assembleia Provincial, Câmara e Senado se faziam em duas etapas, porque a escolha dos representantes era indireta. Primeiro, em cada paróquia, os votantes escolhiam o eleitores e estes, reunidos na Igreja Matriz de cada município sede de colégio eleitoral, elegiam então os representantes: senadores, deputados gerais e deputados provinciais. Isso no tempo do Império.
Na primeira República, 1889/1930, acabaram-se os distritos eleitorais e a eleição em dois graus ou duas etapas. Eram eleitos diretamente os representantes legislativos; assim como presidente da República, governadores dos estados e prefeitos municipais.
Todavia, esses dois períodos da história do Brasil tinham um proceder comum: o voto do cidadão não era secreto. Depois de ser alistado como votante, pela Junta Municipal de Alistamento, um serviço da Câmara Municipal, porque então não existia a Justiça Eleitoral, o eleitor tinha um título ou credenciamento para votar.
No dia da eleição, em frente à Mesa Eleitoral, ele recebia uma cédula onde deveria escrever o nome de seu candidato ou, quando apareceu a cédula impressa, apresentá-la aos mesários, sem haver cabine indevassável. Isto quer dizer, tudo na frente dos mesários. O voto secreto só foi implantado no Brasil depois de 1930; bem como o voto das mulheres.
Então, em 1945, quando recomeçaram as eleições, na redemocratização, despois da queda da ditadura de Vargas, em Itajaí sucedeu-se o caso seguinte. Na seção da Navita, na altura da rua Blumenau, apresentou-se uma mulher para votar. Tendo recebido um envelope para aí colocar a cédula de votação, ela se dirigiu à cabine secreta, de onde retornou sem envelope e cédula.
Os mesários logo indagaram onde estava o envelope com a cédula que deveria ser colocado na urna. A mulher retrucou contrariada: - Mas o voto não é secreto, como vou mostrar para vocês?
Depois de muitos argumentos e explicações pacientes dos mesários, a eleitora ficou convencida a retornar para a cabine e buscar o seu voto, que ela tinha posto escondido, numa fresta da parede, atrás de um armário!...