Por Alfa Bile - alfabile@gmail.com
Fotógrafo, poeta e escritor. Autor do livro Lume, suas obras Fine Art já decoram hotéis como Hilton e Mercure. Publicado pela National Geographic e DJI Global @alfabile | @alfabilegaleria
Publicado 29/12/2025 11:08
Tenho buscado, cada vez mais, desenvolver meu lado poeta.
Não como algo pronto, mas como processo. Estudo, leio, observo, escrevo. Volto. Reescrevo. Tento de novo.
A poesia, pra mim, também é treino — e treino exige constância.
Esse poema nasceu exatamente assim: como resultado de um dos exercícios que faço durante meus estudos.
A proposta era escrever a partir do cotidiano, sem floreio, deixando que as imagens simples carregassem o peso emocional do texto.
Foi um exercício de contenção, de escuta e de honestidade.
Escrever diariamente tem sido a forma que encontrei de me incentivar a continuar.
Nem tudo precisa ser grandioso. Às vezes, basta registrar o que acontece por dentro enquanto o mundo segue no automático.
Esse poema fala desse lugar:
do acordar, da luz entrando pela janela, do gesto mecânico de levantar, da tentativa de se arrumar para alguém — mesmo quando não há ninguém.
Fala da ilusão que criamos, da expectativa silenciosa, e da constatação final.
Abaixo, deixo o poema como ele nasceu, direto, sem adorno:
Meus olhos se abriram.
Luz
entrando pela janela.
A cama chorou
quando levantei.
O dia seguiu
no modo automático.
Arrumei em mim
o que achei que alguém merecia.
Doce ilusão.
Ninguém
à minha porta.
Esse texto não busca resposta.
Ele apenas registra um instante — desses que passam despercebidos, mas que dizem muito sobre como estamos vivendo.
Sigo escrevendo assim: estudando, exercitando, errando, acertando.
Porque acredito que a poesia também se constrói no hábito, na atenção e no desejo constante de aprender.
📸 ✍️ Alfa Bile
VersoLuz | Jornal Diarinho
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