O deque do Pontal Norte, em Balneário Camboriú, foi fechado no final de semana pela prefeitura para manutenção após interdição da Defesa Civil. Mas o problema virou alvo de confusão protagonizada pelo vereador Samir Dawud (Cidadania), que afirmou que os reparos seriam de responsabilidade da FG Big Wheel, como contrapartida do empreendimento. A empresa explicou que cuidou do deque entre 2021 e 2023, mas que não tem mais a obrigação após assumir outros compromissos em acordo com o município.

Na segunda-feira, Samir postou um vídeo criticando a interdição do deque e a falta de segurança e manutenção da estrutura. Ele informou que pediria a suspensão da licitação feita pela prefeitura, ainda no final de 2024, para reforma do deque, e que o município cobrasse da empresa as medidas previstas no Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) da roda-gigante. 

“Quando da aprovação do projeto da instalação da FG Big Wheel aqui no Pontal Norte, entre as medidas mitigatórias está manutenção do deque do Pontal Norte, bem com a instalação de câmeras de segurança. É lamentável que um dos principais pontos turísticos da nossa cidade seja interditado”, criticou. A construção da roda-gigante, inaugurada em 2020, foi aprovada como projeto especial, prevendo contrapartidas ao município.

Em esclarecimento, a diretoria da Big Wheel classificou o vídeo do vereador como “sensacionalista” por divulgar informações falsas e atribuir ao empreendimento uma responsabilidade que não é mais da empresa. “A BC Big Wheel Entretenimento S.A. assinou com a prefeitura de Balneário Camboriú um aditivo de compromisso, substituindo a obrigação de manutenção do deque por sete novos compromissos, alguns já executados e outros aguardando definições”, informou.

Entre as novas obrigações estão adequações no projeto de reurbanização da nova orla da Praia Central. A Big Wheel destaca que tudo está devidamente documentado e contratado com os órgãos públicos. A empresa lembrou que, quando a roda-gigante foi construída, assumiu a contrapartida de dar manutenção ao deque e que enfrentou dificuldades pra fazer os trabalhos. 

“Assim fizemos nos anos de 2021, 2022 e 2023, em condições extremamente difíceis devido as péssimas condições, ao vandalismo e patologias estruturais advindos desde sua construção executada sem um projeto de engenharia, e com ausência de fundações sólidas”, explica. 

O novo acordo foi firmado após uma avaliação identificar que a estrutura do deque estava totalmente comprometida pela idade, mas, principalmente, pelo método construtivo, com risco ao público.

“Nos anos de 2022 e 2023 foram feitas várias intervenções a fim de ter um diagnóstico completo da estrutura, e em perícia técnica realizada pelo engenheiro Luciano Vecchi Biolo, constatou que era inútil fazer manutenção no deque”, destacou a empresa.

Interdição é para reparos

A construtora OCV ganhou a licitação para reforma do deque com proposta de R$ 680 mil. O contrato firmado em dezembro de 2024 tinha validade até junho para serviços de reparos e manutenção. A reforma contempla o trecho desde a avenida Atlântica até a praia do Buraco, com divisão dos trabalhos em três trechos. 

Estava previstos serviços de pintura, troca de madeiras, reparos nos assoalhos e guarda-corpo e reforços na estrutura. O acesso ao deque está fechado nos portões próximos à base dos bombeiros. Ainda assim, pessoas ainda pulam a cerca e estão usando a estrutura. 

O deque tem pontos com madeiras quebradas ou soltas, bancos quebrados, pilares detonados e afundamento do assoalho. Foram colocadas fitas de sinalização, mas algumas já arrancadas por frequentadores.

Prefeitura fará nova licitação

O deque do Pontal Norte foi interditado pela Defesa Civil na terça-feira da semana passada, após constatar diversos pontos em situação de risco para moradores e turistas. Em novembro de 2024, a gestão anterior lançou uma licitação para reparos no local, no valor de R$ 680.127 mil e a ordem de serviço para a execução foi assinada em dezembro do mesmo ano. 

Segundo a Secretaria de Obras, a licitação não contempla tudo que é necessário para a reforma do espaço, como estruturas dos pilares e guarda corpo, por isso será necessário fazer um novo processo licitatório para então fazer a estrutura necessária do deque. Com isso, ainda não há previsão pra reabertura.

Referente a doação de madeira vinda de uma apreensão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para a reforma, divulgada pelo antigo gestor da pasta, a secretaria informou que a madeira não é adequada para a estrutura do deque, mas será utilizada em outros equipamentos públicos da cidade.