Diz aí, prefeito, Leonel Pavan!
"Eu nunca governei com maioria na Câmara Municipal”
Confira trechos da entrevista feita pela jornalista Fran Marcon e pelo colunista JC
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Quem serão os secretários do seu governo?
Pavan: Alexandre de Souza Metsger é o secretário de Planejamento; Carin Krug, de Educação. Zé Branco, Obras. Na Administração, Roberto Pereira. No Procuradoria, e possivelmente ...
 
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Pavan: Alexandre de Souza Metsger é o secretário de Planejamento; Carin Krug, de Educação. Zé Branco, Obras. Na Administração, Roberto Pereira. No Procuradoria, e possivelmente também chefe de Gabinete, Vilson Albino, o vereador. [Saúde?] Estou esperando o Roberto D'ávila decidir. Eu o convidei pra qualquer situação. Na Agricultura, o Dado, que é o vereador. No Esporte, é o Gilberto Boscato. [Já tem alguém pra comunicação?] Não tenho, estou avaliando. Talvez seja o Pavan na comunicação. [E no turismo?] É um setor que não tem secretaria, só tem diretoria. Eu sou conhecido como o homem do turismo, a nível nacional. Eu criei o que é hoje o Ministério do Turismo e uma lei permanente de turismo no Brasil. Já fui cogitado para ser Ministro do Turismo. [O senhor pretende transformar a diretoria em secretaria ou autarquia?] É um estudo que estamos fazendo. Camboriú tem um potencial enorme e está adormecida. Nós temos a oferecer coisas que podemos competir com Balneário Camboriú: o turismo rural, de campo. Pretendemos fazer Camboriú um centro de turismo muito forte. Centro náutico com o rio Camboriú. Na área de Camboriú tem mais calado que Balneário Camboriú – chega a seis, sete metros de profundidade, e temos área para construir marinas. No plano diretor, quando for para a Câmara, vamos falar que ao longo do rio Camboriú só serão permitidas construções que tenham marinas. Tanto que já tem um projeto de um edifício de 54 andares, com um hotel cinco estrelas e com a marina de quase 160 vagas.
Como está a transição até agora? Já é possível avaliar como o senhor receberá a cidade do prefeito Elcio Kuhnen (MDB)?
Pavan: Estamos sendo muito bem atendidos. Fizemos uma conversa boa, semana que vem tem outra reunião. Tem uma decisão da justiça, por exemplo, que diz que 180 cargos da prefeitura terão que ser extinguidos. Nós fomos falar com o promotor: se extinguem os cargos o que vou fazer? Como é que eu vou iniciar o setor de compras e licitação? Porque alguns cargos estão nessas áreas. [Tem como regularizar os cargos?] Isso não vai ter como. Estamos tentando postergar. Até o mês que vem encerra e tem que demitir. Depois temos que ver como fazer as contratações para esses setores.
Em sua ida a Brasília, o senhor teve reunião com o vice-presidente. Como pretende se relacionar com o governo Lula? Já existe algum encaminhamento de obras?
Pavan: Eu já fui senador, deputado federal, sei como é, sei que precisa dialogar. Eu visitei a deputada Ana Paula Lima (PT), fantasticamente. Falei com Décio Lima, por telefone, que é do Sebrae. Falei com Pedro Uczai, do PT, que tem uma penetração muito grande na questão da agricultura. Já reivindicamos algumas coisas. Também aproveitei para ser o primeiro prefeito eleito do país a ser atendido pelo presidente em exercício. O Lula estava acamado e quem estava respondendo era o Alckmin. Era para ser cinco minutos a conversa, ele nos atendeu por uma hora e 12 minutos. [Mas qual foi seu pedido prioritário ao vice-presidente?] Eu fui mostrar sobre o turismo, a economia, a área de indústria e comércio, o que pretendemos fazer em Camboriú. Aí chamaram BC, não tinham nenhum projeto da cidade até então. Nesses oito anos de governo [Fabrício] não teve projeto e não tem o que dar para BC. Balneário, que é a cidade com o potencial que tem, não tem um projeto! O cara [Fabrício] presidiu a Amfri, foi presidente da Associação dos Prefeitos de SC, e não tem um projeto?! Alckmin disse que tudo que eu encaminhar para o Ministério ele gostaria de saber.
“Me criticaram assim: "Pavan falando com a esquerda". Sim, quem é que está no poder? É a direita? Vou falar com quem? Eu tenho que falar com quem governa!”
O senhor mencionou a necessidade de duas novas saídas de acesso para BC, três pontes internas, cinco binários e um viaduto. As obras foram apresentadas ao vice-presidente?
Pavan: Sim, obras de infraestrutura. Dos acessos às pontes, isso vai atender às duas cidades. Tudo que eu apresentei se refere à BC e Camboriú. Na infraestrutura, se surgir algum empresário que tem uma área na região norte de Camboriú e pretender implantar um centro industrial, comercial, que é o que eu quero que faça... Eu vou ter que dar as pavimentações, sinalizar, levar energia - e é o que vamos oferecer. Já quero fazer essa parceria com o Governo Federal. Me criticaram assim: "Pavan falando com a esquerda". Sim, quem é que está no poder? É a direita? Vou falar com quem? Eu tenho que falar com quem governa!” [O senhor já conversou com o governador Jorginho Mello?] Já. Apenas nos cumprimentos. Ele me parabenizou, na Amfri. Mas não houve conversa institucional.
O senhor afirmou que pretende mudar a gestão do esgoto em Camboriú. Há rumores de que Auri Pavoni terá a missão de privatizar o serviço em BC. O senhor está satisfeito com a concessão da Aegea, ou pretende rever esse contrato e fazer alguma parceria com BC?
Pavan: A parceria com BC é inevitável. Só vamos resolver o problema da água se tiver essa parceria. Quem vai fazer o sistema de esgoto de Camboriú somos nós. A empresa de água é de Camboriú. Já o parque inundável, que é uma reserva de água eterna para BC, compete às duas cidades. Três partes desta obra competem a BC. Quem criou o projeto do parque inundável foi a Emasa. É lá onde o Auri Pavoni vai tocar. Ontem (na terça), eu, Auri Pavoni e Carlos Humberto conversamos com os representantes do Banco Mundial para vermos se eles podem arrumar recursos para fazermos o parque inundável, e houve sinalização positiva.
O senhor já comentou sobre a necessidade de mais investimentos em tecnologia para melhorar a segurança pública, como alternativa ao baixo efetivo da PM. Quais os planos para essa área?
Pavan: Primeiro estou pensando na educação, na saúde, começar o ano com esses dois setores funcionando. Estou preocupado com esses dois setores. Segurança está dentro dos planos de governo. Como vou criar a Guarda Municipal? Porque eu preciso de leis e de recursos. Saber quanto de recurso eu tenho. O fato importante é que partiu da Juliana a ideia de fazer uma central de segurança integrada, onde a Polícia Municipal de Camboriú possa também compartilhar e vice-versa. Eu já avisei à equipe que pretendemos fazer uma segurança integrada. Tem várias coisas que podemos fazer: cidade inteligente, reconhecimento facial.
O senhor planeja uma reforma administrativa? Há intenção de extinguir ou fundir alguma secretaria para melhorar a eficiência do governo?
Pavan: A reforma administrativa vai ocorrer. Já está pronta para ir para a Câmara. Mediante essas anulações de 180 cargos, temos que reestudar a reforma. Por exemplo: eu preciso criar uma Secretaria de Turismo, preciso fundir algumas outras. Vamos fazer uma análise. Eu não posso ter numa secretaria que não tenha tanta importância com 20 cargos e outra, de grande importância, com dois cargos. Eu estava pensando até em acumular a prefeitura e a secretaria de Turismo. [Mas o senhor vai acumular Turismo, Comunicação e a prefeitura?] Não, eu não acumulo tudo. Eu quero dar as ideias mais fortes. O Jozias, meu vice-prefeito, não queria cargo. Eu disse: “Jozias, eu preciso de você no desenvolvimento econômico”. Porque é o setor que mais vai falar comigo. Nós vamos sentar juntos para discutir essas coisas.
O senhor pretende fazer algumas mudanças, reformas, só que o senhor não tem maioria na Câmara de Vereadores. Como pretende negociar, lidar com o legislativo para governar?
Pavan: Eu nunca governei com maioria na câmara municipal. E digo aos meus vereadores: se o projeto que eu encaminhar for ruim, eles têm que ser contra. Eu não tenho dúvida que os vereadores que não se elegeram conosco também querem o melhor para Camboriú. Eu não vou ser um radical. Eu vou ouvir os partidos e representantes. Então, minoria não tem problema. A maioria você constrói com projetos. Eu não vi nenhum desses vereadores que estão ali, eleitos, inclusive foi a maioria na renovação, que não tenha defendido o que eu tenho no meu plano de governo. [O prefeito de Itajaí, mesmo tendo maioria, disse que vai trabalhar para a eleição da presidência. O senhor vai buscar?] Não. Eu vou conversar, vou construir em conjunto. Eu já conversei com meus vereadores. Nós não temos que estar brigando para ser presidente ou não. Nós temos que construir um projeto juntos.
O senhor é do partido do prefeito de Chapecó, que já se lançou candidato para 2026. Ele é seu candidato ou o PSD pode se aliar ao PL?
Pavan: Eu sou do PSD. Se o João Rodrigues assim desejar, eu serei seu cabo eleitoral. [Não há uma possibilidade de apoiar o Jorginho mesmo?]. Não. Eu sou do PSD e vou respeitar as decisões do partido. Se assim o João desejar, nós vamos construir uma candidatura. Até porque o PSD foi o partido que mais cresceu no Brasil. [E se de repente o PSD caminhar com o PL mais à frente?] Eu não vou decidir sozinho. Eu tenho a minha opinião. O PL foi pior do que o PT em BC. Eles agiram com atitudes antidemocráticas, vergonhosas. O PL foi antidemocrático da forma que agiu: por quatro vezes tentaram impugnar a minha candidatura.
Durante a campanha, surgiram denúncias de caixa dois envolvendo um suposto esquema de lobby com Glauco Piai, e o senhor acusou um possível uso político da Guarda Municipal de BC, o que chamou de “armadilha”. Como essas denúncias ficaram após as eleições?
Pavan: Nós vamos levar todos eles para a justiça e vão ter que provar o que fizeram. Inclusive com ação direta contra o prefeito e contra o comando da Guarda Municipal. Aliás, a Folha de São Paulo, que a matéria não saiu na Folha, fizeram uma montagem, pegaram o blog e montaram o jornal. Tanto que a justiça mandou recolher todos os jornais e prender quem os soltava nas ruas. Mas eles preferiam ficar pagando multa. Mesmo tendo que ser recolhido. Eles armaram, mas não conseguiram combinar com todos em volta deles. Inclusive, um próprio guarda fez a denúncia. [O senhor tem um relacionamento com o Glauco Piai?]. Ele é construtor. Eu vendi um terreno para ele antes da eleição. Ele paga religiosamente as parcelas. [Já avançou o processo das denúncias, alguém já foi ouvido?]. Não, porque foram poucos dias. Foi antes da eleição, certamente todos serão ouvidos.
“Primeiro estou pensando na educação, na saúde, começar o ano com esses dois setores funcionando. Principalmente saúde”
Juliana afirmou ao DIARINHO que perdoa o que chamou de fake news, mas que não esquecerá. Como o senhor enxerga a postura dos seus opositores e o impacto na sua campanha?
Pavan: A política adora traições, mas não perdoa os traidores! Sabe aquela denúncia lá que eu mexi com alguém no bar da Brahma? A mulher do dono do bar da Brahma me encontrou e disse: “torci muito por você”. [Não houve nada no bar?] Claro que não. [O senhor venceu a eleição com seis mil votos de diferença. Se não tivessem acontecido essas denúncias, como acha que seria o panorama?] Em Camboriú eu faria mais de 50% dos votos. A Juliana faria mais de 15% de diferença. Eram esses os dados [pesquisas]. A Juliana vinha com 18% na frente.
O senhor acha que BC tem uma grande dívida com Camboriú? Por que todas as mazelas de Balneário no final ficaram em Camboriú. O senhor foi prefeito por três oportunidades em Balneário...
Pavan: Na época não tínhamos nenhuma avenida. Não tínhamos a Quinta, as marginais, avenida das Flores, a Estrada da Rainha, não tínhamos a Atlântica que atendesse de ponta a ponta. Quando abri a Quinta, levei a universidade, escola, educação, a saúde, futebol, parque ecológico. Quando levamos o progresso criou estabilidade forte em Balneário e, consequentemente, também muitos foram para Camboriú. Surgiram os investidores e começaram a levar pessoas para Camboriú. Essa é uma dívida que nós temos que resolver juntos. Leonel Pavan, prefeito, Juliana Pavan, prefeita, nós vamos fazer os projetos juntos.