Colunas


Coluna Fato&Comentário

Coluna Fato&Comentário

Por Edison d'Ávila -

Tainhas nossas de cada ano


por  Edison d`Avila – historiador  As nossas tainhas de cada ano voltaram a aparecer em abundância, neste período de maio/junho de 2018, conforme têm noticiado com frequência o DIARINHO e demais veículos da imprensa de Santa Catarina. Este é um acontecimento sócio-econômico-cultural que se repete desde tempos imemoriais na beira-mar catarinense. Os índios tupi-guarani já festejavam a chegada das tainhas e desciam ao litoral para a pesca abundante que então praticavam. A primeira descrição dessa pesca feita pelos tupi-guarani é de 1554, escrita pelo soldado alemão Hans Staden que esteve prisioneiro desses indígenas e lhes descreveu usos e costumes durante o tempo em que esteve em cativeiro entre eles. Hans Staden descreve assim o modo como as tainhas eram pescadas e preparadas para consumo pelos índios: “Os caçadores mergulham até uma profundidade de mais ou menos seis braças para apanhá-los. Também utilizam pequenas redes. O fio com que estas são feitas é retirado de folhas pontudas e longas, a que dão o nome de tucum. Quando querem pescar com as redes, alguns deles se juntam, formando um círculo na água rasa. Cada um segura numa parte da rede, depois eles batem na água, fazendo os peixes fugirem para o fundo e ficarem presos nos fios. Quem pega muitos peixes dá uma parte para os outros. Pessoas que moram longe do mar viajam para capturar um bom número de peixes, torrá-los sobre o fogo, depois amassá-los até fazer uma farinha, que secam muito bem; assim ela se conserva por longo tempo. Levam-na de volta para casa e vão comê-la junto com farinha de mandioca. Se os peixes fossem levados para casa assados, não se conservariam por tanto tempo, pois não os salgam. Além disso, cabe mais farinha de peixe num pote do que peixes inteiros assados.” Vê-se, portanto, que muito dos usos e costumes tupi-guarani na pesca e no consumo de nossas tainhas se conservaram até os dias de hoje. Isto, mesmo com as contribuições que se lhes acrescentaram os luso-açorianos, desde os séculos XVII e XVIII. Por exemplo, a época da pesca da tainha como um tempo de camaradagem e trabalho cooperativo no grupo social; a pesca com redes; a abundância do pescado que permitia formar excedente alimentar; o peixe seco/assado para melhor ser conservado; o seu consumo a longo de meses juntamente com a farinha de mandioca, ainda hoje um ingrediente muito consumido com a tainha na forma de pirão ou farofa. As contribuições de portugueses e açorianos ficaram por conta da introdução das embarcações e das redes de arrasto na pesca, do sal para a conservação do pescado excedente na forma de tainha escalada, salgada e seca ao sol e de outros pratos preparados como o mesmo peixe. Agora, há que se cuidar para que tamanho bem econômico, social e cultural, que é a pesca de nossas tainhas, seja-nos oportunizado sempre a cada ano, abundantemente e de modo sustentável.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

O que você acha das obras simultâneas nas principais vias da cidade?

Caóticas! Só piora o trânsito

Deveriam ser feitas durante a madrugada, assim como acontece na BR 101

Falta de planejamento! Não acaba uma e já quer começar outra

Um mal momentâneo, mas com muitos benefícios no futuro



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

DIREITOS HUMANOS

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

LUTA POR DIREITOS

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

ABUSOS EM TERREIRO

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

ICMBio não vê racismo em derrubada de terreiro de jarê e punição de agente será ver vídeos

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

ICMBio não vê racismo em derrubada de terreiro de jarê e punição de agente será ver vídeos

Empresas de apostas avançam na festa junina de Campina Grande

São João das Bets

Empresas de apostas avançam na festa junina de Campina Grande



Colunistas

O que o INSS não mostra: sua aposentadoria pode estar escondida

Direito na mão

O que o INSS não mostra: sua aposentadoria pode estar escondida

Resultado injusto

Show de Bola

Resultado injusto

Laços judiciais

Coluna Esplanada

Laços judiciais

Igreja católica busca licença pra construir de complexo empresarial

Charge do Dia

Igreja católica busca licença pra construir de complexo empresarial

Delegado-geral causa mal-estar

Coluna Acontece SC

Delegado-geral causa mal-estar




Blogs

Bem chocolatudo

Blog da Jackie

Bem chocolatudo

Amarelon

Blog do JC

Amarelon

Você está tratando o sintoma ou a causa do problema?

Espaço Saúde

Você está tratando o sintoma ou a causa do problema?






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.