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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

Santíssimo sacramento de Itajaí


Santíssimo sacramento de Itajaí
Capela do Santíssimo Sacramento, hoje, é a Igrejinha da Imaculada (foto: Marcos Porto)

 

Na quinta-feira da próxima semana, dia 3 de junho, comemora-se a festa do Santíssimo Sacramento ou, como é conhecida na expressão latina, Corpus Christi (Corpo de Cristo). É a solenidade religiosa que lembra a presença do corpo e sangue de Jesus no pão e vinho consagrados, conforme Sua promessa feita na Última  Ceia.

Em Itajaí, o dia é  feriado municipal, porque o Santíssimo Sacramento é o padroeiro da paróquia católica, da cidade e do município. Quando se deu origem ao primeiro aglomerado urbano junto da foz do rio Itajaí-açu,  ele foi nomeado em 31 de março de 1824 de Curato do Santíssimo Sacramento de Itajaí. Curato era a primeira forma de organização comunitária e religiosa daqueles tempos do Império do Brasil. Nessa época,  a religião oficial do país era a Religião Católica Apostólica Romana.

A escolha desse padroeiro fora do casal José e Maria Coelho da Rocha, moradores do outro lado do rio, mas donos de terrenos do lado de cá e doadores da área onde se construiu a primitiva Capela do Santíssimo  Sacramento, hoje,  a Igrejinha da Imaculada Conceição. Eles eram devotos de Jesus Sacramentado e assim fizeram constar do documento de doação a sua escolha do padroeiro.

Aliás, a escolha dos oragos, ou padroeiros de igrejas e capelas, quase sempre é feita por alguém da comunidade e geralmente respeitada pelo clero. Ela é uma das poucas decisões no campo dos negócios da Igreja Católica, em que leigos podem ter a palavra final, já que lhes cabe prover a manutenção dos templos e, respeitando-se a sua escolha, estrategicamente assegura-se maior colaboração, cimentada pelos laços afetivos do povo com suas devoções.

Quando em 15 de junho de 1860 se fez a instalação do município, então  sua sede passou a ser chamada de Vila do Santíssimo Sacramento de Itajaí. As novas autoridades municipais, vereadores da Câmara Municipal, trataram de organizar urbanisticamente o centro da nova Vila e foram dando nomes aos primeiros logradouros públicos. Uma das ruas centrais, então, recebeu o nome de “Rua do Sacramento”, que vem a ser atualmente a “Rua Almirante Tamandaré”.

Quiseram muito bem aqueles primeiros vereadores que o Santíssimo padroeiro de Itajaí recebesse a devida e merecida homenagem pública com o seu nome em uma das ruas principais da Vila do município que se instalara.

Mas o tempo passa e o entendimento dos homens e mulheres que governam as cidades muda, infelizmente para a conservação da memória histórica das comunidades. Um dia, para se prestar outra homenagem – merecida também – a Câmara Municipal apagou da vista dos itajaienses a “Rua do Sacramento”, desfazendo  homenagem tão antiga e tão grata. Um desapreço para com a história da cidade.

E o  Divino Mestre, ciente de tudo e compassivo, naquela ocasião deve ter outra vez lamentado: “ – eles não sabem o que fazem...”


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