O ex-agente penal e militante bolsonarista Jorge José Guaranho, de 40 anos, será julgado na terça-feira da semana que vem, dia 11 de fevereiro, em Curitiba, pelo assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, na época com 50 anos. Ele responde por homicídio duplamente qualificado: motivo fútil, ligado à violência política, e perigo comum.
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Marcelo Arruda foi morto a tiros em 2022, durante a festa de seu aniversário de 50 anos, que tinha como tema o ex-presidente Lula e o PT. O assassino, desconhecido da vítima, invadiu o salão, fez ...
Marcelo Arruda foi morto a tiros em 2022, durante a festa de seu aniversário de 50 anos, que tinha como tema o ex-presidente Lula e o PT. O assassino, desconhecido da vítima, invadiu o salão, fez ofensas ao aniversariante e disparou contra Arruda, que não resistiu aos ferimentos.
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O crime, em 9 de julho, marcou a escalada da violência política no Brasil e repercutiu internacionalmente. A denúncia do Ministério Público do Paraná apontou que o crime foi motivado por divergências político-partidárias. Imagens de segurança mostram o réu gritando frases de ódio, como “petista vai morrer tudo”, durante o ataque. A denúncia também destaca que o réu disparou várias vezes dentro do salão, colocando em risco todos os presentes.
Segundo o advogado Daniel Godoy Júnior, o caso deve ser um marco contra a violência política no Brasil. “O ódio político não está tipificado na legislação penal, mas é essencial que a motivação política seja reconhecida. Ninguém pode ser alvo de violência por suas crenças ou posição política”, falou o advogado.
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Guaranho foi exonerado do cargo de agente penal em março de 2023, por decisão do então ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Ele permaneceu preso até setembro, quando recebeu o benefício de prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica.
Com o crime de intolerância, o dia 9 de julho foi incluído no calendário oficial do Paraná e do Distrito Federal como o “Dia de Luta contra a Intolerância Política”.
Julgamento na capital
Inicialmente, o júri seria em Foz do Iguaçu, mas foi transferido para Curitiba a pedido da defesa do réu. A mudança foi após várias tentativas frustradas de julgamento, incluindo o abandono do plenário pelos advogados de Guaranho em abril de 2024 e o acolhimento do pedido de desaforamento pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
A sessão será presidida pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba, e está prevista para começar às 10h. O julgamento poderá durar mais de um dia.
A acusação será conduzida pelas promotoras Roberta Franco Massa e Ticiane Louise Santana Pereira, com apoio dos advogados Andrea Pacheco Godoy, Daniel Godoy, Alessandra Raffaeli Boito e Rogério Oscar Botelho.
No primeiro dia de julgamento, serão sorteados os jurados, seguidos pela leitura do processo e depoimentos de testemunhas e peritos. Posteriormente, ocorrem os debates entre acusação e defesa.
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Familiares de Marcelo Arruda e manifestantes devem acompanhar o julgamento em um ato simbólico pedindo justiça. “Ele matou uma pessoa boa, pai de quatro filhos. Que finalmente seja feita justiça”, desabafou Pamela Silva, viúva de Arruda.