O portal The Intercept Brasil voltou a denunciar, em postagem no Instagram, que a Polícia Civil de Santa Catarina exigiu a identificação das fontes usadas na reportagem sobre o caso Mari Ferrer, publicada em 2020. A matéria revelou gravação de audiência judicial em que a então modelo e influenciadora, que afirmou ter sido vítima de estupro, foi humilhada pelo advogado do acusado do crime, sem intervenção do juiz e do promotor do caso.
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Em dezembro de 2024, o site revelou estar sendo alvo de investigação da Polícia Civil de Santa Catarina, em meio a uma “onda de assédio judicial”, com ao menos 25 processos abertos contra ...
Em dezembro de 2024, o site revelou estar sendo alvo de investigação da Polícia Civil de Santa Catarina, em meio a uma “onda de assédio judicial”, com ao menos 25 processos abertos contra o portal após a repercussão nacional da reportagem. Na época, o The Intercept Brasil informou ter negado a entrega de dados para a polícia, diante de uma investigação chamada de “escandalosa”.
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O site diz que segue sofrendo retaliações e perseguições e pede ajuda pra lutar contra as injustiças. “O caso Mari Ferrer mostrou o quão brutal o sistema pode ser com quem busca justiça. Desde 2020, enfrentamos processos e intimidações por expor essa realidade. Em uma dessas investidas, querem até quebrar o sigilo das nossas fontes”, diz postagem do site feita no domingo.
“A Polícia Civil quer saber nossas fontes. É claro que vamos negar. Nos recusamos a entregar dados sigilosos para uma investigação policial que ignora os direitos constitucionalmente garantidos aos jornalistas”, destacou a publicação em imagens divulgadas.
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O site lembrou os efeitos da reportagem, com a criação da lei Mari Ferrer contra a revitimização das vítimas de violência nos processos judiciais, mas destacou que o portal ainda sofre retaliações e processos que despendem recursos financeiros e colocam em risco a continuidade do trabalho de jornalismo independente.
Entre os processos, a jornalista autora da matéria foi condenada a um ano de prisão e ao pagamento de R$ 400 mil em indenizações. A condenação foi em duas ações por difamação contra o juiz Rudson Marcos e o promotor Thiago Carriço, que atuaram no processo judicial do caso Mari Ferrer. “Estamos recorrendo, mas a perseguição continua”, denuncia o The Intercept Brasil.
As exigências da polícia seriam pra um inquérito aberto para investigar suposto vazamento de informações do processo judicial sobre o caso Mari Ferrer e que embasou a reportagem do The Intercept Brasil. Segundo o site, a Polícia Civil exigiu “identificação detalhada das fontes de informação”, a origem de conteúdo confidencial usado na matéria e como o material foi obtido.
O DIARINHO pediu um posicionamento da Polícia Civil sobre o caso, mas até o fechamento desta edição não teve retorno.