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Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

Entoli, o dirigente


Entoli, um dirigente de empresa chega ao seu local de trabalho. Na semana anterior observara um conjunto de fatos que enfraqueceu as relações de comportamento de equipe, de entrelaçamento das funções, de desenvolvimento integrado. Aquele sentimento de que as pessoas se nutrem para lutar por um futuro comum e melhor.

Havia, no interior do grupo, membros vaidosos que se viam como os melhores na equipe, como superiores, como mais preparados porque tinham opiniões intensivas; havia, no interior do grupo, membros egoístas que procuravam ganhos pessoais, prestígio, se envolvendo com os outros para ter vantagens e observando os outros como adversários; havia, no interior do grupo, membros que recuavam diante de vaidosos e egoístas, considerando que a atitude deveria vir de cima, dos dirigentes; desejavam expor todos os problemas para que as correções e soluções pudessem ser agregadoras e formassem um tal pertencimento e identidades comuns.

Entoli, ao perceber que tudo feito até então poderia se dissolver no ar, como fumaça, se esfacelar, chamou seus assessores para tomar decisões com o objetivo de fortalecer o grupo e reconstituir o espírito de equipe que outrora vingava no local de trabalho. Um dos assessores, Distortion, seu filho, propôs alimentar a luta e, pelo fato de todos ali estarem em postos de gerência e controle, que houvesse uma espécie de “seleção natural” [Charles Darwin, 1809-1882]. Só que diferente das adaptabilidades genéticas, seria montado um palco social e político. Ali apenas os “mais aptos” a aceitarem a coação superior poderiam sobreviver. Seria uma caminhada orientada pelo capricho dos “donos” do cargo. Com isso, os vitoriosos se fortaleceriam e poderiam implantar suas intenções e suas vontades. E com o aplauso inaudito dos subordinados. A estratégia a ser executada criaria a batalha do bem contra o mal, moção pronta para a criação de inverdades, do populismo, e para a eliminação rápida dos que não seguissem o caminho “certo”. Fatos distorcidos, insistências em mentiras, opinião pessoal como fonte de legitimidade coletiva, criação de fatos e correlações ilógicas, seriam parâmetros geradores de um cenário próprio para a luta. E também para que as frustrações pessoais e familiares e a necessidade de guerra instintiva pudessem ser as fontes de energia dos envolvidos.

Outro dirigente, Syllogic, assessor para assuntos dos males do corpo, propôs que houvesse um tratamento mais objetivo, procurando desligar dos assessores e dos funcionários suas cargas pessoais, suas subjetividades. Para isso, deveria ser procurado um grupo com certo “distanciamento analítico” para se evitar a politização de qualquer objeto ou fato. Não seria mais uma preferência pessoal, nem se montariam cenários provocativos à guerra, nem se criariam fatos mentirosos, nem seriam gerados documentos falsos para alimentar as distorções, nem seriam desenhados resultados para, depois, fazer “análises legitimadoras”. Não! Seriam os fatos a informarem as decisões a serem aplicadas; seriam as análises distanciadas, objetivas, a indicarem caminhos. Afinal, declarara Syllogic, “é em nome dos que representamos que devemos agir, e não em nosso próprio nome. Quem está em cargo de controle tem a responsabilidade de unir, ao invés de brigar; tem a necessidade de comandar, ao invés de mandar; tem a imperiosidade de levar em conta os interesses mais diversos, e não os seus próprios”.

Entoli escolheu a política com o ego e suas cegueiras ou com o fígado revoltoso e revanchista. Propôs a guerra, alimentou a batalha, mentiu, foi sarcástico. Perdeu a oportunidade de unir e representar o interesse coletivo. Preferiu o populismo a ser um Estadista. Seus assessores se tornaram fantoches, brinquedos de criança sem preparação para a vida em sociedade. Entoli perdeu a legitimidade que o cargo lhe dera e suas escolhas esfumaçaram-se.


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