Caixas de papelão, jornais, revistas, garrafas pet, tudo aquilo que é visto como lixo pela maioria dos cidadãos, é visto por outros como fonte de renda. Tratam-se dos catadores de recicláveis, uma força de trabalho essencial que, apesar de ser responsável por cerca de 90% de todo o material reciclado no Brasil (Ipea, 2011), é o elo mais fraco da indústria e só foi reconhecida como ocupação em 2002. Para explorar um pouco mais essa realidade e seus desafios, chega dia 12 de março na Netflix o filme “Filhos de Istambul.”

A história se passa nas ruas de um empobrecido bairro em Istambul, na Turquia, onde o jovem Mehmet (Çağatay Ulusoy) administra um depósito de lixos sólidos. Apesar do dinheiro ser pouco e do trabalho árduo, ele é conhecido na vizinhança por sua bondade, principalmente em relação a crianças e adolescentes que vivem na rua, pois o próprio Mehmet já esteve nessa situação e sabe que só conseguiu um lugar no mundo com a ajuda de Tahsin Baba (Turgay Tanülkü), dono do depósito e sua inspiração desde a infância. Ao fim de um dia aparentemente normal de coletas, o homem começa a ouvir barulhos de uma das caixas: trata-se de Ali (Emir Ali Dogrul), um menino de oito anos abandonado pela mãe no lixo.

Ao enxergar sua história no garoto, Mehmet decide cuidar dele enquanto procura por seus pais, numa obsessão quase que pessoal, pois Tahsin Baba não fez o mesmo por ele anos atrás. À medida que os dois passam mais tempo juntos e Mehmet introduz Ali a sua rotina e família de catadores, um forte vínculo é criado, ao ponto dele duvidar de sua vontade que a criança volte para casa. No entanto, por trás dessa cumplicidade, Mehmet vive um dilema com a própria saúde, que pode abalar sua capacidade de proteger Ali.