Diz aí, prefeito!
"Piçarras é a cidade mais prejudicada com a BR 101 parada"
O prefeito de Balneário Piçarras e presidente da Amfri, Tiago Baltt, foi entrevistado pela jornalista Fran Marcon e pelo colunista JC. Confira!
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
O senhor foi eleito presidente da Amfri. Quais são os planos para a gestão? No que a Amfri interfere no dia a dia da comunidade?
Continua depois da publicidade
Tiago: Antes de estar prefeito sempre escutava falar da Amfri como contribuinte, como pagador de impostos, mas eu não tinha noção. Hoje eu vejo que os prefeitos pecam. ...
Já tem cadastro? Clique aqui
Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais
Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!
Faça login com o seu e-mail do Google:
OU
Se você já tem um login e senha,
por favor insira abaixo:
Tiago: Antes de estar prefeito sempre escutava falar da Amfri como contribuinte, como pagador de impostos, mas eu não tinha noção. Hoje eu vejo que os prefeitos pecam. E vou virar um pouco dessa chave, porque muitas coisas que acontecem na nossa cidade saem da Amfri. Aqueles projetos, às vezes, que demoram, aqueles projetos que dão errado, aqueles projetos que o morador acha que é rápido. Nós temos que ser transparentes com o vamos fazer pela população. Nós estamos em 11 municípios e uma das coisas que eu quero fazer é ter mais aproximação. A Amfri é um grande instrumento de trabalho, e a porta tem que estar aberta para deputado federal, deputado estadual, para senadores, ministros. Nós somos 11 municípios que são os que mais crescem em Santa Catarina. Não tem como dar errado se nós estivermos com o governo federal, com o governo estadual e os nossos municípios muito bem alinhados.
Continua depois da publicidade
Como está o andamento do projeto de mobilidade que construirá o túnel entre Itajaí a Navegantes?
Tiago: Estou indo à Prefeitura de Itajaí [quarta à tarde] falar com o prefeito Robison sobre uma reunião que nós temos com o Carlos Bellas, que é o cara do Banco Mundial. Dos 11 prefeitos sete entraram novos, e nós queremos escutar novamente como está o alinhamento. Ninguém tem dúvida que é um projeto de um grande valor para a nossa região, mobilidade e acessibilidade, que é uma das coisas que a gente mais sofre, porque quando a gente fala em mobilidade e acessibilidade, nós de Piçarras, a primeira coisa é a BR 101, que é hoje um grande gargalo. Todos os prefeitos se mostraram muito interessados, com certeza vai ter continuidade. [Houve um adiamento do início das obras de 2026 para 2027. O senhor acredita que esse adiamento é um sinal de alerta ou foi necessário?] Eu acredito que seja necessário até adiar para os novos prefeitos entenderem. Balneário Camboriú, Itajaí e Navegantes pagam a maior parte do projeto. Navegantes, o prefeito Liba Fronza está no segundo mandato junto comigo. Prefeito Robison e prefeita Juliana estão entrando agora. Uma das coisas que eu peguei a presidência da Amfri e abri o consórcio para o prefeito Robison ser o presidente do Promobis. Como vai pagar a maior parte, a maior fatia do bolo, nada mais justo do que o prefeito estar à frente. O presidente do consórcio é o prefeito Robison.
Continua depois da publicidade
"Azar do homem que a mulher não manda nele”
O prefeito Luizinho, de Penha, pôde votar na sua eleição, mas em outras situações ele não pode votar por conta de uma dívida do antigo governo de Penha com a entidade. Pode explicar melhor essa dívida? Só Penha está devendo?
Tiago: O meu município está certo, mas eu fui saber em uma eleição que tinha um município inadimplente. Após eu assumir o cargo de presidente, pedi um relatório. Daqui a uns 15 dias eu sei te dizer como está a situação. [Existe um mecanismo para cobrar essa inadimplência?] Cobra! Hoje fica sem direito de projeto, fica sem direito desse trabalho. O município passa a sofrer. Não tem como dar continuidade fazendo uma bola de neve. [Isso é um aporte mensal?] O repasse de Piçarras chega a R$ 77 mil, mas depende da quantidade de projetos por cidade.
A BR 101 tem sido o ponto de colapso da mobilidade no trecho entre Itapema e Piçarras. Como estão as tratativas com o governo federal e Arteris para a terceira faixa?
Tiago: Não é até Piçarras, é de Itapema até Penha. Isso me deixou muito injuriado. Nós tivemos uma audiência pública com os prefeitos, os vereadores, os secretários, a Arteris e a ANTT. Eu sempre digo que Piçarras é a cidade mais prejudicada com a BR 101 parada. As pessoas que descem do norte ao sul, elas têm três saídas. Nós entramos no Morretes, Morro Alto, entramos no bairro Nossa Senhora da Conceição e no bairro Lagoa, onde tem o posto Grau. Todas as três saem na SC 414, que liga à BR 470, junto à ponte de Navegantes. As outras 10 cidades da Amfri, nenhuma dá essa possibilidade. Piçarras oferece “essa oportunidade do Waze”, que joga para dentro da nossa cidade. A estrutura que nós temos não é para caminhão de 30, 40, 50 toneladas. Tanto que a nossa marginal é uma das brigas. O compromisso é do município arrumar, mas eu não deixo arrumar porque ela estraga não é com o peso dos automóveis, ela estraga com a BR parada e os caminhões desviando para a nossa marginal — e quem cobra pedágio não é o município. A Arteris cobra o pedágio. [Mas o senhor está cobrando a atuação da concessionária?] Sim, nós já temos 32 protocolos, entre Arteris e ANTT. Segunda estou em Brasília e marquei uma agenda para, mais uma vez, cobrar sobre a nossa marginal. Quando eu assumi a gestão em 2021, a fila da BR não entrava dentro de Piçarras, porque a fila parava debaixo do viaduto da Transbeto, perto da rede da BR 101. Quando teve o maior fluxo, entre Natal e Ano Novo, eu fechei as três entradas da cidade, Morretes, Conceição e Lagoa, com as barreiras de concreto. A fila passou do pedágio de Barra Velha a Araquari. [Como assim fechou com barreiras?] Com barreiras, com guardrail no meio da pista, só entravam os automóveis e os caminhões do município. [Legalmente falando, isso pode ser feito, prefeito?] Eu posso colocar o peso por tonelada. A cidade não tem a estrutura que tem a BR 101 para poder passar a carreta, caminhão acima de sete toneladas. Mas por falta de respeito, por loucura, por velocidade, na minha cidade, se der certo ou errado, quem leva o bônus ou o ônus sou eu. [Na época da covid foram feitas barreiras e o Ministério Público, logo em seguida, disse que era ilegal... Entendo a sua preocupação com relação à estrutura das ruas, o peso dos caminhões, mas legalmente o senhor não pode interferir no direito de ir e vir...] Mas era trancada 100%. A nossa é transitável. O caminhão do lixo, o ônibus circular e escolar, os caminhões de pequeno porte que entram para fazer retirada de arroz, da banana, da cachaçaria, os caminhões que fazem a entrega dos mercados, que nós temos na área rural, todos esses transitaram. Carreta acima de três eixos não passava nenhuma, só se fosse para se movimentar dentro da nossa cidade. Tinha a máquina do município que abria as barreiras e depois fechava novamente.
Como está o andamento das negociações para Itajaí receber uma nova etapa da The Ocean?
Continua depois da publicidade
Tiago: Eu assumi a Amfri na segunda-feira e é uma das demandas que a gente vai ter que tratar com os próximos prefeitos. O prefeito Robison, podemos dizer, é um pivô disso tudo. Eu pedi um relatório de tudo para saber como está.
Qual o grande projeto que o senhor pretende realizar como foco do seu segundo mandato?
Tiago: Uma das grandes demandas é a nossa orla. Navegantes, há poucos dias, teve a licitação deserta. A gente já fez três licitações do aterro hidráulico. Hoje o maior parque linear da nossa região está sendo feito em Balneário Piçarras: 1170 metros lineares, são 21.600 metros aproximadamente, de área construída, onde vamos ter bebedouro, lugar para evento, ciclovia, pista... A gente está querendo fazer os passeios e está desapropriando. Piçarras hoje é a praia do Brasil com a maior extensão de Bandeira Azul. Nós temos 85% de balneabilidade, os 15% não é que é imprópria, é que tem que fazer uma amostra, uma retirada da água de três em três dias para que até o final do ano nós estejamos com 100% de balneabilidade. Hoje, nós temos como prioridade a construção de uma nova ponte, o engordamento e o parque linear. Eu comprei muitos terrenos. Pela primeira vez Piçarras investiu em 36 lotes. Geralmente, sempre vendia, e eu comprei 36 lotes já planejando a cidade. A secretaria de Educação, a gente saiu do aluguel. A maior unidade de saúde é no bairro Itacolomi: 803 m², devo inaugurar nos próximos dias. Nós fizemos policlínica no centro, onde nunca teve. Nós tínhamos um quilômetro de ciclovia, hoje nós estamos indo para sete quilômetros.
O senhor trouxe o PL para fazer parte do governo. Essa aliança tem como foco a governabilidade?
Tiago: É governabilidade. [O senhor defende que o MDB tenha uma candidatura própria ao governo do estado ou vai apoiar a reeleição de Jorginho Mello?]Hoje eu apoiaria quem apoia Balneário Piçarras. Eu não vou conseguir estar junto com uma pessoa que não manda verba para Piçarras. [O governo de Estado tem mandado verbas para Piçarras?] Por enquanto está cumprindo o que nós tínhamos combinado, o que nós tínhamos engatado de projeto. Agora, nós temos um ginásio de esportes, nós temos uma macrodrenagem na avenida beira-mar e nós temos uma ponte. Se nós estivermos juntos e tivermos um encaminhamento, acho que se estiver dando certo, não podemos mudar. O meu compromisso com a política é Piçarras. Se for bom para Piçarras, independentemente de sigla partidária, eu vou estar junto com quem for apoiar a minha cidade.
Continua depois da publicidade
"Pela primeira vez Balneário Piçarras investiu em 36 lotes"
Seus adversários afirmam que sua esposa, presidente do MDB, manda mais que o senhor na prefeitura. Isso é verdade?
Tiago: Azar do homem que a mulher não manda nele. [Manda no governo também?] Não, lá o contribuinte manda em tudo. Eu entendo que, às vezes, as pessoas que falam isso gostariam de estar no lugar da minha esposa ou no meu. Eu vim da iniciativa privada. A empresa que o meu pai tinha, o mercado na avenida Getúlio Vargas, quem mandava não era só ele, muitas decisões a mãe mandava. [Mas quem manda é o prefeito...] A assinatura da minha esposa nunca vai ter em documento antes de ela ser eleita. [Mas ela sempre vai ser ouvida pelo senhor?] Ela e qualquer um. Eu fui o único prefeito em Piçarras, que completou 61 anos de emancipação política, que não fica só em gabinete. [Andressa Baltt será candidata a deputada estadual?] Hoje, depende muito da região. Nós temos deputado que nos apoiaram. Eu acho que a nossa região, independentemente de ser a minha esposa, e se for bom para o povo e bom para ela, eu sou um apoiador. Mas a nossa região não pode perder a oportunidade de ter um deputado.
O seu secretário de Administração, Márcio Rosa, divulgou que encontraram uma caneta espiã na sala dele. No entanto, a polícia não pôde iniciar a investigação porque a caneta não foi entregue à polícia. O caso vai ficar por isso mesmo?
Continua depois da publicidade
Tiago: Essa caneta apareceu do final de tarde para a manhã, pelo que a gente ficou sabendo depois, ela grava no máximo duas horas. Não foi dentro do meu gabinete, foi na sala de espera, uma sala que não é fechada, aberta ao público, onde fica o nosso secretário, junto com a menina da recepção. Quando eu fiquei sabendo do fato, a primeira coisa que eu pedi para fazer foi um boletim de ocorrência e divulgar nas redes sociais.. [Mas a caneta não foi entregue para a polícia, por quê?] Eu acho que foi entregue. [Acha que alguém teria motivo para gravar o secretário?] Não, eu não vi maldade nisso. A caneta tem duas funções, tanto ela gravava como escreve. Eu acho que a pessoa usou só para escrever.
O senhor e sua esposa foram acusados de passar em frente à casa de um motoboy de Piçarras, logo após a eleição, para supostamente intimidá-lo. O vídeo começou a circular neste início de ano. Como o senhor explica o ocorrido?
Tiago: Esse vídeo aconteceu uma hora após a eleição. Eu estava dirigindo o carro, no banco de trás tinham minhas filhas, de 11 e cinco anos, e a minha esposa. Eu estava desviando do trânsito, porque quando a gente saiu, geralmente em frente aos ginásios de esporte, em frente aos comitês, estava um caos. [O xingamento não foi feito pelo senhor?] Não, estava todo mundo berrando, eles falando, tanto que tem gravação deles e uma das coisas que passam é que todos berravam e conversavam. [E o porquê da denúncia?] Eu acho que é por não estar trabalhando...