A realização do evento é prevista anualmente no mês de maio, perto do aniversário da Sociedade Cultural Beneficente Sebastião Lucas, comemorado no dia 22 de maio. A inclusão da festa no calendário municipal foi proposta da vereadora Hilda Deola (PDT). O objetivo é celebrar a cultura afro-brasileira e fomentar a integração social e o respeito à diversidade étnica, contribuindo para a inclusão e igualdade social.
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Na primeira discussão, o projeto foi aprovado com 12 votos favoráveis e três contrários. Votaram contra os vereadores Victor Nascimento, Adão Bittencourt e Liliane Fontenele, todos do PL. A proposta tramita desde o início do ano e deveria ser votada no começo de agosto, mas a discussão foi adiada pra essa semana.
A vereadora Hilda Deola destacou a comemoração no plenário com a canção “Sorriso negro”, um hino de exaltação à negritude imortalizado na voz de Ivone Lara. “A celebração não poderia ser mais simbólica: ao som de Sorriso Negro, entoado por vozes cheias de orgulho e ancestralidade, o plenário se encheu de emoção e história”, comentou.
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Hilda destacou que a aprovação da Virada Afrocultural no calendário oficial do município garante espaço para a valorização da cultura negra, para a memória e para a resistência que atravessam gerações. “Um passo enorme na luta contra o racismo e pela afirmação da identidade negra na nossa cidade”, completou.
A Virada Cultural contará com apresentações artísticas, gastronomia, música, dança e atividades recreativas, realizada nas dependências ou entorno da Sociedade Sebastião Lucas, na Vila Operária. Neste ano, o evento chegou a 4ª edição e rolou no dia 24 de maio, celebrando 73 anos de fundação da entidade, que é um espaço histórico do movimento negro em Itajaí.
Vereadores contrários ao projeto alegaram segregação racial
Os vereadores que votaram contra o projeto justificaram não concordar com uma suposta segregação racial que o evento estimularia. Também foi apontado que a associação responsável pelo evento teria uma atuação mais ideológica e política do que cultural.
Victor Nascimento lembrou o livro “Minha luta”, de Adolf Hitler, comentando que a luta do ditador alemão era a luta racial, de uma raça contra a outra. “A moeda da briga das raças tem um lado branco e um lado negro. Eu jamais farei parte dessa guerra. Jamais farei parte dessa briga”, discursou.
Adão Bittencourt alegou ser regido pelos ensinamentos da Bíblia e que, em sua visão de mundo, não acredita em divisão racial. “Então, não existe raças, existe apenas uma raça, a raça humana”, defendeu. A vereadora Liliane também reforçou a ideia do “todos somos iguais” e discordou que os negros sejam hoje uma minoria étnica, considerando que negros e pardos representam 55% da população.
Liliane ainda defendeu que a associação Sebastião Lucas tem fins políticos. “Eu que estava inclinada a votar favorável, considerando a história da cultura do clube, hoje vejo que o clube modificou a sua finalidade, atribuindo um CNAE de atividade política e, portanto, desvirtua toda a atividade cultural e história pelo qual o clube foi criado”, argumentou.