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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

Luteranos em Itajaí: 150 Anos – 2 | Fundação da comunidade, cemitério e igreja


A chegada, em meados do século XIX,  à Vila de Itajaí de estrangeiros - alemães, em especial  -  que, por seu esforço e diligência,  logo uns passaram a ocupar posições de relevância no comércio e na prestação de serviços,  naturalmente causara tensões e conflitos com alguns brasileiros e certas autoridades municipais. Estranhamento com o diferente, nativismo e  disputa de mercado e poder estiveram na raiz desses atritos.

Alguns  litígios com autoridades municipais  ficaram por conta da religião luterana dos  estabelecidos em Itajaí, diferente da religião católica apostólica romana, a religião oficial do Império do Brasil. Quem professasse um credo diferente daquele oficial do Estado brasileiro tinha dificuldades, por exemplo, para se casar com cônjuge católico ou para ser sepultado em cemitério católico ou mesmo público. Na época, só havia casamento religioso.

O casamento de católico com cônjuge de religião diferente da do Estado brasileiro demandava solicitar retirada de impedimento ao Presidente da Província. Uma enorme burocracia, grande perda de tempo e custos que os nubentes e vigário muitas vezes evitavam. Foi o que acontecera com Jacob Heusi, suíço e  luterano, ao se casar em 1867 com  Anna Hoeschl, austríaca e católica. O presidente da Câmara Municipal se exasperou e ameaçou levar o vigário às barras da justiça, por ter realizado o casamento sem obediência  às letras da lei. Era para ser o vigário quem mais se incomodasse em ver uma ovelha de seu rebanho se casando com um protestante. Mas deu-se, que o exasperado fora o leigo e político presidente da Câmara.

O primeiro cemitério de Itajaí pertencia à Igreja Católica e os luteranos eram sepultados do lado de fora da cerca do cemitério, acontecendo muitas vezes que suas sepulturas fossem violadas por animais que buscavam os corpos inumados. Quando a Câmara Municipal adquiriu terreno em 1863 para o cemitério público, destinou, nos fundos, separada dos católicos, uma área para os luteranos e não católicos, mas se negou a ceder-lhes a administração. Os luteranos, então, decidiram por se organizar em comunidade, ter seu próprio cemitério e seu templo, pois que até ali, 1868, segundo documento da Câmara Municipal,  “não praticam ato solene algum de sua religião”.

No dia 12 de julho de 1870, o pequeno grupo de luteranos aqui residentes  fundou a Comunidade Evangélica Luterana de Itajaí, cujos diretores ficaram sendo Samuel Heusi, presidente, Hermann Willerding e Karl Hugo Praun. A comunidade,   com subscrição voluntária,  logo adquiriu por duzentos mil reis uma área contígua ao cemitério público, para o cemitério protestante, consagrado em outubro de 1871 pelo pastor Sandreczki. Esse cemitério se localizava mais ou menos na área do atual Hospital Pequeno Anjo. Outra conquista da comunidade luterana fora a edificação de sua Igreja, em 1891, o primeiro templo evangélico de Itajaí, onde então se passou a ter seis cultos dominicais e festivos durante o ano. Começo da pregação evangélica aqui.


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