Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Igrejinha restaurada
A decisão bem posta das administrações municipais de Itajaí (anterior e atual) de restaurar a Igreja da Imaculada Conceição se revestiu de grande significado histórico e social para toda a cidade. Por isso, foi justo e devido que se fizesse uso de recurso público na conservação de tão valioso bem cultural. Tem significado e importância histórica, porque a Igrejinha é a edificação mais antiga da cidade, tendo seu início em 1824, pelas mãos do escravo negro e pedreiro Simeão. As paredes internas com os arcos laterais são ainda remanescentes das primeiras construções feitas por mãos de escravos e tendo como fabriqueiro o tenente-coronel Agostinho Alves Ramos, primeiro diretor da comunidade que se organizava. Sabemos que a cidade de Itajaí nasceu por causa de seu porto. Mas foi em torno da Igrejinha que os primeiros moradores se estabeleceram, que as primeiras ruas e praça surgiram; portanto, que a cidade se organizou. Além de monumento histórico, por conseguinte, a Igrejinha é também um marco de relevância espacial e social. A organização da vida da sociedade de Itajaí esteve marcada por muitos e muitos anos pela presença e uso do seu primeiro templo religioso. Nele, por exemplo, realizaram-se as eleições para escolha dos primeiros vereadores em 2 de outubro de 1859, que antecederam à instalação do município de Itajaí em 15 de junho de 1860. Como era costume no tempo do Império, sendo o culto religioso católico considerado então um serviço prestado ao povo, pela união entre o Estado e a Igreja, os templos eram também tidos como uma espécie de repartições públicas, posto que, recintos sagrados. O valor histórico e social poderia estar num templo evangélico ou numa escola, como na cidade de São Paulo, fundada a partir do colégio dos padres jesuítas e que, por isso, conserva até hoje a réplica daquela escola no seu centro histórico. Ou poderia ser um forte militar, como em muitas cidades, ou uma ponte, ou uma torre... Bem melhor para Itajaí, que o nosso mais longevo bem histórico seja a querida e veneranda Igrejinha da Imaculada Conceição, cujo restauro acurado e cuidadoso agora se concluiu, porque com o resgate de um bem de valor arquitetônico e artístico haverá grande ganho para a cultura e turismo da cidade e, como cuidado com a Casa de Deus, será trazido de volta para o culto divino o espaço aconchegante e abençoado da primeira Matriz de Itajaí, primeiro templo cristão erguido às margens dos rios Itajaí-açu e Itajaí-mirim, de que já estávamos com saudades!