Em fase de restauração, a Casa Konder, de 1897, vai abrigar galerias e um café bistrô (Foto: Arquivo/Mário César de Souza)
Itajaí completa 165 anos e espaços históricos emblemáticos recebem melhorias, convidando o público a perceber com novos olhares a história da cidade. Exmplos disso são a restauração em andamento na Casa Konder e as obras de iluminação do Museu Histórico e da Casa da Cultura Dide Brandão. Em suas fachadas centenárias, as edificações guardam capítulos da trajetória da cidade em que passado e presente se cruzam.
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Tombados pelo patrimônio histórico, esses locais apresentam arquitetura que impressiona e a sua recuperação visa resgatar a memória e o sentimento de orgulho do povo itajaiense.
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Tombados pelo patrimônio histórico, esses locais apresentam arquitetura que impressiona e a sua recuperação visa resgatar a memória e o sentimento de orgulho do povo itajaiense.
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Casa Konder: história em restauração
A emblemática Casa Konder, construída em 1897 pelo mestre Roenick, está passando por um cuidadoso processo de restauração, iniciado há cerca de dois anos. Símbolo da presença e influência da família Konder na história de Itajaí, a casa mistura o estilo germânico com traços do Vale do Reno.
Responsável pelo projeto geral de restauro, a arquiteta Silvana Pitz reforça que o processo envolve várias técnicas e que, a cada etapa, são descobertos fragmentos da história da casa.
Neste mês de celebração do aniversário do município, foi incluída na programação de comemoração uma contação de histórias no local. A casa em restauro também tem sido usada em atividades dos alunos do curso de arquitetura da Univali.
Durante a restauração, um ponto que chama a atenção é a recuperação de partes da pintura original de paredes internas, um processo delicado feito pela arquiteta Márcia Escorteganha, que tem em seu currículo a revitalização do Palácio Cruz e Souza.
A Casa Konder já foi sede do conhecido sebo Casa Aberta (1997-2020), que fechou durante a pandemia do coronavírus. Após o período de três anos (2020-2022), o proprietário, Mário César de Souza, resolveu dar início à recuperação do patrimônio que deverá ser concluída em novembro.
“Quando iniciamos as obras, percebemos que a casa estava em ótimo estado de conservação. Nas intervenções feitas, buscamos preservar o máximo possível as características originais, pois a integridade da construção, desde o telhado, as esquadrias originais e pinturas estavam bem preservadas”, afirma Silvana. Das modificações realizadas, ela aponta a remoção dos banheiros que ficavam no lado interno do piso térreo e a abertura de um vão para interligar dois espaços. Ela indica ainda que o local irá abrigar duas galerias de arte, uma loja de arte e artesanato, uma sala para oficinas de arte e um café bistrô. “Também estamos em conversas para reabrir a Casa Aberta”, informa a arquiteta.
Mário César reforça a importância de preservar os patrimônios históricos. “Essa é uma forma de tornar as pessoas mais conscientes sobre o que é relevante para a cidade. Entendemos que é preciso modernizar, mas esses bens são um diferencial para o município”, explica o proprietário.
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Outro ponto é a necessidade de revitalização das calçadas por parte do poder público no eixo entre a igreja Imaculada Conceição até o Mercado Público. “Já houve conversas junto à administração pública durante as obras de renovação da rua Hercílio Luz. A valorização deste trecho, que abriga vários patrimônios históricos, é fundamental”, conclui o proprietário da Casa Konder.
Casa da Cultura: detalhes escondidos no cotidiano
Foto: Giselle Leal
Quem passa diariamente pela Hercílio Luz talvez não perceba os detalhes da antiga Escola Victor Meirelles, a badalada Casa da Cultura Dide Brandão.
Construída entre 1911 e 1913, a edificação foi pensada para atender às novas demandas educacionais da época, refletindo o ideal de modernização do ensino.
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Seu projeto arquitetônico traz elementos neoclássicos que resistem ao tempo, como caixilhos de madeira, pisos originais, ferragens decorativas e uma composição de fachada elegante e sóbria.
Atualmente, o local recebe várias atividades culturais, aulas de instrumentos musicais gratuitas à comunidade, além de sediar o “Teatrinho”, o Conservatório de Música Popular de Itajaí Carlinhos Niehues, a sala de leitura Bento Nascimento e as galerias Mauro Caelum e Silvestre João de Souza Júnior.
Um convite a olhar com mais calma
Foto: Giselle Leal
Mais do que espaços físicos, esses locais representam a memória coletiva itajaiense. Ao visitar ou simplesmente contemplar esses detalhes, somos convidados a reconhecer que Itajaí é feita de narrativas que transcendem datas e paredes.
Preservar e divulgar esses patrimônios significa construir uma relação afetiva com a cidade — algo que passa pelo envolvimento da comunidade e pelo olhar renovado de quem circula por seu centro histórico.
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Museu histórico: símbolo da história política abriga manifestações culturais
Subsolo do museu histórico, cheio de mistérios, já foi palco de espetáculo teatral (Foto: Paulo Giovany)
No imponente Palácio Marcos Konder, prédio de 1925 e um dos símbolos do ecletismo arquitetônico em Itajaí, está o Museu Histórico da cidade.
Ali, sob arcadas de tijolos aparentes, umidade e pouca luz, espetáculos teatrais e eventos artísticos recriam atmosferas de outros tempos. É um espaço que convida o visitante a uma experiência imersiva.
O acervo reúne quadros de personalidades do Brasil-Colônia; imagens da Itajaí de 1930; peças que retratam várias matrizes religiosas da cidade; um espaço dedicado à mostra da construção de embarcações em suas características originais e telas computadorizadas que simulam as janelas do interior de um navio mostrando gravações que rodam, simultaneamente, imagens reais da cidade; um espaço modernizado demonstrando profissões em extinção; uma coleção em homenagem à imigração japonesa. Isso sem falar do Salão Nobre que abriga vários eventos e o subsolo, um dos espaços que mais surpreende os visitantes. O Museu Histórico de Itajaí mescla memória, tradição e tecnologia.
Subsolo foi palco de espetáculo teatral
Entre 1992 e 1993, a primeira peça do grupo teatral “Acontecendo por Aí”, ativo há 33 anos, foi encenada no Museu Histórico de Itajaí. Nas escadarias do museu, o diretor de teatro e ator, Luciano Estevão, relembra, emocionado, o tempo em que o grupo encenou. “Quando despertarmos dentre os mortos”, adaptação da obra do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, com direção de Lourival Andrade. A peça é considerada a que mais tempo ficou em cartaz em um mesmo lugar em toda Santa Catarina.
Enquanto exibe as fotografias, analógicas, pois na época não existiam as digitais, ele relembra o enredo, que se passava na década de 1930 e contava a tragédia de um trio amoroso. A dinâmica das apresentações incluía a participação dos espectadores, envolvendo todos os ambientes do museu. “Nós distribuíamos aos espectadores capas para que eles pudessem imergir na época que a peça retratava. Nós atuávamos de sexta a domingo realizando as apresentações consecutivas”, recorda Luciano.
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