POLÊMICA NO SURFE
Após reclamações, Aspi inclui mulheres, crianças e deficientes no “Molhes in vibe”
Mulheres que reclamaram da exclusão dizem que foram ameaçadas por "locais"
Anderson Davi [editores@diarinho.com.br]

A Associação de Surf Praias de Itajaí (Aspi) anunciou nesta quinta-feira a inclusão das categorias para mulheres, crianças e deficientes no “Molhes in vibe”, evento já tradicional do surfe de Itajaí que tem apoio da prefeitura. A mudança aconteceu um dia depois da repercussão negativa da programação divulgada inicialmente, sem essas categorias. O evento teve a duração reduzida: em lugar de um mês inteiro, vai rolar de 2 a 10 de agosto.
Na publicação feita nesta quinta, a Aspi cita que a programação está mais “enxuta” para manter o equilíbrio e o respeito à tradição do lugar e da comunidade local de surfistas. Sobre a inclusão das novas categorias, a Associação destaca que atendeu aos pedidos do público e dos patrocinadores.
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Com isso, o surfe adaptado será no dia 2, na praia do Atalaia. Já o feminino e o groms sub-18 serão na janela de datas de eventos, nos Molhes do Atalaia. Todas as categorias têm taxa de inscrição e premiação em dinheiro do primeiro ao quarto colocado.
Inicialmente, a programação anunciada incluía as categorias free surf local, open local, master local, gran master local, kahuna local e convidados. Também fazem parte do evento modalidades como canoa havaiana (em Cabeçudas), futevôlei, skate e surfskate. As atrações musicais serão anunciadas em breve.
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Decisão em reunião
De acordo com o presidente da Aspi, Felipe Luz, a programação inicial do Molhes in vibe foi decidida em reunião com associados e surfistas locais. “Enviamos nos grupos dos associados sobre a reunião, convidamos as pessoas, porém, infelizmente, ninguém se interessou e quem estava na reunião decidiu. Ontem (quarta-feira), toda a diretoria se reuniu. Presidente, vice, diretor cultural, diretora feminina, diretor técnico, conselho fiscal, marketing e financeiro, e tomamos a decisão de adicionar ao evento as categorias que faltavam”, explica.
Ele defende que foi a atual gestão (2022 a 2026) que tornou o Molhes in vibe um festival com ações para todas as idades, gêneros e perfis. Além disso, destaca as ações da Associação em prol do surfe feminino.
“Fomos pioneiros em Santa Catarina ao realizar um evento 100% feminino, com organização e participação só de mulheres, em outubro de 2023, durante o Outubro Rosa. Tivemos a presença da campeã mundial Jaqueline Silva. Em 2024, seguimos nessa linha com um café da manhã, aula de yoga e aulas de surfe abertos ao público”, completa.
A reunião que decidiu a programação do evento também teve outras pautas, como melhorias na iluminação, na localização e premiação dos eventos, e pedido de prestação de contas da atual gestão. Além de buscar soluções para as demandas, a Aspi também criou um portal da transparência pelo site: www.aspi-sc.com.br/portal-da-transparencia.
Ameaças e dúvidas
A programação inicial fez com que atletas que tiveram suas categorias excluídas do evento se manifestassem na postagem da Aspi reclamando da situação. Algumas mulheres que cobraram o seu espaço passaram a receber ameaças de pessoas que se identificam como “locais” dos molhes, com mensagens como “tome cuidado ao frequentar a praia”. As ameaças foram registradas em boletim de ocorrência.
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A surfista Luara Guilhermetti Coutinho, do grupo Sereias da Atalaia, irá procurar a Fundação Municipal de Esporte e Lazer (FMEL) para tratar do uso da praia para a prática do esporte diante da polêmica e das ameaças.
“Queremos saber o que pode ser feito para que as pessoas possam usufruir do esporte sem medo na praia do Atalaia. As competições estão sendo feitas somente para surfistas denominados ‘locais’. Estão ignorando e apagando meus comentários onde peço explicação sobre essa denominação em ser ‘local’. Colocam restrições, mas não informam o que é preciso pra se enquadrar para poder participar do evento. Isso me parece mais como um evento ‘fechado’. Como se estivessem usando o dinheiro do evento para beneficiar somente quem os interessa”, justifica Luara.
O DIARINHO procurou a assessoria de imprensa da FMEL para esclarecimentos, mas não teve retorno até o fechamento da matéria.