Em 2017, a Netflix lançou “Okja”, uma produção conjunta Coréia do Sul / Estados Unidos com orçamento de US$ 50 milhões dirigida por Joon-Ho Bong (“Expresso do Amanhã”), que desde o início chamou a atenção pela sua pauta em defesa da natureza e pela forma inovadora como retratou um dos maiores clichês do cinema: a amizade de uma criança e seu animal de estimação. Porém, não só de coisas positivas esteve cercado o longa, pois o mesmo foi alvo de polêmicas na edição do Cannes que concorreu no mesmo ano ao ter sofrido críticas de um membro do júri avaliador por não ter tido sua distribuição realizada nos cinemas, contando apenas com a presença na plataforma. Tal discussão ainda é muito presente no universo audiovisual, ainda mais com o fortalecimento das produções originais das empresas de streaming, que restringem o seu conteúdo apenas para os seus assinantes.

A história começa em 2007, quando uma poderosa empresa especializada no gênero alimentício descobre, no Chile, uma nova espécie animal que promete mudar a indústria pecuária para sempre e erradicar a fome no mundo. Vinte e seis dos “superporcos”, como os bichos recém descobertos são chamados, são espalhados por diferentes países, cada um estando responsável por um fazendeiro local, de modo que os animais sejam apresentados à cultura do lugar para onde foram enviados. Porém, depois de 10 anos de convívio, os animais deveriam voltar para os Estados Unidos e participar de um concurso a fim de escolher o melhor superporco de todos.

Um desses bichos é a fêmea Okja, que foi criada em uma isolada montanha na Coréia do Sul por seu cuidador e sua neta Mija, com a qual desenvolveu uma verdadeira relação de amizade, já que uma fazia companhia para outra todos os dias. Assim, quando a empresa proprietária reivindica Okja de volta, Mija irá fazer de tudo para defender a sua melhor amiga de ser levada embora. Com personagens por vezes caricatos, o filme da Netflix acerta em cheio nas suas críticas sociais, abordando temas que vão desde maus tratos aos animais e alimentos transgênicos até a preocupação com as aparências e o papel da publicidade no mundo capitalista.