COMPLEXO PORTUÁRIO
Investimentos bilionários para garantir portos na era dos navios gigantes
Obras no Porto de Itajaí e na Portonave buscam alavancar a movimentação de cargas e retomar a competitividade do complexo
João Batista [editores@diarinho.com.br]

Obras em andamento na Portonave e investimentos anunciados pelo governo federal e pela JBS no Porto de Itajaí devem alavancar a movimentação de cargas nos terminais portuários em geral. A expectativa é que o complexo retome a competitividade e o protagonismo nacional, especialmente com a consolidação das operações de contêineres em Itajaí, após dois anos de crise e as obras no canal portuário pra atender navios de até 400 metros.
Em Itajaí, o ministro dos Portos, Silvio Costa Filho, destacou o plano de investimentos de R$ 844 milhões para a modernização do Porto de Itajaí e a ampliação da capacidade do complexo, com a nova bacia de evolução e o aprofundamento da dragagem. Em Navegantes, a Portonave investe R$ 1,5 bilhão, entre a obra de adequação do cais e equipamentos elétricos pra movimentação de contêineres, incluindo dois guindastes gigantes que são os primeiros do porte no Brasil.
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Porto de Itajaí quer voltar ao auge

A retomada das operações de contêineres no Porto de Itajaí pela JBS Terminais em 2024 recolocou o terminal na rota de crescimento após quase dois anos esvaziado. O processo se complementou com a federalização do porto neste ano, a ser consolidado com a criação da Autoridade Portuária de Itajaí (API), que vai garantir a gestão local independente do Porto de Santos (APS).
O terminal peixeiro tem registrado alta no volume geral de carga, embora ainda sem alcançar metade da meta de movimentação de contêineres, de 44 mil TEUs mensais. O crescimento contínuo das operações e da arrecadação, porém, dão sinais da recuperação do Porto de Itajaí. Segundo a superintendência, foram R$ 75,8 milhões de faturamento entre janeiro e maio, somando o cais público e a área da JBS.
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A expectativa é de dobrar a receita em relação a 2024, quando o porto teve faturamento de R$ 86,1 milhões, valor que deve ser superado já em junho, impulsionado pela operação histórica do navio da BYD. Até o final do ano, a estimativa é de R$ 180 milhões. Só em maio, a arrecadação ficou em R$ 11,4 milhões e alcançou R$ 1,5 milhão no primeiro dia de junho.
Para o superintendente do porto, João Paulo Tavares Bastos Gama, o resultado indica o fortalecimento do terminal após a retomada e comprova o sucesso da gestão federalizada. “O Porto de Itajaí está cada vez mais forte e os números mostram isso. Os cinco primeiros meses com a gestão do governo federal apontam o sucesso do porto que voltou a operar e gerar arrecadação. Até o final de junho, vamos bater o valor total do ano passado”, destacou.
O porto contará com recursos do governo federal para modernizar a infraestrutura. Estão estimados em R$ 232 milhões os investimentos em melhorias no sistema elétrico, novo scanner, sistemas de navegação, novos gates e aumento da capacidade do Recinto Alfandegado Contínuo (RAC) do Porto de Itajaí. Para 2026, está previsto o edital pra concessão do terminal por 35 anos, com plano de quase R$ 3 bilhões em investimentos.
O andamento do processo foi apresentado pelo diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Wilson Lima Filho, em maio. Ele destacou que o Porto de Itajaí tem papel estratégico para a região sul do país e que a separação dos editais, um para o canal de acesso e outro pro arrendamento do terminal, visa à retomada das operações de forma estruturada e com segurança jurídica.
O projeto também quer estimular a eficiência e a competitividade do porto. “Com os investimentos previstos, será possível expandir o pátio do porto de forma compatível com a expansão da poligonal, entre outros pontos. O leilão também vai aumentar a capacidade do porto, reduzir custos e criar empregos e renda para o município e o entorno”, informa a Antaq.
Investimentos do governo federal no Porto de Itajaí
- Dragagem do canal do rio Itajaí-açu (16m): R$ 90 milhões
- Retirada do casco do navio Pallas: R$ 23 milhões
- Readequação do molhe de Navegantes: R$ 64 milhões
- Obras na bacia de evolução: R$ 68 milhões
- Adensamento da área do RAC: R$ 45 milhões
- Requalificação elétrica e de iluminação: R$ 20 milhões
- Contenção da margem direita do canal: R$ 67 milhões
- Novo scanner de raio-X: R$ 12 milhões
- Píer para navios de cruzeiros: R$ 300 milhões
- Sistema VTMIS (tráfego naval): R$ 65 milhões
- Sistema SmartPorto (segurança e inteligência artificial): R$ 30 milhões
- Monitoramento rodoviário e agendamento: R$ 30 milhões
- Modernização de gates e integração com Receita Federal: R$ 30 milhões
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