Publicado 26/10/2020 09:20
Por 6 votos a 4, o Tribunal de Julgamento do Impeachment para afastamento do governador Carlos Moisés (PSL) e da vice Daniela Reinehr (sem partido) decidiu pelo afastamento de Moisés, mas poupou Daniela, que assume o governo interinamente nesta terça-feira. Jabuticaba A expectativa do caso era de que, ou Carlos e Daniela fossem afastados e, então, o presidente da leleia, Júlio Garcia (PSD), assumiria o governo do estado, ou de que não houvesse o afastamento de Moisés, que continuaria governador. Aconteceu exatamente o inesperado, uma jabuticaba política catarinense. Combinado, pero no mucho O Tribunal era formado por 5 deputados estaduais que haviam decidido que o voto seria uníssono pelo afastamento do governador e da vice, mas foi quebrado pela decisão do deputado Sargento Lima de poupar Daniela. Ambos são da ala bolsonarista catarinense. E por 5 desembargadores, sendo que quatro votaram pelo não afastamento do governador e da vice, e um pelo afastamento de ambos. Mistérios O que rolou de real para que esse resultado inesperado acontecesse, talvez nunca venhamos a saber. Mesmo porque, não adianta chorar sobre leite derramado. E nem vou entrar em conjecturas sobre o que se comentou durante o processo. Mas, na humilde leitura desse socadinho escriba, perdeu todo mundo, especialmente Santa Catarina. Por que? Bem, porque, de fato, Moisés estava sendo julgado pelo conjunto da obra - isolamento político, escândalo de respiradores e hospital de campanha, e incapacidade administrativa. E é isso que se julga em processos de impeachment no Brasil. Collor não caiu por causa de uma Elba, Dilma não caiu por causa de pedalada fiscal, ou alguém aí acha que foi por isso? Enfim. As consequências Mas, se não conhecemos as razões para que o julgamento tomasse o rumo que tomou, a não ser por conjecturas, podemos, facilmente, prever as consequências desse resultado. Fazer o rescaldo. Então, vamos a vaca fria. Traição? A primeira delas é a abertura de um fosso separando ALESC e o Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Os desembargadores alijaram as pretensões da leleia de constituir outra jabuticaba: assumir o executivo estadual. A segunda são as consequência para o deputado Sargento Lima (PSL) pela "traição" aos colegas deputados. Mas tem mais Santa Catarina penou quase dois anos diante de um governo fraco, que caiu de paraquedas na onda Bolsonaro. Diante dos escândalos que vieram à tona por ações do governo durante a pandemia, cresceu a expectativa política por cortar a cabeça de Moisés e dar um novo rumo ao estado. Mas, para isso, Daniela, a vice, teria que cair também. Estadista Dizem as más línguas de plantão, que sempre escuto, que se Moisés é fraco, não político, se comparado a Daniela Reinehr, é um estadista. Então, se a expectativa se comprovar, esperemos daqui para frente mais um governo errático. Sem contar o fato de que Moisés se sente fortalecido para reassumir o governo diante dos votos dos desembargadores. Então vem mais briga por aí. O processo dos respiradores Sem esquecer que corre na Assembleia Legislativa mais um processo para impichar Moisés, o dos respiradores fantasmas, comprados, pagos por antecipação e nunca recebidos. Coisa pouca, R$ 33 milhões. Será que a leleia terá a mesma celeridade no andamento desse novo processo? Ou agora que perdeu a chance de assumir o governo vai cagar e andar? Acho que vai cagar e andar. Resumo da ópera No resumo, tivemos a chance de nos livrar de um governo fraco e dar um novo impulso a Santa & bela Catarina tocado por gente mais gabaritada. O Tribunal de Julgamento de Impeachment de sexta passada optou por uma meia solução, nem política, nem prática, bem em cima do muro. Então, escreve aí, esqueçam os próximos dois anos. Vamos, catarinenses, gemer na rampa. E segue o baile. Ou o teatro de horror. Escolha o que preferir, as entradas são gratuitas. Foto (Divulgação)
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