ITAJAÍ

Justiça manda Prefeitura de Itajaí pagar indenização a catadores da Cooperfoz

Decisão atendeu pedidos de ação civil contra falta de condições de trabalho na cooperativa de Itajaí

MPT apontou situação precária da cooperativa por culpa da prefeitura (Foto: João Batista) Decisão quer contrato entre município e a Cooperfoz (Foto: João Batista)
MPT apontou situação precária da cooperativa por culpa da prefeitura (Foto: João Batista) Decisão quer contrato entre município e a Cooperfoz (Foto: João Batista)
miniatura galeria
miniatura galeria
miniatura galeria

O município de Itajaí foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 150 mil e a implementar uma série de medidas para garantir condições dignas de trabalho aos catadores ligados à Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Material Reciclável da Foz do Rio Itajaí (Cooperfoz). A prefeitura informou que vai recorrer.

A decisão é da juíza Rosilaine Barbosa Ishimura Souza, da Vara do Trabalho de Itajaí. Ela julgou parcialmente procedente a ação civil pública aberta pelo Ministério Público do Trabalho ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

A decisão é da juíza Rosilaine Barbosa Ishimura Souza, da Vara do Trabalho de Itajaí. Ela julgou parcialmente procedente a ação civil pública aberta pelo Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC). A ação, conduzida pela procuradora Safira Cristina Freire Azevedo Carone Gomes, teve origem em inquérito civil público de 2021, pra apurar caso de fraude e condições de trabalho degradantes na cooperativa.

Continua depois da publicidade

A investigação revelou a situação de precariedade a que os cooperados estavam submetidos, em violação à Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010). Segundo o MPT, a precarização na Cooperfoz seria resultado direto da omissão da prefeitura em cumprir as obrigações previstas na legislação ambiental e trabalhista.

Relatórios da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SRTE/SC) e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) apontaram diversas irregularidades, como falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e treinamento de segurança, máquinas sem itens de segurança, instalações sanitárias inadequadas e ganhos abaixo de trabalhadores celetistas que fazem as mesmas funções. “Dessa forma, a Cooperfoz não conseguia cumprir com o princípio cooperativista da ‘retribuição pessoal diferenciada’, como também os princípios e valores previstos no artigo terceiro da lei 12.690/2012 [regulamentação das cooperativas de trabalho]”, afirma o MPT. A legislação traz princípios como participação econômica dos membros, preservação dos direitos sociais e não precarização do trabalho.

A investigação também apontou que não havia contrato da prefeitura com a cooperativa, que atuava informalmente, sem receber pelos serviços para o município. Ainda foi levantado que a concessão com a empresa de lixo, pra coleta de resíduos sólidos em Itajaí, permitia que a concessionária vendesse os recicláveis em vez de destiná-los aos catadores da Cooperfoz.

Prefeitura não aceitou acordo pra evitar ação

No processo, o MPT propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a prefeitura, que não se interessou em assinar. Diante disso, e pelo não cumprimento das obrigações, a procuradoria destacou que não restou alternativa senão o ajuizamento da ação civil pública, em 2021, que agora teve julgamento pela Justiça.

Na ação, o MPT-SC sustentou que a causa da precarização não estava na gestão da cooperativa, mas na falha do município em garantir condições adequadas para o trabalho e a remuneração dos cooperados. “A escassez de recursos da cooperativa resulta na dificuldade de prover condições de saúde e segurança, configurando, na prática, uma precarização das condições de trabalho”, ressaltou a procuradora.

Tem que manter estrutura

Na sentença, a juíza reconheceu grande parte dos pedidos do MPT-SC e ordenou que o município priorize a contratação da cooperativa, garantindo recursos suficientes para o pagamento dos cooperados e a manutenção da infraestrutura.

A prefeitura também deve fornecer galpões adequados, com equipamentos seguros, como prensas e esteiras, fiação elétrica industrial para suportar o funcionamento de todos os equipamentos, iluminação e ventilação adequadas e áreas adequadas pra carga e descarga de resíduos e programas de capacitação, saúde e segurança no trabalho.

Continua depois da publicidade

Em caso de descumprimento, além do valor da indenização de R$ 150 mil, que será revertido a entidades beneficentes, foi fixada uma multa contra o município de R$ 5 mil por infração.

 

Prefeitura diz que decisão viola autonomia municipal

Por meio da Procuradoria-Geral, a prefeitura informou, em nota, que vai recorrer da decisão e defendeu sua autonomia administrativa. “A Procuradoria entende que a sentença apresenta falhas jurídicas e interfere em questões que são de competência exclusiva da administração municipal”, disse.

Continua depois da publicidade

O município defende que o processo não trata de uma relação de trabalho direta, mas sim de políticas públicas ligadas à gestão de resíduos sólidos e ao apoio a grupos sociais vulneráveis, temas administrativo e ambiental. “Por isso, a prefeitura entende que o caso deve ser analisado pela Justiça comum, e não pela Justiça do Trabalho”, considera. A Procuradoria acrescentou que a decisão também interfere indevidamente na gestão municipal, violando o princípio da separação dos poderes.

Ainda segundo a nota, as medidas impostas têm impacto financeiro, não levando em conta as limitações orçamentárias. Outro ponto defendido é que não existe vínculo de emprego entre a prefeitura e os catadores, que atuam de forma autônoma e independente.

 

Continua depois da publicidade

Cooperfoz manipula 150 toneladas de lixo ao mês

Cooperativa quer contrato direto com o município
Cooperativa quer contrato direto com o município

 

O presidente da Cooperfoz, Jonatas de Souza, espera que a decisão faça o município reconhecer o trabalho da cooperativa, hoje com 20 associados, e que ajuda no sustento de ao menos 200 famílias de catadores. O galpão na Canhanduba, em terreno cedido por meio de TAC, recebe 150 toneladas por mês de resíduos pra reciclagem, da coleta seletiva e dos catadores. “Queremos um reconhecimento pelo trabalho prestado, porque fizemos parte de um trabalho que está dentro da lei federal dos resíduos sólidos”, frisa. Ele lembra que a legislação obriga a prefeitura a cuidar do resíduo da coleta até a destinação, o que hoje é feito pela cooperativa.

Com o apoio municipal, Jonatas destaca que a Cooperfoz poderia ampliar a atuação, ter melhor estrutura e integrar ações de educação ambiental. O contrato daria segurança financeira para manutenção das atividades. Até pra roçada no pátio a Cooperfoz cobra atenção da prefeitura. “Todo empreendimento dessa natureza tem que ter um apoio financeiro do município. Porque nós temos a coleta seletiva no município, só que junto nós temos centenas de famílias que sobrevivem desses resíduos, que são os trabalhadores autônomos”, informa, apontando o impacto social da cooperativa e a volta dos investimentos para a própria população.






Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.2


TV DIARINHO


🚢📣 PORTO COM NOVA GESTÃO! | O Porto de Itajaí terá nova gestão provisória, desta vez da Codeba, estatal ...



Especiais

Vítimas esperam indenizações enquanto sócios vivem em imóvel de R$5 milhões

Caso Backer

Vítimas esperam indenizações enquanto sócios vivem em imóvel de R$5 milhões

EUA gastaram milhões para cooptar PF há 20 anos; processo não foi julgado

POLÍCIA FEDERAL

EUA gastaram milhões para cooptar PF há 20 anos; processo não foi julgado

Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

SAÚDE

Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

Vítimas de nudes com IA sofrem em limbo digital enquanto sites lucram: “Me senti abusada”

PERIGO DA IA

Vítimas de nudes com IA sofrem em limbo digital enquanto sites lucram: “Me senti abusada”

Cidades mineiras se preparam para exploração de enorme jazida de terras raras

EXPLORAÇÃO

Cidades mineiras se preparam para exploração de enorme jazida de terras raras



Blogs

Chega de barulho e poluição

Blog do Magru

Chega de barulho e poluição

Desparasitar

Blog da Ale Françoise

Desparasitar

Conexão Suécia

Blog do JC

Conexão Suécia

Super Gyro

Blog da Jackie

Super Gyro

🌸 Outubro Rosa: o papel da vitamina D na luta contra o câncer de mama

Espaço Saúde

🌸 Outubro Rosa: o papel da vitamina D na luta contra o câncer de mama



Diz aí

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

Diz aí, Níkolas!

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

Diz aí, Bene!

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

Diz aí, Thaisa!

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

Diz aí, Pavan!

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

"Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora da Câmara"

Diz aí, Anna Carolina!

"Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora da Câmara"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.