Projeto foi considerado estratégico em reunião com agência japonesa (Foto: João Batista)
A proposta prevista há quase 40 anos contra as cheias na foz do rio Itajaí-açu e incluída em 2011 nos estudos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) pra prevenção de enchentes na região, foi “desenterrada” pelo governador Jorginho Mello (PL) durante agenda de comitiva catarinense em Tóquio, na semana passada.
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O projeto prevê a construção de um canal extravasor, desviando parte das águas do Itajaí-açu para o mar por dentro de Navegantes. A obra tinha valor estimado em R$ 500 milhões, a maior parte para ...
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O projeto prevê a construção de um canal extravasor, desviando parte das águas do Itajaí-açu para o mar por dentro de Navegantes. A obra tinha valor estimado em R$ 500 milhões, a maior parte para desapropriações de terras, com custos que precisam ser atualizados. Segundo o governo estadual, o projeto está entre as obras estratégicas pro controle de cheias e pra segurança hídrica no Vale do Itajaí.
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Na região da foz do Itajaí-açu, a obra é considerada uma das principais prioridades para ampliar a capacidade de escoamento das águas do rio ao longo de toda a bacia. Segundo estudos da agência japonesa, a solução estrutural aumentaria significativamente a proteção das cidades que margeiam o rio contra enchentes recorrentes.
Também foi discutido na reunião o projeto de um túnel em Blumenau, que teria a função de melhorar a vazão do Itajaí-açu no centro da cidade. O governador ressaltou, no entanto, que a obra em Navegantes deve ser feita primeiro, por representar um ponto crítico da drenagem da bacia. Com a melhoria do escoamento na foz, será possível fazer outras intervenções rio acima.
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“Essas obras são fundamentais para o futuro do Vale do Itajaí. Queremos contar com a expertise da Jica para transformar em realidade soluções que estão no papel há anos. A proteção dos catarinenses é a nossa prioridade”, disse Jorginho Mello. O governo estadual não respondeu sobre os detalhes atuais do projeto e prazos pra construção.
Retomada de parceria com os japoneses
A missão catarinense no Japão retomou a parceria histórica com a Jica, que atuou na estruturação da Defesa Civil de Santa Catarina desde as enchentes de 2008. A agência japonesa virou aliada especialmente após os desastres naturais naquele ano, ajudando com estudos, capacitações e planejamento. Porém, entre diversas obras propostas, como barragens, dragagens e alargamentos de rios, poucas saíram do papel.
O encontro neste mês visou atualizar o estudo elaborado em 2011 e tratar da possibilidade de uma nova parceria financeira para as obras estruturantes em diversas regiões do estado. A retomada está ligada ao programa “Proteção levada a sério”, com uma série de ações, planos, projetos e obras de combate às cheias e redução dos riscos de desastres.
“Nosso objetivo é atualizar esse compromisso, buscando não apenas apoio técnico, mas também financiamento para obras fundamentais que vão ampliar nossa capacidade de proteção, mitigação e resposta aos desastres. Vivemos um momento em que os eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes, e investir em prevenção é investir na segurança, na vida e no futuro dos catarinenses”, disse o secretário de Estado da Defesa Civil, Mário Hildebrandt.
Além dos projetos em Navegantes e Blumenau, foram apresentadas outras necessidades pra contenção de cheias, como novas barragens e modernização das já existentes. O pacote de obras soma 26 projetos, 25 no Vale do Itajaí e um na região de Tubarão. A barragem de Botuverá, pra conter as cheias do Itajaí-mirim em Brusque e Itajaí, é projeto mais avançado, com licitação em andamento pelo estado.
Canal vai criar “ilha” em Navegantes
A construção de um canal de escoamento no rio Itajaí-açu estava previsto no plano básico de controle de cheias de 1988, elaborado após as enchentes que assolaram o Vale do Itajaí entre 1983 e 1984. O canal extravasor foi proposto a jusante da ponte da BR 101, cortando Navegantes até a orla. A obra serviria pra melhorar o escoamento e atrasar o tempo de inundação em áreas da bacia abaixo de Gaspar.
Canal começaria após ponte da BR 101 e cortaria Navegantes até a praia (Foto: João Batista)
Com mudanças na ideia original, o projeto entrou nas listas de obras sugeridas pela Jica em 2011. De lá pra cá, a obra foi discutida várias vezes, as últimas em 2020 e 2023, após novos episódios de enchentes. Além dos custos, a necessidade de desapropriações milionárias e o impacto de obras em área urbana estão entre os principais entraves. O canal dividiria a cidade, formando uma ilha em Navegantes.
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O canal iniciaria em trecho abaixo da ponte da BR 101, no bairro Volta Grande, e atravessaria a BR 470, passando por Pedreiras e avançando até a Meia Praia. A extensão é de cerca de 10 quilômetros, com um canal de 125 metros de largura por 10 de profundidade. O projeto prevê seis pontes ao longo do trecho, sistema de diques com comportas no início e dois molhes no encontro com o mar.
O canal teria capacidade de escoar 1600 metros cúbicos de água por segundo. Ele só seria aberto no caso de enchentes, ficando vazio em outros momentos. Combinado com outras obras, como barragens no rio Itajaí-mirim e dragagens no rio Itajaí-açu, o projeto garantiria o controle das cheias na região para as próximas décadas.
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