SENSAÇÃO MUNDIAL
Capivaras viram febre na China e já são tratadas como pets fofos
Popularidade da espécie nativa da América do Sul ganhou força a partir de vídeos e memes nas redes sociais
João Batista [editores@diarinho.com.br]

Se a China está “invadindo” o Brasil com investimentos bilionários, o Brasil está “exportando” pros chineses a simpatia das capivaras. Nativa da América do Sul e adaptadas ao ambiente urbano, como em Itajaí, os animais têm virado sensação na China, onde já são criados como pets e inspiram produtos e negócios. A febre está retratada em cafés e lojas temáticas com itens como pelúcias e brinquedos.
A popularidade começou nas redes sociais, em vídeos e memes com milhões de visualizações, mostrando os animais em situações curiosas, engraçadas e com o humor sempre “de boas” dos bichos. Os vídeos ganharam força a partir de 2020 e tornaram as capivaras um fenômeno na China. Em outros países, como Japão e Rússia, elas também fazem sucesso.
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Na China, a capivara virou símbolo de conexão com o Brasil, onde a presença do animal é marcante em muitas cidades do litoral e do interior. Em artigo no jornal Folha de S.Paulo em 2024, o presidente chinês, Xi Jinping, destacou “as fofinhas capivaras” na lista de influências culturais brasileiras, no mesmo patamar da bossa-nova, samba e capoeira, também populares na China.
As capivaras não deixaram de chamar a atenção na China durante o Fórum Empresarial Brasil-China, nesta semana, em Pequim, com comitiva liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas ruas da capital chinesa, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, comprovou que a capivara virou “paixão nacional” dos chineses.
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Ele postou um vídeo que mostra um rapaz andando com o animal na rua como se fosse um bicho de estimação. “Aqui na China está uma febre. A capivara virou um pet. Os filhotes custam uma fortuna e são mais que bichinhos de estimação, são celebridades”, comentou. “Eles chamam: ca-pi-va-ra. Imagina se a moda pega”, brincou.
A capivara, considerada o maior roedor do mundo, é uma espécie nativa só da América do Sul, presente em diversas regiões desde o sul do Panamá ao norte da Argentina. A presença em outros continentes é exótica, estimulada por criadores locais. As características de animal “simpático”, boa adaptação ao ambiente urbano e boa convivência com as pessoas fizeram a capivara ganhar o mundo, fora de seu habitat natural.
Animais são da fauna silvestre no Brasil
Apesar de comuns em áreas urbanas, no Brasil as capivaras são classificadas como animais silvestres da fauna nativa, protegidas pela Constituição e leis ambientais. A legislação proíbe criar ou manter os animais em casa ou em cativeiro sem autorização de órgãos ambientais, como o Ibama, responsável pela proteção da espécie. A lei ainda proíbe a exploração comercial de animais silvestres mantidos irregularmente.
No Brasil, a espécie também inspira produtos, como estampas de camisetas, pelúcias e quadros, além de postagens e memes na internet. Em Curitiba (PR), o animal deu forma ao “capistel”, pastel em formato de capivara, e virou motivo de decoração para outros salgados e doces. O animal também está na decoração de quartos e o uso como pet até já rendeu polêmicas.
Em 2023, o fazendeiro e influenciador digital Agenor Tupinambá, do Amazonas, viralizou nas redes sociais ao mostrar vídeos da rotina com a capivara Filomena, a “Filó”, entre outros animais silvestres cuidados por ele na fazenda. Na época, Agenor disse ter ganhado o animal ainda filhote, que teria sobrevivido à caça da mãe-capivara por indígenas.

A exposição de “Filó” nas redes pelo influencer gerou multa e apreensão do Ibama, sob o alerta do órgão de que “animal silvestre não é pet”. A capivara chegou a ficar com o Ibama pra ser reintroduzida na natureza, mas Agenor não perdeu a guarda. Ele conseguiu reverter o caso na Justiça Federal e teve a capivara devolvida por autorização provisória.