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O Humor dos estadistas (1)


Os políticos e os estadistas sempre aparecem bem na foto, estampando um largo sorriso. É da natureza deles. Eles precisam parecer simpáticos, afáveis, para agradar sua excelência, o eleitor.

Eles também gostam de fazer os outros felizes, se não for por obras, realizações e gestões competentes, que seja pela palavra. E não há melhor forma de descontrair, de provocar o sorriso alheio – às vezes o riso dos circunstantes – do que a piada, o dito chistoso.

Claro, nem todos os políticos têm talento, “timing”, presença de espírito para o gracejo. Mas os que não são engraçados, treinam para ser. Vivendo nos salões da elite e nos ambientes do povo, é de lá que retiram a matéria-prima do chiste e da graça espirituosa.

Isto só vale para os políticos eleitos pelo povo, nas democracias. Estas considerações não se aplicam aos ditadores, aos tiranos de todas as extrações. Estes são impregnados de sentimentos mesquinhos, o que não tem nenhum parentesco com o humor, a graça, a ironia. E como poderiam eles – os ditadores – cultivar o humor, se estão sempre ocupados com os inimigos reais e imaginários, para silenciá-los, botá-los atrás das grades e até eliminá-los?

Os ditadores sabem muito bem que o riso é uma arma. Quando o povo não pode afastar um tirano, então se entretém com o esporte (às vezes perigoso) de ridicularizá-lo. As ditaduras são prodigiosas em descambar para o ridículo, em produzir bobagens monumentais, na comum estupidez de que são acometidas.

Também, caro leitor, não estou falando do humor das entrevistas dos governantes, quando se entregam à arte menor da gabolice, à vanglória dos seus feitos. O momento nobre da jactância, o desfile patético dos factoides, tão grandioso que se torna engraçado, é o horário político gratuito. Quanto mais um governante – ou ex-governante - se dedica ao vício da gabolice, mais ele adentra pelo terreno do risível. Não é desse humor que estou me ocupando, até porque os seus autores o cometem com ar solene e cara de pau, digo, cara séria.

Explico melhor com exemplos. Vejam Tancredo Neves, “o maior presidente que o Brasil não teve”. Tancredo era um homem de espírito. Atrás daqueles olhinhos meio travessos para a sua idade, ele esbanjava esperteza e sagacidade. Quando lhe perguntaram para que time ele torcia em Minas Gerais, em plena campanha eleitoral para o governo do Estado, ele foi, digamos, sincero: “Torço para o Atlético, embora tenha grande simpatia pelo Cruzeiro, pelo América, pelos demais times da capital e do interior da nossa querida Minas Gerais”.

Às vésperas do Colégio Eleitoral que o elegeu presidente da República, avisaram-no de que um deputado federal do Nordeste, com cujo voto ele contava, estava falando cobras e lagartos dele, Tancredo. A reação foi enérgica, brilhante, sutil ironia contra o deputado, que certamente queria valorizar o passe: “Falando mal de mim? Eu nunca fiz nenhum favor, nunca fiz nenhum bem para esse homem!”


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