JORNADA

Educação em tempo integral: o desafio de transformar a escola em Santa Catarina

Nova política estadual propõe reorganizar o tempo de permanência na escola e valorizar a formação docente

Ampliar o tempo escolar é estratégia para reduzir desigualdades sociais (Gerada com IA)
Ampliar o tempo escolar é estratégia para reduzir desigualdades sociais (Gerada com IA)

A educação em tempo integral no Brasil é fruto de uma construção histórica. Desde o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), ampliar o tempo escolar surge como estratégia para reduzir desigualdades e promover a formação integral. Décadas depois, experiências como os CIEPs de Darcy Ribeiro e os CAICs no governo Collor reforçaram esse ideal, mas muitos fracassaram por falta de estrutura, financiamento e preparo profissional.

Para o professor George Saliba Manske, da Univali, ainda há equívocos: “Não se trata apenas de aumentar horas em sala de aula. O tempo integral precisa significar outra forma de organizar a educação, garantindo pesquisa, pensamento crítico, cultura e cidadania”.

Continua depois da publicidade

A professora Joelma Amorim, da SED/SC, destaca que a modalidade amplia oportunidades de desenvolvimento intelectual, social e emocional. Já Osvaldir Ramos, do Conselho Estadual de Educação, diferencia Educação em Tempo Integral, voltada à permanência estendida, de Educação Integral, que busca formação multilateral.

Em Santa Catarina, o tema ganhou força em 2025 com a Resolução CEE/SC nº 024/2025, que fixou diretrizes para a Educação Integral em Tempo Integral. Prevê jornada mínima de sete horas e expansão para todas as etapas da educação básica — da infantil ao médio, incluindo modalidades indígena, quilombola e inclusiva.

Segundo Manske, a proposta acerta ao defender formação multidimensional. “A escola precisa oferecer currículo integrado, em que ciência, arte, esporte e práticas comunitárias dialoguem. O aluno deve ser protagonista do próprio processo”. Alexandre Matiello, coordenador estadual do Programa de Formação Continuada, reforça: “Mais do que ampliar a jornada, queremos uma educação que contemple dimensões afetiva, social e cultural”.

Outro ponto é a participação das comunidades escolares e tradicionais. A resolução prevê consulta a povos indígenas e quilombolas, respeitando identidades e saberes. Para Manske, isso exige coragem política para transformar a escola em espaço de encontro entre diferentes conhecimentos.

Outro eixo é a reestruturação do ensino médio, alinhada à Lei Federal nº 14.250/2021 e à Lei Estadual nº 15.100/2025. A partir de 2026, o modelo terá duas bases: Formação Geral Básica (2,4 mil horas obrigatórias) e Itinerários Formativos (mínimo de 600 horas), que permitem aprofundamentos em áreas ou formação técnica.

Haverá também ensino médio integrado técnico, com 2,1 mil horas de FGB e até 1,2 mil de formação profissional. Para Manske, a mudança busca equilibrar formação acadêmica e inserção no trabalho: “É um modelo que pode dar mais sentido ao percurso escolar, mas sua eficácia depende das condições das escolas e da qualificação docente”.

A implementação será gradual: em 2025, a 1ª série; em 2026, a 2ª; em 2027, a 3ª. As redes já iniciaram adaptação curricular, revisão de carga horária e diálogo com famílias. Ainda assim, a exigência de ofertar ao menos dois itinerários por escola pode reforçar desigualdades. “A legislação garante escolha, mas na prática ela será limitada pela infraestrutura e pelos professores de cada território”, alerta Manske.

Ao combinar a ampliação da jornada com a reestruturação do ensino médio, Santa Catarina assume o desafio de transformar a educação em experiência integral.

Continua depois da publicidade



WhatsAPP DIARINHO


Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.


Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.108


TV DIARINHO


🚛🚨 TUDO TRAVADO | Um caminhão que quebrou na BR 470, em Navegantes, e travou o acesso ao bairro Volta ...



Especiais

Mudanças no texto não resolvem problemas do projeto, dizem especialistas

PL Antifacção

Mudanças no texto não resolvem problemas do projeto, dizem especialistas

Na sede da COP30, falta água e saneamento em bairros de maioria negra

Belém

Na sede da COP30, falta água e saneamento em bairros de maioria negra

Raoni desafia planos de Petrobras e Lula na COP30: “Não queremos petróleo na Amazônia”

EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Raoni desafia planos de Petrobras e Lula na COP30: “Não queremos petróleo na Amazônia”

Obras bilionárias da COP30 revelam contradições entre progresso e precarização em Belém

COP30

Obras bilionárias da COP30 revelam contradições entre progresso e precarização em Belém

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil

LABORATÓRIO

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil



Blogs

Prefeitura continua implantando placas fora do padrão

Blog do Magru

Prefeitura continua implantando placas fora do padrão

Obra de mandato

Blog do JC

Obra de mandato

Silêncio Submerso — quando o amor prende a respiração

VersoLuz

Silêncio Submerso — quando o amor prende a respiração

🔥 Termogênese Natural: como acelerar o metabolismo sem comprometer a saúde

Espaço Saúde

🔥 Termogênese Natural: como acelerar o metabolismo sem comprometer a saúde



Diz aí

"A parceria com Santos acabou ficando pesada para nós"

Diz aí, João Paulo!

"A parceria com Santos acabou ficando pesada para nós"

"Você não pode ajudar quem já tem tudo, puxar o saco do poderoso - isso qualquer idiota faz"

Diz aí, Colombo

"Você não pode ajudar quem já tem tudo, puxar o saco do poderoso - isso qualquer idiota faz"

"O Metropol era o melhor time do estado. O Marcílio era o segundo"

Diz aí, Anacleto!

"O Metropol era o melhor time do estado. O Marcílio era o segundo"

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

Diz aí, Rubens!

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

Diz aí, Níkolas!

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.