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“Marés empanturradas”


Os jornais da semana retrasada noticiaram à vontade os dias de marés altas e mar agitado que provocaram alagamentos pela cidade, com seus transtornos no trânsito e para famílias que moram em regiões ribeirinhas de Cordeiros e Murta. Os técnicos em climatologia explicaram que o fenômeno tem tudo a ver com a lua e a frente fria e que é chamado de “empilhamento”. Já, os antigos o chamavam de “maré empanturrada”; isto é, cheia em demasia, saturada. Era assim também que moradores antigos da praia da Fazenda a chamavam quando a maré demasiadamente cheia avançava em grossas ondas sobre o combro da praia, que vem a ser hoje o lado esquerdo da rua Lauro Müller, e derrubando barrancos de areia, levava junto a vegetação costeira. É preciso lembrar que tal acontecia, antes da construção dos molhes, quando, então, o mar quebrava ali. A topografia dessa beira-mar da cidade de Itajaí, antes da construção dos molhes, era assim dividida e denominada. Entre o ribeirão Schneider e pela altura da rua Laguna, até onde as ondas do mar quebravam, o trecho era chamado de praia da Fazenda; dali, rio acima, até mais ou menos onde agora está o atracadouro do ferry-boat, dizia-se praia do rio. Tanto que a rua que a margeava era chamada pelo povo de “rua da Praia”. Havia ainda um terceiro trecho, entre a foz do ribeirão Schneider e o Morro da Atalaia, dito de Prainha. Nesse local se construiu o primeiro hospital de Itajaí, Hospital de Santa Beatriz, em 1887. Os alagamentos antigamente causavam poucos transtornos à vida da pequena Vila do Santíssimo Sacramento do Itajaí. Nem é preciso dizer que, regiões como baixo Cordeiros, Murta e Imaruí, por não serem habitadas, no século XIX e início do século XX, não tinham seu alagamento notado como transtorno. No centro da Vila, depois cidade de Itajaí, uma região que sempre alagou muito, conforme velhas memórias, era a “baixada do Carlos Seára”, que vem a ser a esquina da rua Pedro Ferreira com a rua Silva. Assim chamada pelos memorialistas antigos, porque nessa esquina residia o comerciante Carlos Frederico Seára Júnior. De fato, nesse lugar, da rua até o rio era um baixio tomado por vegetação típica de vargem. Foi ali, junto de um poste da linha telegráfica, fincado em meio aos muitos piris do pântano que tinha sido degolado, em 1893, pelos maragatos de Gumercindo Saraiva, o comerciante itajaiense Procópio José de Bayer. Agora, os alagamentos mais contemporâneos das avenidas Ministro Victor Konder (Beira Rio) e Prefeito Paulo Bauer, com reflexos em outros pontos da cidade, são decorrentes da ocupação urbana de áreas antes pertencentes ao mar e ao rio que, mesmo aterradas, nas “marés empanturradas”, as águas do mar e do rio vêm ocupar como suas. O mar e o rio, seus primeiros e legítimos donos. Portanto, o seu, a seu dono!


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