O problema foi discutido em reunião entre empresários, lideranças comunitárias e representantes da prefeitura na Associação Empresarial de Itajaí (ACII), em julho. O município prevê parcerias com a iniciativa privada pra ampliar a oferta de moradias acessíveis e qualificar a mão de obra para atender à economia.
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O secretário de Urbanismo e Habitação, João Paulo Kowalsky, aponta a necessidade de investimento na infraestrutura habitacional diante do crescimento urbano. “A cidade cresce rápido demais. A cada 24 horas, são 34 novos itajaienses e, com isso, há demanda por cerca de 34 novas casas diárias”, destacou.
De acordo com informações do município, embora haja demanda para cerca de cinco mil novas moradias por ano, o mercado esbarra em altos custos de terreno e dificuldades de liberação de loteamentos. Segundo o secretário, hoje 10 loteamentos estão em análise, com potencial para quatro mil novos lotes, além de projetos em bairros como Santa Regina, Itaipava, São Roque e Espinheiros.
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Entre as iniciativas pra aliviar o déficit, está o projeto do residencial Tibério Testoni, com mais de 370 unidades em duas fases pelo programa Minha Casa, Minha Vida, em área no bairro Cordeiros, além de novas frentes habitacionais no Cidade Nova, com projeto em fase final para mais 120 moradias.
A primeira fase do conjunto Tibério Testoni 2 prevê a entrega de 176 moradias em um ano e meio. As obras já começaram no local, com a preparação do terreno para a construção. O projeto do Tibério Testoni 1, com mais 200 apartamentos, ganhou aprovação da Caixa e está nos trâmites burocráticos pras obras começarem em 2026.
A prefeitura ainda estuda um “choque de oferta de terra” pra facilitar licenciamentos e estimular construções pelo Minha Casa, Minha Vida, especialmente na faixa 2 (imóveis até R$ 350 mil). O acesso à moradia na cidade é afetado pela valorização imobiliária. Pela pesquisa FipeZap divulgada neste mês, Itajaí aparece em quarto lugar no ranking do metro quadrado mais caro do país, com valor de R$ 12.420.
Sobra emprego e falta capacitação
A secretária de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, Gabriela Kelm, apresentou um panorama do esforço do município pra qualificação profissional e geração de empregos. Entre as ações estão feirões de empregos pra contratações imediatas e o programa de qualificação profissional.
O projeto já ofereceu bolsas de estudo para mais de 50 alunos no primeiro semestre, com 74 cursos em parceria com as unidades do Sistema S (Senai, Senac, Sest, Senat). A formação é voltada para a demanda da indústria local, com foco em áreas como soldagem, pintura naval e operação de empilhadeira.
“A empresa diz o que precisa, e a gente monta o curso. Mas precisamos que as pessoas morem perto desses empregos. A mobilidade entre os extremos da cidade é um desafio diário para quem precisa atravessar a BR 101 de bicicleta ou moto elétrica para trabalhar”, observou a secretária.
Vagas de trabalho não faltam. Pelo Balcão de Empregos, são mais de 1600 oportunidades nas áreas administrativas, comércio, serviços e indústria. No último mês, foram cerca de 300 contratações efetivadas pelo programa. Já pelo Sine, são quase 200 vagas abertas. Em 12 meses, Itajaí registrou saldo positivo de 3213 empregos e abertura de quase 10 mil empresas.
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Projeto prevê vila com custeio de aluguel para trabalhadores
A reunião discutiu a implantação do projeto Vila Empreendedora, que prevê a construção de 400 moradias com aluguel subsidiado, com valores entre R$ 800 e R$ 900, destinadas exclusivamente a trabalhadores empregados em empresas de Itajaí. O modelo será viabilizado por meio de parceria público-privada (PPP).
Segundo a secretária Gabriela, a proposta une habitação, qualificação profissional e infraestrutura urbana. “Não adianta só entregar casa. A vila vai ter comércio, creche, escola, área de lazer — tudo o que o trabalhador e sua família precisam. Quem perder o emprego, perde também o direito à moradia no local”, explicou.
Regularização fundiária para quatro mil lotes
O problema da habitação também passa pela regularização fundiária. Conforme o secretário João Paulo Kowalsky, o município tem quatro mil lotes mapeados para legalização. Até julho, foram quase 100 escrituras de imóveis entregues pelos programas Reurb e Lar Legal. A meta é chegar em duas mil até 2028.
Imóveis que viraram problema social também estão no alvo do município pra projetos habitacionais. Um dos exemplos é o local do prédio abandonado há 35 anos no bairro São Vicente, que começou a ser demolido em julho. A prefeitura pretende municipalizar a área pra proposta de moradia ou obra pública, como escola.
As parcerias com a iniciativa privada são vistas como fundamentais pra que os gargalos de habitação e mobilidade não freiem o desenvolvimento da cidade. “A força do setor privado é essencial, mas cabe ao poder público criar o ambiente para que esse investimento aconteça com foco em moradia acessível e perto do emprego”, disse o secretário.
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A presidente da ACII, Thaisa Nascimento Corrêa, destacou o papel da entidade em incentivar o diálogo para que a Itajaí continue crescendo, mas com sustentabilidade e inclusão. “Temos uma cidade em transformação. O diálogo entre empresários e gestores públicos é o caminho para garantir que o desenvolvimento de Itajaí beneficie também quem vive e trabalha aqui todos os dias”, frisou.