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A bordo do esporte
Por Flávio Perez - Flavio@onboardsports.net
Flavio Perez é profissional de marketing e jornalista há mais de 25 anos. Especialista em esportes olímpico. Lidera a agência On Board Sports. Foi manager da The Ocean Race
Brasileira da Volvo Ocean Race alerta para lixo nos oceanos do mundo
Publicado 04/12/2017 16:09
A campeã olímpica Martine Grael disputa a
Volvo Ocean Race pela primeira vez e logo nas duas primeiras etapas da regata, a bordo do team AkzoNobel, a atleta viu de perto as belezas da vida marinha e também o impacto negativo do acumulo de plástico nos oceanos. O problema é umas das preocupações de todos os envolvidos com a competição, que está em sua 13ª edição.
Uma semana antes de encarar mais uma etapa do evento, Martine Grael falou sobre a poluição dos oceanos. A única brasileira nesta temporada da Volvo Ocean Race confessou que viu plástico na água em todos os turnos que fazia na equipe holandesa.
"Foi surpreendente. Tinha plástico até mais ao sul".
"Nós vimos muita vida nas duas primeiras pernas, principalmente na costa de Espanha e de Portugal. Foi incrível - muitas baleias, golfinhos e tamboril'', disse a brasileiro. "Infelizmente também vimos um monte de plástico. Tem que ficar de olho, pois muita sujeira pega na quilha''.
Visita ao Two Oceans Aquarium
A velejadora brasileira ainda se recupera da longa segunda etapa da Volvo Ocean Race. De Lisboa, em Portugal, até a sul-africana Cidade do Cabo, a equipe do AkzoNobel precisou de 20 dias para fazer o percurso, terminando em quinto lugar.
Martine Grael aproveitou o intervalo para o início da terceira perna - que será em 10 de dezembro - para conhecer o Two Oceans Aquarium. Martine teve a chance de mergulhar com as tartarugas resgatadas afetadas pela poluição do plástico.
O Two Oceans Aquarium não tem apenas uma coleção de algumas das criaturas mais bonitas e majestosas do oceano. É também um centro único de reabilitação de tartarugas - tratando tartarugas lesadas, muitas vezes lavadas na costa e encontradas por pessoas comuns.
A poluição plasmática é uma das maiores ameaças às espécies de tartaruga. Sacos plástico e balões, até micro-plásticos quase invisíveis sujam a água e não se decompõem. A maioria das tartarugas chega ao centro ingerindo alguma forma desse material 'perigoso e tóxico'.
Martine convive com esse problema como velejadora, inclusive postou uma foto na Baía de Guanabara, local onde conquistou seu ouro olímpico, mostrando a sujeira nas águas cariocas. A foto viralizou mundialmente.
A atleta tem um exemplo em casa. Sua mãe [Andrea Grael] é ligada às causas ambientais. "Minha mãe é veterinária e é muito boa para lidar com animais selvagens marinhos e pássaros também", explicou Martine. "Ela tem uma grande experiência nessa área. O problema com o plástico é algo sobre que sempre falamos''.
"Um dos maiores problemas para as tartarugas é que elas normalmente comem água-viva, por isso é fácil confundir as bolsas de plástico com alimentos. Minha mãe fez muitas biópsias de tartarugas. Dá pra ver muito plástico nos estômagos''.
Ela acrescenta: "O problema é que, uma vez que ingeriram plástico, depois não não podem comer mais nada, então morrem de fome".
Martine foi recebida por Talitha Noble, coordenadora de conservação do Two Oceans Aquarium. "Nós trazemos crianças para o aquário e falamos sobre as histórias das tartarugas e como nossas ações afetam as criaturas no mar", disse Noble.
Para Martine, essa educação é fundamental para 'salvar o mundo'. "Como atleta e exemplo, eu tenho responsabilidade nisso. Eu acho que é uma questão de educação. Se houver algo que eu possa fazer para ajudar, eu farei".
"Todos queremos transformar a maré do plástico e encorajar as pessoas a usar materiais mais reutilizáveis, mas ao mesmo tempo estamos consumindo muito isso. E qual é o lugar certo para o plástico? Mesmo que entre no aterro sanitário, ainda há um grande problema".
Ela acrescenta: "Eventos como o Volvo Ocean Race têm uma grande pegada, mas é bom que os organizadores da regata estejam fazendo um trabalho de conscientização.
"Eu realmente quero que as pessoas mudem seus modos de vida, porque precisamos mudar. Estamos em uma parte da história onde precisamos mudar para poder ver o futuro".
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