Difícil encontrar alguém no eixo Itajaí–Balneário Camboriú que, ao menos uma vez, não tenha ouvido falar da Céia Maravilha. Criada pelo professor Maurício Bento, a personagem surgiu nas noites LGBTQIA+ do início dos anos 1990 e rompeu as fronteiras dos guetos, algo incomum para a época, quando a arte drag ainda era vista de forma restrita e marginalizada.
Neste sábado, o Baile da Pentelhuda comemora os 30 anos de trajetória do ícone catarinense com uma noite especial no Beira Bar Eventos, a partir das 21h, na avenida Beira Rio. A programação inclui ...
Neste sábado, o Baile da Pentelhuda comemora os 30 anos de trajetória do ícone catarinense com uma noite especial no Beira Bar Eventos, a partir das 21h, na avenida Beira Rio. A programação inclui o lançamento do documentário “30 anos de Céia”, que resgata sua trajetória e importância na cena cultural do estado.
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A presença de Céia marcou gerações. Nas décadas de 1990 e 2000, ainda conhecida como Céia Pentelhuda, conquistou espaço em festas privadas, aniversários, casamentos de socialites, restaurantes sofisticados e casas noturnas da então efervescente Barra Sul. Desde então, nunca saiu de cena.
Sua carreira se consolidou pelo humor irreverente, performances escrachadas e discursos de resistência que ajudaram a tirar a figura da drag queen do submundo e inseri-la na cultura mainstream. Em 2025, essa relevância foi reafirmada com uma exposição-museu que apresenta figurinos, fotografias e memórias das três décadas de história da personagem que moldou a noite catarinense.
O baile comemorativo promete um revival das tradicionais festas LGBTQIA+ dos anos 1980, quando a sigla ainda era limitada a quatro letras e a revolução cultural estava apenas começando. A “pistinha fervendo”, como define a própria Céia, vai reunir drags que a acompanham desde o início, além de artistas das novas gerações que vêm renovando a cena.
Joá Bittencourt, produtor e cofundador do Coletivo Epicena, diz que a proposta é celebrar a arte, a diversidade e a memória da cena LGBTQIA+, reunindo antigos admiradores, novas gerações e interessados na história e cultura local. Ele reforça que transformar a carreira de Céia em documentário é um ato de preservação da memória. “A produção cultural tem um viés de identidade, vital para reconhecer trajetórias LGBTQIA+ que muitas vezes ficam à margem da história oficial. O documentário reafirma a arte drag como expressão, crítica e celebração, conectando passado e presente por meio de festa, arte e convivência”, finaliza.