Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Cientista e botânico - Padre Raulino Reitz
Completaram-se no dia 19 de setembro, 100 anos do nascimento do Padre Raulino Reitz, o mais renomado cientista e botânico catarinense, nascido em Antônio Carlos e fundador do Herbário Barbosa Rodrigues, cuja sede é Itajaí.
Estudante de Filosofia no Seminário Central de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, o padre jesuíta Balduíno Rambo, seu professor e notável botânico, deu-lhe estímulo e orientações iniciais para esse estudo. Em 1938, ele começou a coletar plantas que, anos após, dariam origem à coleção do Herbário Barbosa Rodrigues.
No quarto do Seminário, no dia 22 de junho de 1942, o teólogo Raulino Reitz fundou o “Herbário Barbosa Rodrigues”, cujo nome homenageava ilustre botânico brasileiro que naquele ano completava o centenário de nascimento. O acervo inicial do Herbário compunha-se de seis caixas de papelão com plantas herborizadas e 15 livros.
O “Herbário Barbosa Rodrigues” acompanhou o Padre Raulino pelas várias cidades nas quais ele trabalhou, até quando, vindo para Itajaí, em 1946, decidiu ele aqui fixar a sua sede. Muito contou com a contribuição do então prefeito Paulo Bauer para obter a doação da área, em que a partir de 1953 deu início à construção da sede própria, na avenida Coronel Marcos Konder.
Hoje, no “Herbário Barbosa Rodrigues, são encontradas 42.354 plantas arquivadas secas e conservadas da flora catarinense e outras 11 mil dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, à disposição de pesquisadores e estudiosos do Brasil e do exterior.
Quando o governo, nos anos de 1950, quis dar início à campanha nacional contra a malária, pediu ao Smithsonian Institut, de Washington, que lhe indicasse um especialista em pesquisa fitossanitária tropical. Então, de Washington, responderam: o melhor especialista mora aí no Brasil, em Azambuja, é o Padre Raulino Reitz!
Padre Raulino Reitz foi Diretor do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, fundador da FATMA/Fundação de Amparo à Tecnologia e o Meio Ambiente de Santa Catarina, organizador e primeiro diretor do “Museu Arquidiocesano Dom Joaquim”, de Azambuja, sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e da Academia Catarinense de Letras. Escreveu inúmeros artigos e livros científicos e históricos. Em 1968, quando do seu Jubileu de Prata Sacerdotal, o arcebispo Dom Afonso Niehues o elevou à dignidade de Cônego Honorário.
No dia 20 de novembro de 1990, durante uma homenagem que a Câmara Municipal de Itajaí lhe prestava por ter recebido o Prêmio GLOBAL 500 da ONU, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o coração do Padre Raulino Reitz, repentinamente, deixou de bater e ele faleceu em meio a seu discurso de agradecimento.
Estas suas palavras, de 1949, escrita no “Anuário de Itajaí”, são, infelizmente, atuais e convidam à reflexão: “Em todos os recantos da nossa terra, preciosas matas vão sucumbindo vítimas do fogo e do machado, da ignorância e do egoísmo”