COP30

Contra "racismo estrutural" na mídia e mirando COP30, quilombolas e indígenas lançam rádio

Rádio vai discutir COP30, mudanças climáticas, saberes ancestrais e denúncias focando em vivências sem "intermediários"

Guilherme Cavalcanti/Agência Pública
Guilherme Cavalcanti/Agência Pública

Por Guilherme Cavalcanti | Edição: Ed Wanderley

“As mídias tradicionais continuam operando com quadros marcadamente homogêneos, muitas vezes tratando a diversidade como uma concessão, num gesto simbólico que beira o racismo estrutural. A nossa rádio nasce negra, quilombola, indígena”, resumiu a coordenadora da Rádio Nacional dos Povos (RNP) Letícia Leite, lançada na sexta-feira (1º) para discutir justiça climática, saberes ancestrais e cobertura popular. A RNP tem transmissão às sextas, das 14h às 17h, no site radionacionaldospovos.com.br e aplicativo.

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A iniciativa se apresenta na esteira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém. “A COP30 é uma oportunidade não apenas de sermos ouvidos, mas de colocarmos os povos originários e as comunidades tradicionais no centro da conversa sobre o futuro do planeta. […] Nosso objetivo é ocupar esses espaços [midiáticos] com uma narrativa coletiva, viva, e feita por quem está na linha de frente da defesa dos territórios”, complementou Leite.

Imagem mostra estúdio de gravação da rádio nacional dos povos
Estúdio de gravação da Rádio Nacional dos Povos

A RNP reúne comunicadores de diferentes regiões do Brasil e será operada a partir do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB). “É a primeira vez que a gente une o movimento social com a iniciativa da academia, com o programa de mestrado de sustentabilidade, que foi feito por nós, que é feito pra nós”, afirma a jornalista quilombola de Bom Jesus da Lapa (BA) Nathalia Purificação, uma das apresentadoras da iniciativa. 

Imagem mostra mesa de gravação da rádio nacional dos povos
“Não é alguém falando sobre nós. Somos nós falando por nós”, diz Valber Gama, um dos articuladores da rádio

“[A rádio nasce de] uma agonia, de saber que o nosso povo, quem a gente convive, não conseguia ter acesso a informação da forma que temos por ocuparmos posições importantes dentro dos movimentos sociais”, completa Purificação.

Para um dos articuladores da RNP Valber da Gama, a força da Rádio Nacional dos Povos está na autenticidade. “Não é alguém falando sobre nós. Somos nós falando por nós”, diz Gama, que é afro-indígena de Jacobina (BA), e completa: “Eu enxergo essa rádio como uma maneira de praticar e aplicar a sustentabilidade, que é sustentar os antigos saberes”.

Também apresentador e indígena da Terra Indígena Coroa Vermelha (BA), Tukumã Pataxó vê na iniciativa a possibilidade de conectar gerações, já que podcast, mídia recente, seria distante da realidade das lideranças mais velhas. “A grande maioria dos territórios que estão mais distantes da cidade ainda escutam a rádio para que os parentes consigam ter as notícias da cidade. […] Posso falar de esporte, de ataque ao território ou de um evento na aldeia. É uma conversa aberta com quem tá na linha de frente”, diz o diretor de comunicação da Associação de Jovens Indígenas Pataxó. 

Imagem mostra mesa de gravação da rádio nacional dos povos
A RNP reúne comunicadores de diferentes regiões do Brasil

Outra proposta do projeto é desmistificar preconceitos sobre as vivências indígenas. O quadro “Tibira” homenageia o indígena Tupinambá assassinado em 1616 e reconhecido como a primeira vítima de homofobia registrada no Brasil. Nele, o jornalista Fulni-ô da Terra Indígena Apucaraninha (PR) Yago Kaingang trata das próprias experiências. “Sou LGBT e sou indígena. Eu vivi essa realidade de como é ser LGBT dentro do território, movimento e da sociedade não indígena. A gente precisa dessa visibilidade para a nossa causa”, afirmou.

A RNP é fruto de uma parceria entre a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).



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